segunda-feira, maio 16, 2011


Adorei essa instalação - que na verdade eram as caixas das gramas usadas na rampa e que iam para o lixo!

cadeiras que lembram minhas cadeiras

...e que estão abandonadas no quintal, se acabando com a chuva... essas são do estande do Dalva e Dito, restaurante "popular" do Alex Atala.
Na foto fica até simpatico, mas era para duas pessoas e dava uma sensação de estar numa caixa de fosforos. E não tinha nada, conforto zero. Garoava em São Paulo, frio ... primeiro dia deu um certo desanimo, chegando à um certo desespero. Não conseguia falar com minha amiga, com o Rio, com nada. Pensava em mais casacos, na bota que esqueci, no carregador de celular idem, nos meus gatos. E tinha acordada meio mal da barriga, comido so 2 maçãs, agua de coco, uma batata na baked potato, sem energia. Fui para casa de A e me senti mais reconfortada...chegando la ela estava fazendo aspargos frescos, quinoa, salada de feijão fradinho, e acho que nunca comi nada mais gostoso! Nos ultimos dois dias acabei voltando pra caixa de fosforos porque ia sozinha para Perdizes e não tinha com quem dividir o taxi!
Estranho estar em outro lugar.

O Quarto



Indo ficar uma semana em São Paulo trabalhando no estande da livraria na SP Arte, primeiro dia chegamos num hotel minimo e sem nada dessas coisinhas basicas de que precisamos - internet, frigobar, agua, café da manhã pago e uma diaria sofrivel, no dia seguinte consegui falar com A. e fui pra casa dela em Perdizes, pelo menos um bairro simpatico, uma casa meio sem ninguém mas uma casa e não um quarto frio de hotel numa avenida movimentada, longe de tudo, no Morumbi. Bem, tudo é longe em São Paulo, brincavamos que todos os taxis davam sempre 35 reais...(ou mais). Em Perdizes pelo menos tem casas e padarias e metro e onibus. Pela primeira vez consigo gostar mais da cidade e de sua amplidão, os espaços enormes e o horizonte la longe, aqueles prédios que aparecem às vezes todos la embaixo, distantes, o sobe e desce onde não se ve os morros nem as colinas que ja viraram a propria cidade. Como é uma cidade oposta ao Rio! No Rio tudo é apertadinho e denso, juntinho. La, a cidade se espalha e se esparrama, com alguns lugares onde brotam mais predios, outros com avenidas, ruas extensas, outros mais bonitos como Pinheiros. Mas não consegui fazer quase nada "extra" trabalho, no terceiro ou quarto dia me deu uma tristeza absoluta, não queria nada além de ficar no quentinho do edredon. Bem, hoje, antes de vir para o Rio, consegui tomar um café da manhã numa padaria que tinha pães gostosos, andei um pouquinho na Fradique um outro dia, visitei a loja da minha prima, fomos na Paulista à noite que é engraçada e cheia de adolescentes e de malucos, e mais quase nada. Enfim, como eu estava numa feira de arte não conseguia pensar em ir ver mais arte, tipo ver exposições...deveria, talvez. Um amigo me mandou um aviso de que tinha uma expo da Paula Rego na Pinacoteca, mas so vi agora, ja que so entrei na internet uma vez.

domingo, maio 08, 2011

O Quadro de Van Gogh


Recém-lançado em Portugal pela Cotovia, com tradução de Pedro Sepúlveda e posfácio de
Bernhard Echte, “Histórias de imagens” (120 páginas, 24)reúne ensaios e poemas do escritor suíço Robert Walser sobre artes visuais. Walser, de quem a Companhia das Letras publicou há pouco o romance “Jakob von Guten” (tradução de Sergio Tellaroli), nasceu em 1878 e morreu em 1956, após passar quase três décadas internado em sanatórios. Seus contos,poemas e romances foram admirados por contemporâneos como Walter Benjamin e Franz Kafka, mas sua obra permaneceu relativamente desconhecida até os anos 1970, quando foi republicada. Leitores como Giorgio Agamben e J.M. Coetzee hoje consideram Walser um dos grandes autores do começo do século XX. A pintura foi uma paixão duradoura para Walser, que a tematizou em seu romance “Os irmãos Tanner”, inspirado na sua relação com o irmão mais velho, o pintor Karl Walser.

O Quadro de Van Gogh


Há alguns anos vi numa exposição de arte um quadro, num certo sentido, impressionante e rico, a “Arlesiana” de Van Gogh, o retrato de uma mulher que não é bela, sendo uma mulher do povo já velha, calmamente sentada numa cadeira e olhando em frente com um ar sério. Traz vestida uma saia, daquelas que se veem todos os dias e tem mãos como várias vezes se encontra sem se reparar sequer nelas, por não serem, de modo nenhum, belas. Também não há nada de extraordinário numa modesta fita no cabelo. O rosto da mulher é duro. Os traços do rosto apontam para diversas experiências marcantes.
Confesso até com prazer que observei o quadro, que me parecia, sem dúvida, um belo trabalho, primeiro sem grande atenção, com o propósito de prosseguir rapidamente e ver outros objectos, sendo que me senti, no entanto, como que preso por alguma coisa estranha. Perguntei-me o que haveria ali de extraordinário, tendo-me convencido que seria lamentável o artista gastar tanto do seu suor com algo tão desinteressante e insignificante. Se é que gostaria de possuir o quadro, perguntei a mim mesmo; mas não me atrevi a dar uma resposta, positiva ou negativa. Em seguida, coloquei-me a questão aparentemente simples e julgo que nãototalmente despropositada de saber se existiria sequer, na nossa sociedade,um lugar apropriado para quadros do tipo desta “Arlesiana”. Ninguém poderia ter encomendado este género de obra; aparentemente, terá sido o próprio artista a atribuir a si mesmo a tarefa, pintando o que nenhum homem quer ver representado. Quem é que estaria interessado em pendurar este quadro vulgar
no seu quarto? “Mulheres sublimes”, dizia para comigo mesmo, “foram pintadas por Tiziano, Rubens e Lucas Cranach”. Ao mesmo tempo que dizia isto, o nosso artista, que foi certamente mais sofredor que de espírito alegre, feria tanto a minha sensibilidade como a do nosso tempo, que podemos caracterizar como difícil e sombrio. É verdade que o mundo nunca deixará de ser certamente belo e bons propósitos trarão sempre os seus frutos. Contudo, ninguém contestará o fato de algumas circunstâncias serem realmente opressivas. Ainda que paire em torno do quadro de Van Gogh algo triste ou desagradável, parecendo que todas as duras condições de vida se manifestam com clareza suficiente, senti-me ainda assim contente, dado o quadro ser uma espécie de obra-prima. A cor e o domínio do pincel são de uma precisão impressionante e a configuração é de grande nível. O quadro contém, entre outras coisas, um magnífico pedaço de vermelho num fluxo encantador. Como um todo tem, no entanto, uma maior beleza interior que exterior. Não existem também alguns livros que não têm uma recepção fácil, por serem duros, isto é, por ser difícil atribuir-lhes um determinado valor? A beleza, por vezes, só é revelada de forma insuficiente.
O quadro de Van Gogh deixou-me uma impressão semelhante a um conto sério. A mulher começou, subitamente, a falar da sua vida. Dantes era uma criança e ia à escola. É tão bonito ver todos os dias os pais e ser introduzido pelos professores em todo o tipo de conhecimentos. A escola e as relações com as colegas eram alegres e luminosas. Tão querida, tão feliz é a juventude! Os duros traços do rosto eram dantes macios e estes olhos frios, quase maus, eram amáveis e inocentes. Ela era tanto ou tão pouco como tu. Um ser humano como todos nós, percorrendo pelos seus próprios pés muitas estradas iluminadas de dia e escuras de noite. Também deve ter ido muitas vezes à Igreja ou às danças. Tantas vezes deve ter aberto uma janela ou fechado uma
porta com as suas mãos. Isto e outras coisas semelhantes fazemos eu e tu diariamente, não é verdade, e há nisso alguma insignificância, mas também grandeza. Não poderá ter tido um amante e ter sentido alegria e ter tido muitas preocupações? Ela escutava o toque dos sinos e reparava com o olhar na beleza da ramagem em flor. Passaram-se meses, anos, o Verão, o Inverno. Tudo isto parece ser extraordinariamente simples. A sua vida era trabalhosa. Um dia, um pintor, que também não era mais que um pobre homem criador, disse-lhe que gostaria de a pintar. Ela senta-se em frente dele, deixa-se retratar com tranquilidade. Não é para ele um modelo qualquer; pois nenhuma imagem lhe é indiferente.
Ele pinta-a como ela é, simples e verdadeira. Contudo, sem que haja intenção prévia, algo de grande e alto surge neste quadro simples, uma gravidade de alma que é impossível ignorar. Depois de memorizar cuidadosamente o quadro, fui para casa e escrevi um ensaio sobre ele para a revista “Arte e Artistas”. Não me recordo do conteúdo desse ensaio e procuro por isso recuperá-lo, o que assim aconteceu.

sábado, maio 07, 2011

quero escrever varias coisas, varias coisas que penso e não escrevo, acho que estou perdendo o habito. e depois o que era mesmo? O cansaço me vence...e so nos sabados e domingos consigo consigo ficar leve e me sentir dona do mundo. ja tive antes muito tempo mas não me sentia nem leve nem ...a falta, a carencia, é que dão essa sensação de plenitude depois. ou de preenchimento, pelo menos. minhas gatas estavam todas aqui na cama assistindo Two for the road com Albert Finney e Audrey Hepburn, felizes deliciosamente enroscadas. Converso com Miranda e digo pra ela não sentir medo, digo à elas que vou viajar. espero que entendam, e acho que entendem sim. hoje li o José Castello falando da literatura como uma outra forma de entender o mundo e a vida e nos, e gosto, porque linka com o Rorty que ainda não li isso mas sei que é isso pelo que S. fala. linca ou linka? e o Walser analisando de uma forma simples e bela o quadro L' arlesienne do Van Gogh. Van Ror, é assim que falam, e não van gogui como sempre falei, rs; e sobre o Sabato que não é considerado bom escritor mas eu adorei Sobre Herois e Tumbas quando li, e me deu uma duvida, sera que não era bom e porque?

domingo, maio 01, 2011

Começando a ler o Rorty de novo. Achei melhor do que continuar de onde tinha parado, à, talvez, 2 semanas atras. Antes tinha ficado meio intrigada com a divisão que ele faz dos filosofos historicistas, o que, na minha santa ignorancia, achava nunca ter visto; agora foi mais facil. Até porque a discussão sobre a natureza do homem eu tinha lido no Aprender à Viver, o Rousseau definindo como sendo a liberdade; então me senti mais à vontade com esses termos e definições...
Sugestão

Cecília Meireles



Sede assim... qualquer coisa

serena, isenta, fiel.

Flor que se cumpre,

sem pergunta.

Onda que se esforça,

por exercício desinteressado.

Lua que envolve igualmente

os noivos abraçados

e os soldados já frios.

Também como este ar de noite:

sussurrante de silêncios

cheio de nascimentos e pétalas.

Igual à pedra detida,

sustentando seu demorado destino

e à nuvem, leve e bela,

vivendo de nunca chegar a ser.

À cigarra, queimando-se em música,

ao camelo que mastiga sua longa solidão,

ao pássaro que procura o fim do mundo,

ao boi que vai com inocência para a morte.

Sede assim, qualquer coisa,

serena, isenta, fiel.

Não como o resto dos homens.

Madrugada, quase amanhecer...não sei quantas fotos ja tirei dessa vista, desse angulo, mas sempre me parece que essa esta mais enevoada que as outras, ou mais interessante, enfim, que vale à pena ainda. O que me atraiu nessa : a mistura do amanhecer com as luzes da noite ainda acesas, a linha escura acima, o enevoado que deixa tudo meio flou.
Os agelastes( termo com que Rabelais designa os que não riem), a falta de reflexão das idéias aceitas e o kitsch são uma e a mesma coisa - o inimigo tricéfalo daarte nascida como eco do riso de Deus, a arte que criou a fascinante esfera imaginaria em que ninguém é dono da verdade e todos tem o direito de ser compreendidos. Essa esfera imaginaria de tolerancia nasceu com a Europa moderna, é a propria imagem da Europa - ou, pelo menos, o nosso sonho da Europa, um sonho muitas vezes traido, mas, ainda assim, forte o bastante para nos unir a todos na fraternidade que se estende muito além do pequeno continente europeu. Mas sabemos que o mundo em que o individuo é respeitado ( o mundo imaginario do romance, e o mundo real da Europa) é fragil e perecivel (...) se a cultura européia hoje parece ameaçada, se paira uma ameaça interna e externa sobre o que nela existe de mais precioso -seu respeito pelo individuo, por seu pensamento original e por seu direito a uma vida privada inviolavel -, creio que essa preciosa essencia do espirito europeu vem sendo guardada em segurança como que numa arca do tesouro, dentro da historia do romance, da sabedoria do romance.

Milan Kundera, A Arte do Romance
O encontro com Andrea, apesar do projeto ainda meio embrionario, deu uma leveza maravilhosa. Uma sensação de que posso algo fora da vida cotidiano trabalho etc. Um certo massacre diario. Enfim, voltando, esse sensação de que posso resolver. Yes, we can..rs. E também ir ver realmente as outras possibilidades de horarios, não ficar so na insatisfação.
Hoje o dia muito muito quente mas bom. Separei os moldes, arrumei arrumei como sempre, fiz um molho picante de tomate com cenoura.
Colque lado a lado na vitrine : O Mal Ronda a Terra , do Tony Judt, A Beleza salvara o Mundo, do Todorov, Instruções para salvar o mundo ( Rosa Montero), O Grande Projeto (Stephen Hawking)...hehehe. Vitrine de Dia das Mães. No outro lado, nomes de escritoras, nem sei se todas foram mães, por isso acabei não colocando Virginia Woolf, o que é um lapso terrivel.

quarta-feira, abril 27, 2011

Nomes : Adelso, Rodinei, Elso, Arnoldo, Altair.
...cruzo o Largo da Carioca e me divirto com os pregadores evangélicos, que batem ponto todos os dias, falando de maneira incisiva e com o livrinho na mão frases das quais escuto somente algumas palavras enquanto passo: a morte...homem com homem... inferno...voce ja pensou...antes, uma banca enorme com uma musica altissima, e muitos jornais de esportes. jovens vendedores de chips. na outra banca passam filmes e muita gente em volta.
uma festa diaria.

domingo, abril 24, 2011


Algum dia tinha que fotografar esse edificio, esses leões imponentes , os azulejos azuis, um ar de pisicna, lembra a casa onde o Morel vaga vendo/não vendo as pessoas/filmes, decor palacete, Parque Lage.




Passeando por Santa, nunca tinha reparado nessa escada art-deco, linda.

sexta-feira, abril 22, 2011


Achar mais albuns.

Andrea falou de verde, juntei a idéia com o pano florido, vou misturar com o preto e bran e a almofada vermelh nomes tao compridos, seria melhor red black white é rapido, e mudar o cheiro também e deu uma leveza, fiquei brincando com as malinhas depois. também acho que não sou muito comum, ia escrever normal, porém porém às vezes me acho tão normal quando vejo pessoas muito ansiosas e teatrais, exageradas. e vontade de fazer um vestido ou uma saia mais estruturada com esse pano vermelho, vontade de mas não faço(ainda), esse papo seu ta qualquer coisa, é falta de tempo, tempo = atenção/dedicação, e não sei o que fiz hoje...acordei dez e meia!, café no quintal com sol forte e lidinha rapida na Folha, aprés banho e duvida do que fazer, olhada rapida na internet, retirei algumas roupas da arara pensando nelas, o que fazer, significados enormes e extensos, o pensamento é mais intuitivo do que pratico, esse o problema? ou aceitar isso mesmo, dificuldade de relaxar no que ja esta relaxado mesmo, tirei também caixas e coisinhas para uma olhada, Betania veio - um outro mundo, almoço, fiquei na rede, nada, pensando e olhando mais do que tudo, eu e Panda, li o Tony Judt, analises sérias, umas 30 paginas talvez, resolvi escutar Band on the Run continuei Beatles, Sargent Pepper`s e agora terminou Melody Gardot que ocupa os espaços todos e da vontade de fazer coisas - então a malinha etc. Resolver questão alimenticia...mais frutas, principalmente. Ontem o Jamie Oliver fez um ragu, posso fazer sem a linguiça (eca), eram cenouras, aipo, cebolinha que parcia alho poro, depois alhos, tomate pelati, agua na lata como eu faço, uma pimenta, manjericão no final. e tortinhas com 100 grs de amendoas, 100 de açucar, 1 ovo, 100 de manteiga, raspas de limão - acho, geléia, em massa ja preparada. Isso, não tenho cozinhado com prazer. a cozinha realmente tem que ser mexida. - pendurar as panelas, etc. mexendo em tudo o tempo todo. esta demorando tanto a loudear a foto, algo esta errado.

domingo, abril 17, 2011

Fase vermelha


Compras do ano: o tenis rosa de bolinhas comprei no dia em que a Ursula foi embora, final de fevereiro, numa liquidação da Pontapé, e cusou R§ 30,00 - foi por isso que comprei, rs. A bolsa foi 22,00 numa passagem ao lado da igreja da Uruguaiana, estava paquerando ha dias mas com a minha dureza so às vezes me permito comprar coisas "extras" e a sandalia vermelho fechado comprei ontem na feira da General Glicério por R§40,00. Fase vermelha. Escutando Bill Evans sinfonico, delicia, esperando o arroz ficar pronto, esta um dia lindo e quente, arrumei um pouco o atelier, é bom ir espantando as teias de aranha ficticias e redescobrindo, redescobrindo o que ? Redescobrindo, simplesmente.
na verdade rola uma esquizofrenia de ficar lendo pedacinhos aqui e ali, outro dia dei uma lida no capitulo do livro do Coetze sobre o Robert Walser e li quase até o final mas tive que parar pois estava na hora de ir embora e também metade de Historia de uma Porta, do Camilo Castello Branco, esse li porque estava sentada num banco, cansada de subir e descer escadas o dia inteiro e estava à mão, era muito engraçado o portugues antigo em que ele é escrito e me diverti muito até ser interrompida por um cliente, o mesmo se deu com pedaços de um livro sobre a historia da Biblia, rs, esse meu lado Bouvard e Pecuchet enciclopedista que quer saber das coisas, e frustrado também por não ter tempo para saber profundamente de nada. Ao mesmo tempo acho que sou assim mesmo, multipla e fragmentada, associam isso à contemporaneidade mas acho que isso é mais renascentista, a contemporaneidade tem mais à ver com especialização do conhecimento, nos "clubes" corporativistas, e os renascentistas eram multiplos e faziam varias coisas, estou ficando convencida. Essa esquizofrenia tem à ver também com o trabalho na livraria, onde não se tem um espaço pra chamar de seu, um tempo, uma mesa, um banco que seja, simplesmente os espaços e tempos são dedicados à (des)organização da livraria e aos fregueses, simples assim, então essa sensação de carencia da vida, saudades de mim, e me sinto às vezes como tendo a horrivel vida das galinhas nas granjas industriais, fabricando para os outros, como uma maquina, um relogio tic tac produzindo produzindo. Como disse o Julio, 80 por cento do dia e da energia é sugado pela livraria, flummm, sugado para dentro de um buraco negro. Enfim, ficou meio dramatico, e não era, hehehe. Lembrei da Virginia Woolf e de "Um Quarto que seja Seu - A Room of one's own.
e queria poder ler também livros de iogues e budistas, outra visão mais calma e relaxada da vida, enfim, estou lendo no tempinho que da.
peguei alguns livros para ler, o Contingencia, Ironia e Sociedade do Richard Rorty (depois que tive duas conversas com um cliente interessante e falamos dele, e também de um filme do Valério Zurlini - de quem eu nunca tinha ouvido falar, e de Henry James, e eu não conseguia lembrar o nome do livro que tinha lido e que foi Retrato de uma Senhora e que eu achava que havia sempre desejos frustrados dos personagens porque as ações sempre os levavam para outros lugares, e eles, os desejos, nunca se cumpriam, e que isso me dava um certo nervoso); depois trouxe o Jacob von Gunter que tem uma certa ironia, com saborosas descrições dos seus amigos do Instituto Benjamenta e estou gostando muito, embora praticamente so leia no onibus; e Os Ultimos Dias, do Tolstoi, com seus ultimos textos, cartas e etc e que não folheei ainda. queria também o ultimo do Todorov, A Beleza Salvara o Mundo, e ler algum dia o Tony Judt, nem sei bem porque, simplesmente simpatizei com ele e deu vontade de ler quando dei uma olhadinha no Reflexõess sobre um Século Esquecido, e como não tenho tempo, leio pedaços, fragmentos, e todos os dias são fragmentos pedacinhos de idéias e de livros e então estava sonhando com esse fim de semana, dois dias inteiros so para mim e acordei lentamente, fiquei na rede um pouco antes de comer, depois levei jornal, café e creme crackers com queijo e livros para a rede, Panda pulou em cima do meu colo, por mim o dia poderia ter continuado assim, enfim tive que sair, amanhã nova tentativa, e também Cartas a D., do André Gorz.
"Eu diria que a literatura é, igualmente, uma forma de alegria. Se lemos algo com dificuldade, o autor fracassou. Por isso, acho que um escritor como Joyce fracassou, em sua essência, já que sua obra requer esforço para ser lida". Borges.

quinta-feira, abril 07, 2011

Ontem sonhei com animais gigantes, tinham uma cabeça meio bovina, corpos alongados de cavalos, flutuavam no mar e tinham olhos profundos, o mar era enorme e tinha o "depois do mar", mas depois haviam vidros quebrados nesse mar e alguém começou a fazer ginastica e eu puxei meu colchãozinho também, talvez por causa do Comer Carne, do Jonathan Safran Foer, como é horrivel a industria de carne, as granjas industriais, de porcos, de perus. Os animais são tratados como objetos despreziveis, tão anti humano e anti ético, parece um filme de terror, ja quase não comia frango, agora volto à ser vegetariana radical, ou talvez porque dormia com a Miranda e adoro quando ela vem pra casa, pro quarto, e de manhã quase sempre vem o Recoreco e suas lambidas carinhosas.

quarta-feira, abril 06, 2011


Estava indo ver o Cortazar/ Weekend à Francesa na Caixa, estava lotado, e essas nuvens negras e lindas nesse corredor de edificios...

!!!


Ed Ruscha, "One Night Stand," 1993.
Acrylic on canvas, 48 x 48 inches.

Arvores envoltas em teias de aranha, que depois das enchentes no Paquistão ali se instalaram.Lindo! E os mosquitos sumiram...

terça-feira, abril 05, 2011

Escutando Rickie Lee Jones, Pirates, quase um "em busca do tempo perdido" pois escutava quando mamãe morreu, eu tinha 21 anos e andava na rua de walkman no ouvido, fita cassete!, e era reconfortante e caloroso. Agora é tudo diferente disso e continuo gostando, como se esse pedaço enorme de tempo, esse lapso de tempo entre as épocas e entre os atos de escutar esse mesmo disco não houvesse existido.
Li uma critica tão bem escrita no jornal de sabado sobre o Livro do Michel Laub, Diario da Queda, e eu so consigo escrever que gostei.

sexta-feira, abril 01, 2011



Apareceram dois casulos, um num lugar maluco como esse quadro que esta na cozinha, outro na parede da varanda, que ja se transformou nesse bichinho...


O dia amanheceu assim ontem, e de madrugada...
O Jardim dos Finzi-Contini. Poético e triste. Na caixa do dvd dizia que eles abriram seus portões para abrigar os outros judeus, como se eles salvassem ou tentassem salvar os judeus, mas não é bem isso, eles eram judeus aristocratas que viviam dentro de seu jardim e de sua mansão, sem muito contato com o mundo la fora, tem uma estoria de amor, e tem a tragédia do fascismo na Italia. Quero ver os extras mas o controle sumiu. Tinha um lagarto morto embaixo da cama. A janela não fecha, as portas não fecham, chove. Isso parece um haikai involuntario. Parece que nada tem muita importancia, ou é a mesma para todos. Ola. Desculpe, acho que sou meio seca. Mas na verdade nem queria estar aqui, faço um esforço sobre-humano. Agora não tem mais hifen, esqueci. Tarefas, tarefas. Amanhã poderia ver...Outro dia descobri que não tenho problemas. Ou isso foi muita pretensão, talvez? Sério. Estava na casa do vizinho que é terapeuta holistico, e ele tentava descobrir de onde vinham minhas insatisfações, e tive esse insight. O unico problema é a sensação de impotencia provocada pela falta de dinheiro; e todas as sensações parentes disso. Falta de energia. Desanimo. Simples, ficou tudo mais. Fui para casa, não tinha muito sentido fcar la. Esperando uma magica, então vim para ca e foi bom. Nem lembro o que fiz. Não importa. Depois acordei às 5 e meia...e outro dia às 4 e fiquei dobrando e guardando roupas. E outra madrugada fui regar as plantas e fiquei na rede olhando a noite.

sábado, março 26, 2011

Minha boite-valise no Cedim - Projeto Cor de Rosa Choque



Porque não inventam roupas inteligentes, que voltam para os seus cabides no armario depois de usadas, ou vão direto para a maquina de lavar, esta tudo tão atrasado em termos tecnológicos! Como odeio guarda-las, elas ficam então amontoadas na cadeira, uma bagunça... Preguiça de ir ao Cedim...preguiça de tudo. Ir, voltar...Terminei de ler Diario da Queda, do Michel Laub, o começo é muito bom, li prazerosamente nos ônibus de ida e vinda, depois sempre acho que ja poderia ter acabado ou que passou do ponto, mas li até o fim, gostei, é quase como um diario, tipo de escrita que gosto, intima, confessional; o doutor Pasavento esta parado, assim como o livro sobre John Coltrane; amanhã pretendo retomar, espero, pretendo. Para ler é preciso não so um tempo "fisico"- que não existe, eu sei, um tempo cronologico, do relogio, como um tempo interno. Não da para ler automaticamente, “ah, sobrou um tempinho, vou tapar esse buraco lendo”... Ontem muita dor de cabeça, minha pressão baixou, so queria ficar sentada, enjoo. Além da falta de interesse total em estar ali. Acabei descendo as escadas lentamente até o banheiro, vomitei na pia e vim embora para casa, num taxi gelado que ia lentamente acho que por inexperiencia de andar nos trilhos, eu fechava os olhos e abria de vez em quando querendo já estar em casa, cheguei em casa e dormi até às seis da tarde...depois, vi pedaços de filmes e dois inteiros, Beijando Jéssica Stein, sobre uma moça que rejeita todos os pretendentes e acaba tentando uma relação lésbica, legalzinho, e 500 Dias com Summer - com o ator lindinho de um seriado de extra-terrestes que era barbaro, deitada no outro canto da cama pela primeira vez. P. falou desse filme 1 ou 2 vezes; da moça que não queria ser a namorada de ninguém, que segundo ele era eu. Vou tentar sair agora, ja são seis e vinte da tarde e tenho também que comprar pão. Dib esta realmente com Alzheimer e essa noticia me entristece, o pai do personagem do Diario da Queda também.

segunda-feira, março 21, 2011


Ontem fui na Camerino levar minha malinha para a coletiva no Cedim, fui até a Central, levando a maquina ingenuamente, achando que ia ser interessante. Logo depois da Central, "mulheres de vida facil" muito, mas muito decadentes; na Senador Pompeu montanhas e montanhas de lixo pela rua, casario muito mal tratado, abandono total, pessoas abandonadas, bares tocando musicas altissimo. Não consegui me entusiasmar. Falam tanto em revitalização daquela area, mas parece que isso so tem significado quando traduzido em novos prédios, novos qualquer coisa, o que provavelmente também significa dinheiro circulando. Coisas simples como latões de lixo, garis com vassouras, educação, ajuda na pintura e manutençao das casas...isso acho que não interessa. E existe também uma questão cultural, da idéia do que é publico, do que é privado. As pessoas acham que publico é onde se pode fazer de tudo - ouvir musica alta, jogar lixo, etc.
Hoje escutei Courage, do Milton, uma delicia. Fui reclamar com a Claro da Internet que funciona mal, tive que tirar o modem para ver o numero de série, ela voltou a funcionar. Que bom. Meu mau-humor vai e volta.

sábado, março 19, 2011


meu jardim selvagem, que não consigo fotografar direito; agora com algumas mudinhas que comprei, algumas florindo, e plantas que nasceram sozinhas e...ouvindo Julie London e adorando, chiquérrima, delicioso. sinto uma urgencia de resolver muitas muitas coisas.

Tento gravar Band on the run que esta aqui dentro mas não consigo, começou agora Philip Glass, estou gostando até porque foi inesperado, deve ser do filme do livro sobre a Virginia Woolf, estou esquecendo todos os nomes...Ah, dei de cara com o livro, As Horas. Pausa para escutar e não pensar, so a musica. Pedro tinha entre as coisas dele um cartão postal que papai mandou de Cabourg para mim e Fernando, coloquei nesse porta-retrato meio um pouquinho enferrujado que Bob me deu anos atras, tenho que cuidar dele também. Ontem uma crise de mau-humor e tudo o mais... estava completamente asfixiada ali, quase transbordando, a televisão enorme agravou ainda mais, agora com a saida de... quem sabe eu consiga me sentir melhor. Minhas poucas investigações de ontem, poucas: Harry Connick Jr, um disco de piano que vou procurar o nome porque esqueci e que acabou sendo comprado por um cliente que vai sempre la; John Coltrane at The Village Vanguard que é muito free-jazz, tenho que escutar em outra situação, talvez; no dvd, vi pedaços de Manhattan, Cantando na Chuva; outro dia abri um Bill Evans, Portrait... e gostei. Hoje tive a coragem de tirar as coisas de dentro do atelier e agora tenho que ver o que fazer com elas o que é uma dificuldade. e terminar a caixinha, ou melhor, fazer o que esta so esboçado.

quinta-feira, março 17, 2011

Ao invés de tarefas como sempre, ir atras de pelucias ou cadeirinhas ou tapete de banheiro, tudo, que também gosto, mas é sempre meio corrido porque na minha cabeça o tempo é elastico e da para um monte de coisas mas nunca da para tudo e rola uma pressão,, olhadelas pro relogio que marca a minha vida, hora de entrar, de almoçar , de sair. Resolvi ouvir musica transformadora e preenchedora de espaços fumei um que também é transformador e fiquei limpando detalhes da casa, deve ser maluquice gostar de ficar limpando mas é como voltar a ter um contato mais proximo com as coisas e com a casa e isso me deu um prazer e poderia ficar ali que é aqui muito mais tempo, fui achando coisas meio abandonadas, fotos que tinha esquecido e depois sairia para andar e correr, como fiz outro dia de manhã. Espero estar conseguindo dissolver, despistar o mau-humor que estava vagando em volta de mim.
As pessoas que entram no onibus são gordas, e por isso, lentas. E lembrei da caixa do mercado que não sabia o que era bertalha e que perguntou que banana era aquela e me deu vontade de perguntar se ela não fazia compras. O onibus sacoleja e faz muito barulho e me deu vontade de ir andando um dia, parece um monte de latas velhas se batendo umas contra as outras. Estou realmente atrasada e o onibus parado na rua do Lavradio, tinha que ter saido um pouquinho antes. E o vinho rose que gostei muito era o Quinta das Amoras, pensava amoreira,

sábado, março 12, 2011

Lendo Historia Abreviada da Literatura Portatil, do Enrique Vila-Matas, ele começa falando justamente da boite valise do Ducahmp, que ele encheu de reproduções de suas obras, e eu delirando na maleta que vou forrar de pelucia e encher de cadeirinhas..., sera a minha boite valise, achei agradavel coincidencia a referencia, pela idéia e não pelo Duchamp, não me sinto muito atraida por ele, sacrilégio dizer isso numa época em que ele foi colocado no trono, enfim.
E andando na rua, meio sem porque, ja tinha passado do ponto e resolvi andar até o outro ponto longe, não estava gostando do clima caotico da Rua da Carioca, pessoas, poças d'agua, um aspecto sujo, acho que foi por isso, e acabei cruzei com um cara meio maluquinho que trabalhou aqui na obra e ele esta morando na rua e ficou com os olhos cheios de lagrimas quando me contou.
Deve ter sido por isso que andei mais também, para encontrar com ele e dar um trocadinho para ele, logo eu que também vou ficar qualquer dia pedindo dinheiro na rua, hahaha.
E estava me sentindo triste, triste, como se tivesse descido um peso, uma névoa sobre mim, as musicas na Travessa me fizeram melhorar até, mas quando sai so queria saber de casa, fui até a exposição da Patricia e fiquei zero minutos, sem querer contato, contatos .
Foi bom escutar Belle & Sebastian que tem um clima meio Beatles, depois Band on the Run que não escutava desde minha adolescencia talvez, Julie London.
A Musica da uma leveza, no final.

terça-feira, março 08, 2011

Deveriam fazer uma UPP do silencio. A tarde tocou forro, agora, quase dez da noite, Odair José, e é muito alto, ecoando pelo vale formado pelas varias comunidades de Santa Teresa.
Isso é de um egoismo impar...achar que todos devem escutar a sua musica.
Brasileiro (em geral...) não gosta de silencio, não sei bem porque.
Uma forma de dizer eu existo, estou aqui?

CONTEÚDO LIVRE: LUIZ FELIPE PONDÉ - Deus me livre de ser feliz

CONTEÚDO LIVRE: LUIZ FELIPE PONDÉ - Deus me livre de ser feliz: "Quanto aos meus alunos e aos meus leitores, esses eu nunca penso em deixar felizes, graças a Deus DEUS ME livre de ser feliz. Existem cois..."

segunda-feira, março 07, 2011

lendo o Doutor Pasavento que é também Robert Walser nessa segunda-feira que é feriado mas não é e que o vizinho insiste que não seja em sua obra barulhenta, ruidos que são signos de vida dificil aceitar isso acostumados que somos com a idéia de silencio
meus outros dois gatos so vem à noite e então so tenho a Panda de dia não estou aqui para escrever, mas para enlouquecer frase do Walser e ontem vimos um Bergman com mulheres histéricas e no outro dia o Almas à venda que me deu aflição almas troca de identidade desaparecimento esse é o tema então e dormi muito forçadamente no sabado querendo afundar no sono com loops de pensamentos e sem conseguir ler nem nada Pedro fez lentilhas e torta de queijo e batatas otimo so comecei à arrumar a casa ontem a vassoura quebrou os 3 gatos do pedro ja se instalaram e Miranda não quer mais entrar na casa so a noite e fujo de coisas que tenho que fazer realmente fico so nesse loop indo e voltando indo e voltando mas hoje estou mais ativa e lendo e tudo

sábado, março 05, 2011

achar o remèdio da Carlota
cozinha tudo tudo
fotos que estão no chão
terminar terminar
pipicat
livros tarefas
além de
banheiro, varrer, etcétera
janela do quarto pegar os carretéis caidos
e o quartinho?
...
tantas coisas para fazer tenho que fazer uma lista
uma lista com muitas listas e listras
a casa literalmente de pernas pro ar
eu
de pernas pro ar, tentando me equilibrar nessa posição estranha, can't buy a little help from my friend
gatos querem atenção eu quero atenção de mim mesma finalmente um pouco
saudades da casa, não esse caos mas de qualquer forma saudades da casa do tempo meu so meu e das coisas todas que cercam o tempo e que estão ai e desse contato com as coisas
saudades de mim
fico o dia todo num corredor com um cara estranho e pessoas desconhecidas e os que existem é so um pouquinho, pedaços
estou reclamando
como houve um trator, um furacão - varios, mudança do Pedro, Ursula, não acho mais o tempo dias dias
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