sexta-feira, março 12, 2010
quarta-feira, março 10, 2010
Ganhei essa edição linda do Anna Kariênina da CosacNaify. Estou na fase russa, engraçado que praticamente não procurei, foi "acontecendo", talvez não dê para escapar dos russos! Depois do Jardim das Cerejeiras que terminei ontem, comecei Lady Macbeth do distrito de Mtzensk, do Nikolai Leskov, que é punk e já estou acabando; esse é o próximo com certeza.
terça-feira, março 09, 2010
segunda-feira, março 08, 2010
apesar da pilha de livros novos esperando pacientes resolvi dar uma fuxicada nos velhos livros das estantes, é sedutor isso, parece que vão aparecer tesouros, alguns eram do papai, pego Norte, do Céline, mas apesar de ter lido Morte à Crédito à trezentos anos atrás e ter gostado muito, principalmente do estilo, os tres pontinhos, mas agora os tres pontinhos não me fisgaram, peguei Pontos de Fuga do Graham Greene e até estava gostando - mas como nunca li nada dele e é uma espécie de memória, e ele me pareceu tão profissional como escritor o que me desapontou um pouco!, comecei O Jardim das Cerejeiras, do Tchekov e me pegou, acho que a situação me lembra algo parecido, hehehe, guardadas as devidas proporções...e os personagens são nostálgicos e melancólicos e tão fin de siecle e idealistas e sonhadores!
Mas sempre começo à dormir no meio de algum ato, Freud explica.
Ainda voltarei para o Pontos de, gosto de ler vidas alheias.
Mas sempre começo à dormir no meio de algum ato, Freud explica.
Ainda voltarei para o Pontos de, gosto de ler vidas alheias.
Tim Van Laere Gallery presents Faris McReynolds
Faris McReynolds
Toxic Mimics
11 March – 24 April 2010
Tim Van Laere Gallery
Verlatstraat 23-25
2000 Antwerp - Belgium
Tel.:+32-3-257 14 17
Fax:+32-3-257 14 25
http://www.timvanlaeregallery.com
Tim Van Laere Gallery is proud to announce its exhibition with Faris McReynolds
(*1977, Dallas,Texas, lives and works in Los Angeles,California.).
This is the artist's second solo exhibition at the gallery.
Faris McReynolds states the following about his work:
My work comes from the desire to find a balance between something that is staged and intuitive, original and reproduced, familiar and unexpected, digital and analog, comic and tragic. These are images where individual personality is paired with the anonymity of a crowd. They are like public memories, appropriated from images that were created for the purpose of telling a story, but once disconnected, tell a larger story about a self-congratulating American culture.
Toxic Mimics is a show about substituted experience. Found images stand in for what's in my mind, and painting stands in for any real experience of that image. People are staging events for the camera, in this case the camera is a painting. People are getting lost in a moment, as the image falls apart when filtered through my perspective. These are paintings of leisure, of people coming together. My interest in group portraiture extends to portraits of class fantasies. Snapshots of a fleeting world somewhere between pleasant dreams and abject reality. Embracing Impressionism as an early attempt of Western perspective to break from reality, and as the art of the middle class. The blurred distance of desire before technology.
domingo, março 07, 2010
idéias para o atelier : participar de feiras
expor os convites mais legais - o ideal seria fazer postais
expor fotos
trabalhar mais as roupas, fazendo grades PMG, bolsos, impressões por cima
casaquinho de voil com capuz
saia envelope com filó por baixo fazendo frufru
fazer mais vaporeto
lindinho com um tecido só e uma renda em cima?
vão chegar 3 tomaraque caia , 1 bel e 1 Dom
mais Bels
retrôs
arrumar uma modelista e uma costureira que funcione!
mais manequins - um 38 e um 42
...
expor os convites mais legais - o ideal seria fazer postais
expor fotos
trabalhar mais as roupas, fazendo grades PMG, bolsos, impressões por cima
casaquinho de voil com capuz
saia envelope com filó por baixo fazendo frufru
fazer mais vaporeto
lindinho com um tecido só e uma renda em cima?
vão chegar 3 tomaraque caia , 1 bel e 1 Dom
mais Bels
retrôs
arrumar uma modelista e uma costureira que funcione!
mais manequins - um 38 e um 42
...
dia de aniversário é tão bom, deveriam todos os dias do mundo ser assim, parece que foram feitos só pra gente, tudo fica leve e vibrante e saltitante, pelo menos eu estava me sentindo assim, loura, de vestido curto, fui ao salão fazer escova!, momento perua. no facebook tinham muitas mensagens bonitinhas. depois almoço simpático com Ursula, Rita e Beth, abrimos um vinho, depois chegou . que ficou sem graça porque havia esquecido mas eu não estava nem aí para isso, foi ótimo ficarmos aqui no nosso cantinho mágico, banho rápido, ele me deixou no ortopedista que demorou um pouco mas como eu estava banhada em vinhos e delícias não me importei, folheei revistas, ortopedista jovem e certinho, deu uma geral e foi bom porque me inteirei mais de tudo, Rui me pegou na saída, tão fofinho e amigo, fomos até o bistrô onde abrimos os trabalhos com um prosecco e patês, depois foram chegando alguns amiguinhos,não queria aquela mesa enorme e dispersa então só falei com a "velha guarda", no final eu já estava bêbada e feliz, rsrsrs
Meu irmãozinho Pedro me deu o Nikolai Leskov, Rui depois me deu O Mundo Pós-aniversário, tenho que quebrar o outro pé para poder ler tudo!, Rita coisas para minha futura casa, ursula também e uma bata da Zara que usei ontem.
Meu irmãozinho Pedro me deu o Nikolai Leskov, Rui depois me deu O Mundo Pós-aniversário, tenho que quebrar o outro pé para poder ler tudo!, Rita coisas para minha futura casa, ursula também e uma bata da Zara que usei ontem.
Peripécias para voltar para casa durante um final de chuva, depois de esperar por mais de uma hora por um táxi no atelier, pedi para Bia ir pegar na rua e ela foi, coitada, chovia muito, achou um desavisado lanchando e ele concordou em me pegar, nada como um bom par de muletas para seduzir, subimos santa onde os trilhos tinham virado rios, descemos pela alice, chegamos nas laranjeiras e também tinha muita água, quando chegamos no meio da subida para o rebouças vimos que o túnel estava bloqueado, volta, um monte de carros, vamos pela mundo novo, ótimo, motorista deu 2 voltas pela praça porque errou o caminho, conseguimos e ia tudo bem quando topamos com carros voltando de novo, tinha uma árvore caída no caminho, o motorista se juntou com mais 3 caras, arrumaram um facão e eles cortaram os cipós, passamos por debaixo da árvore, ele já tinha virado meu herói!, descemos a barão de lucena, mais na frente tinha um lago intransponivel e um carro boiando, volta, fomos pela praia de botafogo e copacabana, ainda tive que parar no Pão de Açúcar porque estava louca de vontade de ir ao banheiro, já estávamos há uns 40 minutos rodando, falei com um rapaz que falou com uma moça que falou com o gerente que autorizou andei andei subi escadas, banheiro meio horrível mas foi ótimo, depois pegamos o corte, a lagoa sentido rebouças estava parada mas para a gente deslizando, 47 pilas de táxi aventura!
quarta-feira, março 03, 2010
estou tentando achar a cena do filme em que aparecem todas as fotos rasgadas numa gaveta, um quebra cabeças, foi a imagem que mais gostei e também a dele, Harry Caine/Mateo tocando a imagem deles se beijando no carro antes do acidente, mas só consegui essa, me identifiquei com as muletas, haha, se identificar com a Penélope Cruz é muito bom, Rita disse que me "viu" no trailer do Educação, eu sempre me vejo em todos os filmes, deve ser assim com todo mundo que sempre se vê nas falas nas ações nos livros nos outros. estamos sempre nos procurando, nos vendo, pedaços de fotos.
sexta-feira, fevereiro 26, 2010
resumo da semana : idas e vindas e idas e vindas
segunda 3 horas esperando na Caixa almoço depois com advogada e compradores uma massa com muito azeite que manchou meu velho vestido adorado da Fit terça taxi até o edificio avenida central andei toda a agora enorme rua São José cheguei no cartório com um aspecto terrível com direito à paradinha num banquinho oferecido por um moço encharcada de suor assina assina táxi até Santa fita adesiva no caminho ficamos montando caixas de papelão eu e Fernando e conversando bom porque nos entendemos quase sempre comecei -ainda falta tanto! - a encaixotar coisas do atelier e depois todos os meus cds me fez bem fazer algo desembolotar as coisas táxi leblon subi os 3 andares o que foi uma loucura Ursula chegou exausta e mal humorada...
quarta quando fui deixar os tecidos em botafogo minha sandalia arrebentou na saida do taxi um cara vindo na minha direção imediatamente consertou pra mim ufa senão teria que andar descalça na voluntários da pátria outro me ajudou à entrar no táxi na volta...cheguei e maria silvia estava saindo para ser internada mole mole tristeza de manhã tinha ido até meu quarto com aquele focinho grande acho que para se despedir fiz carinho no focinho nela P. ligou no meio da confusão que bom fomos ver a casa descobrimos que é muito quente os quartos não são tão pequenos como achei da primeira vez mas não tinha visto o aspecto das paredes tem que pintar tudo desci até a sala de baixo que vai ser meu quarto/atelier como ursula e maya decidiram nao fui até a piscina fomos em outra casa mas só subi o primeiro lance de escadas e fiquei esperando junto com um cachorro magrinho e um dono argentino exausta voltei para casa meio deprimida de tantas incertezas e saidas Jean veio me visitar e fiquei pensando o tempo todo em.
depois decidi que quero ser feliz e pronto.
quinta fiz as unhas fiquei esperando mulherzinha foi bom! e contraditorio as coisas são assim.
sexta Miguel Couto pela manhã multidão de pessoas espera espera o médico te atende sem nem te olhar um enfermeiro cortou meu gesso o que é estranho depois um desequilibrio andar de muletas volta à ser estranho Guimas salada de figos, queijo de cabra e folhas encontramos o mauro farias mas ele e ursula que conversaram fomos ver outra casa horrivel fiquei sentada na cozinha enquanto ursula subia e descia resolvi ir para casa encaixotar chegando la escorreguei numa folha molhada e quase caí vi os gatos tinha um gambá preso no armário da cozinha fiquei com pena vi que não deveria ter ido voltei para cá computador que ainda não tinha aberto! bombons aconchegante o triste é que maria silvia vai ter que ser sacrificada ufa!
segunda 3 horas esperando na Caixa almoço depois com advogada e compradores uma massa com muito azeite que manchou meu velho vestido adorado da Fit terça taxi até o edificio avenida central andei toda a agora enorme rua São José cheguei no cartório com um aspecto terrível com direito à paradinha num banquinho oferecido por um moço encharcada de suor assina assina táxi até Santa fita adesiva no caminho ficamos montando caixas de papelão eu e Fernando e conversando bom porque nos entendemos quase sempre comecei -ainda falta tanto! - a encaixotar coisas do atelier e depois todos os meus cds me fez bem fazer algo desembolotar as coisas táxi leblon subi os 3 andares o que foi uma loucura Ursula chegou exausta e mal humorada...
quarta quando fui deixar os tecidos em botafogo minha sandalia arrebentou na saida do taxi um cara vindo na minha direção imediatamente consertou pra mim ufa senão teria que andar descalça na voluntários da pátria outro me ajudou à entrar no táxi na volta...cheguei e maria silvia estava saindo para ser internada mole mole tristeza de manhã tinha ido até meu quarto com aquele focinho grande acho que para se despedir fiz carinho no focinho nela P. ligou no meio da confusão que bom fomos ver a casa descobrimos que é muito quente os quartos não são tão pequenos como achei da primeira vez mas não tinha visto o aspecto das paredes tem que pintar tudo desci até a sala de baixo que vai ser meu quarto/atelier como ursula e maya decidiram nao fui até a piscina fomos em outra casa mas só subi o primeiro lance de escadas e fiquei esperando junto com um cachorro magrinho e um dono argentino exausta voltei para casa meio deprimida de tantas incertezas e saidas Jean veio me visitar e fiquei pensando o tempo todo em.
depois decidi que quero ser feliz e pronto.
quinta fiz as unhas fiquei esperando mulherzinha foi bom! e contraditorio as coisas são assim.
sexta Miguel Couto pela manhã multidão de pessoas espera espera o médico te atende sem nem te olhar um enfermeiro cortou meu gesso o que é estranho depois um desequilibrio andar de muletas volta à ser estranho Guimas salada de figos, queijo de cabra e folhas encontramos o mauro farias mas ele e ursula que conversaram fomos ver outra casa horrivel fiquei sentada na cozinha enquanto ursula subia e descia resolvi ir para casa encaixotar chegando la escorreguei numa folha molhada e quase caí vi os gatos tinha um gambá preso no armário da cozinha fiquei com pena vi que não deveria ter ido voltei para cá computador que ainda não tinha aberto! bombons aconchegante o triste é que maria silvia vai ter que ser sacrificada ufa!
segunda-feira, fevereiro 22, 2010
última sessão nostalgia
nessas fotos antigas à vezes as pessoas parecem tão tristes e desengonçadas, é engraçado, será que a mania de rir é mais contemporânea? Estão minha bisavó Julia no meio, Tio Jorge filho dela e Tia Elizabeth, uma amiga, Armando que tb era filho dela e vovó Virginia, Tia Juju e Tia Marina idem, do coté Coutinho
9-3-1950
pronto tirei as fotos que queria.
e somos éramos tão diferentes e era isso que me atraía e talvez eu quisesse me transformar em alguém diferente outra pessoa mas não
minhas relações nunca tiveram foram projetos será isso
e tudo o que sinto às vezes em relação `mim tenho que deixar escondido e enterrado e não acreditar porque não é
e agora cds livros músicas um vestido de oncinha memórias faço o que com tudo isso
e nem sei direito qual foi minha resposta repassei depois as palavras até dizer chega, isso não tem sentido, aliás sentido...
os objetos descansam inertes ao sol
Rui trouxe fotos, me distrai um pouco, tomei banho de mangueira, meu pé me incomoda, e fico sem saber o que se passa por trás desse gesso
Ana lê estudiosa é bom isso essa liberdade de não falar e dormir ou ler, tenho medo de ter que falar, não estou nem um pouco espirituosa
vontade de estar na minha casa só que ela não existe
tenho que voltar para minha casa que existe e encaixotar e tirar tudo de seus lugares
estava tão em autocomiseração aquela tarde, vergonha agora, como acredito que chego rápido ao fundo do poço, fundo do poço que não é, não quero essa imagem e ela não é real
agora que já passou um pouco me sinto mais leve talvez eu não possa ter relação nenhuma no momento porque o mínimo comigo mesma não está mas ao mesmo tempo cansada de estar só e como ele era protetor e reconfortante isso era bom e ontem dormi um pouquinho aqui na piscina dormimos todos de tarde e tive um sonho tão envolvente e acordei tranquila no meio de uma onda
depois o vício de checar emails e a bomba que era esperada mas não naquela hora daquela forma brusca talvez escrevo trezentas vezes essa palavra
e somos éramos tão diferentes e era isso que me atraía e talvez eu quisesse me transformar em alguém diferente outra pessoa mas não
minhas relações nunca tiveram foram projetos será isso
e tudo o que sinto às vezes em relação `mim tenho que deixar escondido e enterrado e não acreditar porque não é
e agora cds livros músicas um vestido de oncinha memórias faço o que com tudo isso
e nem sei direito qual foi minha resposta repassei depois as palavras até dizer chega, isso não tem sentido, aliás sentido...
os objetos descansam inertes ao sol
Rui trouxe fotos, me distrai um pouco, tomei banho de mangueira, meu pé me incomoda, e fico sem saber o que se passa por trás desse gesso
Ana lê estudiosa é bom isso essa liberdade de não falar e dormir ou ler, tenho medo de ter que falar, não estou nem um pouco espirituosa
vontade de estar na minha casa só que ela não existe
tenho que voltar para minha casa que existe e encaixotar e tirar tudo de seus lugares
estava tão em autocomiseração aquela tarde, vergonha agora, como acredito que chego rápido ao fundo do poço, fundo do poço que não é, não quero essa imagem e ela não é real
agora que já passou um pouco me sinto mais leve talvez eu não possa ter relação nenhuma no momento porque o mínimo comigo mesma não está mas ao mesmo tempo cansada de estar só e como ele era protetor e reconfortante isso era bom e ontem dormi um pouquinho aqui na piscina dormimos todos de tarde e tive um sonho tão envolvente e acordei tranquila no meio de uma onda
depois o vício de checar emails e a bomba que era esperada mas não naquela hora daquela forma brusca talvez escrevo trezentas vezes essa palavra
terça-feira, fevereiro 16, 2010
tentando entender porque eu era uma pessoa tão ativa e hoje em dia não consigo me mexer muito. Sei que tive mil idealismos bobocas que me paralisaram, de certa maneira, mas queria voltar à ser leve e ativa e interessada. não consigo ir para nenhuma direção, talvez não acredite muito e não consiga ir.
talvez o gesso tenha servido para dar uma pausa. mas uma pausa em quê? estava talvez com uma relação excessiva com o corpo, correr correr nadar ficar magra. mas era bom porque prazeroso. fora isso, um final de casamento que ainda sinto porque foram muitos e muitos anos de idas e vindas e lamas e nadas e solidão e tentativas de viver. e que aos poucos fui abandonando tudo. queria retomar a minha vida mas ...ui, que drama.
talvez o gesso tenha servido para dar uma pausa. mas uma pausa em quê? estava talvez com uma relação excessiva com o corpo, correr correr nadar ficar magra. mas era bom porque prazeroso. fora isso, um final de casamento que ainda sinto porque foram muitos e muitos anos de idas e vindas e lamas e nadas e solidão e tentativas de viver. e que aos poucos fui abandonando tudo. queria retomar a minha vida mas ...ui, que drama.
segunda-feira, fevereiro 15, 2010
faço minha "mala"para ir para a sala: livros, óculos, coisas para deixar no banheiro que é no caminho, um sutiã de biquini para pegar um pouquinho de sol lá fora mais tarde quando ele aparecer no quintal, sentada na cadeira de alumínio como ontem, roupas para lavar. tudo no esquema, metaesquema. no café da manhã, outras estratégias: fico com uma muleta só para ter a outra mão livre, pulo até a geladeira, tiro queijo, pão, manteiga, mamão, acendo o fogo da água e do forno, procuro o filtro do café, guardo o manjericão de ontem e o vinho que resolvi não tomar, coloco as louças todas num cesto para carregar de uma vez, tudo é um pouco difícil e tenho que tomar cuidado; um escorregão pode ser fatal; sento na mesinha improvisada pela Ana, corto as cascas dos pães para dar para Gustavo e Maria Silvia que já estão à postos, café sem jornal. combinei com Ana para ela não vir, embora isso me custe um pouco. depois coloco a cadeira perto da pia, apóio minha perna engessada nela e lavo todas as louças. pelo menos as coisas não ficam pelo meio, sem fim. engraçado outra casa, outro ralinho de pia, outra lixeirinha. detalhes. ontem à noite Manuela perguntou se eu ia sair quando viu minha bolsa à tiracolo. risos...
um certo tom de cinza. ..disse que eu sou ranzinza, rindo, óbvio. como sempre. e hoje baixou a ranzinzice total depois que caiu um balde de água fria. tentar fugir de tudo isso ranzinza balde de agua fria eu ir para outro lugar de preferência algum cantinho no alto escondido. ponto. minha barriga está enorme. Maria Silvia veio aqui falar comigo eles gostam de companhia como todos aliás. porquê as coisas não podem ser simplesmente simples ia escrever normal mas normal já pressupõe um juizo qualquer. hoje dormi de tarde um pouquinho e depois no filme do Frank Capra antigo bonitinho e depois só vi o final. tudo se resolve.
domingo, fevereiro 14, 2010
sábado, fevereiro 13, 2010
e vovó tomava banho de camisola no colégio interno de freiras, mamãe sempre contava isso, não podia ver nem tocar o corpo
e então mamãe queria que tudo fosse o mais solto possível, era uma reação, e falava que sexo era uma coisa tão simples como escovar os dentes! era um processo dela de desrepressão, de libertação, e fomos ver o Boal quando ele voltou do exílio e passamos uma semana lá em casa falando vc está me oprimindo
quando contei isso no biográfico a Rose ficou meio chocada, acho que para ela estava tudo dessacralizado demais
e na mesma época alguém me ofereceu um trabalho que era tocar piano numa aula de ballet, fui lá ver e lembro do chão de tábuas corridas em um sobrado velho no centro? e não tive coragem de assumir, achei que era mais adiantado do que eu sabia, e quem foi, não lembro
saiu um artigo sobre autobiografia no jornal
tenho que pegar meus cds para escutar, já que meu laptop morreu
hoje acho que gostaria de tocar piano numa aula de ballet, embora eu nem saiba mais, hahaha
e então mamãe queria que tudo fosse o mais solto possível, era uma reação, e falava que sexo era uma coisa tão simples como escovar os dentes! era um processo dela de desrepressão, de libertação, e fomos ver o Boal quando ele voltou do exílio e passamos uma semana lá em casa falando vc está me oprimindo
quando contei isso no biográfico a Rose ficou meio chocada, acho que para ela estava tudo dessacralizado demais
e na mesma época alguém me ofereceu um trabalho que era tocar piano numa aula de ballet, fui lá ver e lembro do chão de tábuas corridas em um sobrado velho no centro? e não tive coragem de assumir, achei que era mais adiantado do que eu sabia, e quem foi, não lembro
saiu um artigo sobre autobiografia no jornal
tenho que pegar meus cds para escutar, já que meu laptop morreu
hoje acho que gostaria de tocar piano numa aula de ballet, embora eu nem saiba mais, hahaha
Franklin diz que sabe de mim pelo blog, e eu que ando tão sem notícias então vou tentar criar notas
estou com dois óculos na cabeça, além das muletas encostadinhas aqui do lado, hahaha
contei pílulas de estórias da minha vida
meu avô era comunista do partidão e andou o Brasil inteiro à pé e que depois , na Itália, já expulso do partido, foi adotado por padres católicos e virou um religioso fervoroso, andando tudo de novo, ele que só tinha um pulmão, pois o outro ele tinha "perdido" na prisão, não sei se torturas ou as péssimas condições, pneumonia
minha avó era funcionária pública de algum ministério, foi inspetora, tinha pernas bonitas, gostava muito de ler e de ir ao teatro, cheguei à comprar livros para ela na dazibao que ela lia sem danificar as páginas e depois pedia para trocar!, hahaha, Rui não gostava muito, e ela era o "banco'da família, emprestava para todo mundo mas não dava e era seca, afetivamente seca, e lembro de ler kim, Philby, estória de um espião duplo inglês na união soviética que era dela, encadernado com papel colorido, acho que era mania encadernar os livros, e também Maigret ela adorava, mas quem herdou essa paixão foi o Pedro, eu nunca li Simenon
escuto uma música do radiohead, faz parte das várias que eu tinha no meu ipod e no mac, engraçado
estou com dois óculos na cabeça, além das muletas encostadinhas aqui do lado, hahaha
contei pílulas de estórias da minha vida
meu avô era comunista do partidão e andou o Brasil inteiro à pé e que depois , na Itália, já expulso do partido, foi adotado por padres católicos e virou um religioso fervoroso, andando tudo de novo, ele que só tinha um pulmão, pois o outro ele tinha "perdido" na prisão, não sei se torturas ou as péssimas condições, pneumonia
minha avó era funcionária pública de algum ministério, foi inspetora, tinha pernas bonitas, gostava muito de ler e de ir ao teatro, cheguei à comprar livros para ela na dazibao que ela lia sem danificar as páginas e depois pedia para trocar!, hahaha, Rui não gostava muito, e ela era o "banco'da família, emprestava para todo mundo mas não dava e era seca, afetivamente seca, e lembro de ler kim, Philby, estória de um espião duplo inglês na união soviética que era dela, encadernado com papel colorido, acho que era mania encadernar os livros, e também Maigret ela adorava, mas quem herdou essa paixão foi o Pedro, eu nunca li Simenon
escuto uma música do radiohead, faz parte das várias que eu tinha no meu ipod e no mac, engraçado
quarta-feira, fevereiro 10, 2010
estou lendo lentamente O Compromisso.
hoje pintei meu cabelo no salão em cima da travessa, de loiro ( ou louro?) Ficou engraçado. Acho que gostei.
e fiz uma massagem maravilhosa no andar de cima com um massagista cego! e que percebeu várias coisas sobre mim só com o toque. ele se chama Eusébio. depois quebrei um cristal de ametista, sem querer. foi estranho. energias.
e ele falou que vivo mais o passado e o futuro, que me auto boicoto, que sou introspectiva, que tenho dificuldades em receber. que me cobro muito. ufa. vícios.
ao mesmo tempo os aromas de capim-limão e alecrim, os óleos, a mão maravilhosa e experiente, ficar ali relaxando fora do tempo...
e estar aqui vivendo como se não houvesse amanhã, resolvi parar de me cobrar e aceitar que é isso e está sendo ótimo
e talvez eu estivesse precisando disso mesmo, de ser ajudada, de certa forma, de estar fora daquele apto que me deprime, de pensar calmamente ou não pensar, deixar um pouco as coisas irem sem me deprimir`a toa
hoje pintei meu cabelo no salão em cima da travessa, de loiro ( ou louro?) Ficou engraçado. Acho que gostei.
e fiz uma massagem maravilhosa no andar de cima com um massagista cego! e que percebeu várias coisas sobre mim só com o toque. ele se chama Eusébio. depois quebrei um cristal de ametista, sem querer. foi estranho. energias.
e ele falou que vivo mais o passado e o futuro, que me auto boicoto, que sou introspectiva, que tenho dificuldades em receber. que me cobro muito. ufa. vícios.
ao mesmo tempo os aromas de capim-limão e alecrim, os óleos, a mão maravilhosa e experiente, ficar ali relaxando fora do tempo...
e estar aqui vivendo como se não houvesse amanhã, resolvi parar de me cobrar e aceitar que é isso e está sendo ótimo
e talvez eu estivesse precisando disso mesmo, de ser ajudada, de certa forma, de estar fora daquele apto que me deprime, de pensar calmamente ou não pensar, deixar um pouco as coisas irem sem me deprimir`a toa
terça-feira, fevereiro 09, 2010
sábado, fevereiro 06, 2010
sexta-feira, fevereiro 05, 2010
sai de casa a luz la fora me encantou em vez de taxi resolvi andar ou talvez a palavra melhor seja pular de muletas o espaço aberto grande as pessoas pessoas frutas sinais bares vitrines onde me vi pedrinhas nesse pedaço a calçada levanta buracos 4 quadras! mais 2 pistas da praia andei até um quiosque eu que nunca gostei de ficar no calçadão estava amando sentada numa cadeira amarela de frente para o sol sol na minha cara de frente por favor não tem coco so no outro!, o mar azul la embaixo com linhas linhas linhas que não param de se mexer coco maravilhoso que acabou antes da hora
corpos bonitos corpos estranhos gatinhas garotões ouvindo as conversas as linguas saias biquinis azuis amarelos listras shortinhos muitos shortinhos e vestidinhos poses bicicletas cabelos turistas solsolsol suei muito mas estava otimo fotografei com o celular de um garoto tomara que ele me mande da proxima vez levar a maquina voltei lentamente sentando nas cadeiras que normalmente não percebemos que ficam nas calçadas - cadeiras dos porteiros dos vendedores de frutas dos bicheiros comprei uma manga e pendurei na muleta parece que andei quilometros preciso fazer isso mais
corpos bonitos corpos estranhos gatinhas garotões ouvindo as conversas as linguas saias biquinis azuis amarelos listras shortinhos muitos shortinhos e vestidinhos poses bicicletas cabelos turistas solsolsol suei muito mas estava otimo fotografei com o celular de um garoto tomara que ele me mande da proxima vez levar a maquina voltei lentamente sentando nas cadeiras que normalmente não percebemos que ficam nas calçadas - cadeiras dos porteiros dos vendedores de frutas dos bicheiros comprei uma manga e pendurei na muleta parece que andei quilometros preciso fazer isso mais
quinta-feira, fevereiro 04, 2010
o parque era uma parede verde-negra, o céu agarrava as arvores
minha cabeça moia pensamentos
o céu tem de se desprender do chão quando clareia
sempre gostei de fazer isso, anotar frases , palavras de que gostava dos livros
uma coleção de frases assim como se coleciona caixas de fosforos ou maços de cigarros
quando era pequena saia catando maços de cigarros pelas ruas! hoje em dia não consigo não achar horrivel isso...e caixas de fosforos e
depois colecionei frasqueiras que estão se acabando e alguns poucos marcadores de livros que ficavam num caminhaozinho de madeira que acabei dando para o menino
e agora ficam naquele sofazinho miniatura, na estante
hoje resolvi ficar quieta quieta e quase não sai do quarto
ja que as opções...mas ai os pensamentos crescem e invadem e ficam enormes e tenho que fingir que eles não tem muita importancia
minha cabeça moia pensamentos
o céu tem de se desprender do chão quando clareia
sempre gostei de fazer isso, anotar frases , palavras de que gostava dos livros
uma coleção de frases assim como se coleciona caixas de fosforos ou maços de cigarros
quando era pequena saia catando maços de cigarros pelas ruas! hoje em dia não consigo não achar horrivel isso...e caixas de fosforos e
depois colecionei frasqueiras que estão se acabando e alguns poucos marcadores de livros que ficavam num caminhaozinho de madeira que acabei dando para o menino
e agora ficam naquele sofazinho miniatura, na estante
hoje resolvi ficar quieta quieta e quase não sai do quarto
ja que as opções...mas ai os pensamentos crescem e invadem e ficam enormes e tenho que fingir que eles não tem muita importancia
domingo, janeiro 31, 2010
escrevo sobre minha instabilidade e penso se sou bipolar, palavra meio na moda. acho que papai e mamãe eram, principalmente mamãe. Será que não tem como jogar fora tudo o que herdamos deles e que não é nosso, que não somos nós ? no biografico ficou essa sensação: isso é sua mãe, isso é seu pai. mas talvez não exista essa pessoa que é só ela; ou talvez a idéia seja se livrar dos excessos, ou das pulsões que assumimos como nossas e que são muito mais ligadas a desejos "deles". Ih, tá confuso, risos.
Controlar a instabilidade, não deixar ela tomar conta de tudo, ou fingir, to pretending.
ontem costureiras furaram como sempre, tudo furou, cheguei em casa exausta, aos pedaços. de noite meu rosto doia, a boca. os gatos dormiram comigo, lindinhos, Bubu, Coco e Miranda. Agora escuto Jamie Cullum como sempre, depois de um simpatico almoço no Gourmet, tomei 2 taças de prosecco rosé, me salvou de um desastre qualquer, Rita me salvou de um desastre qualquer, agora parece que tudo esta indo engraçado que a idéia a imagem que sempre vem é indo caminho melhora como se realmente houvesse um caminho.
sexta-feira, janeiro 29, 2010
terça-feira, janeiro 26, 2010
Rola uma discussão que so acompanho à distancia, tanto por dificuldades de me inserir nesse ser-artistapolitico quanto, agora, por estar com o pé engessado, mas achei interesante esse texto do Wilton Montenegro, que aponta, acho, algumas contradições e/ou caminhos.
Algum tempo antes de se suicidar, Nicos Poulantzas escreveu um ensaio sobre a questão do partido, discussão candente nos anos 60/70, onde dizia que, no instante mesmo em que é criada, a forma partido torna-se passado, pois só atende às reivindicações estabelecidas até o momento de sua fundação. Desdobremos isso até sua teoria sobre o Estado que, segundo Luiz Eduardo Motta, “ainda se faz presente quando se percebe que muitas de suas questões abordadas ainda permanecem (mesmo que tragam consigo novos problemas como o fenômeno da judicialização da política e das relações sociais, que fortaleceu as instituições estatais do direito e as representações funcionais jurídicas perante a crise das representações políticas do poder Legislativo e do Executivo), surgindo como uma nova forma de autoritarismo estatal, da fragmentação das decisões e das execuções do poder de Estado com a emergência das agências reguladoras e do chamado "terceiro setor", da formação de blocos regionais políticos e econômicos, do fortalecimento do poder local e a questão da "glocalização", da construção de novas formas de política de controle com o emprego das tecnologias de informação e da complexificação da sociedade civil e dos novos movimentos sociais.” A parte que fala de agências reguladoras e judicialização, lembra alguma coisa?
O Estado contemporâneo, especialmente se constituído por transformações não antagônicas, (como o Estado brasileiro antes x após 1930, onde a economia mudou de forma sem mudar de mãos), carrega o peso de apenas adaptar suas instituições, sem realmente transformá-las. Isso faz com que a maioria dos seus órgãos administrativos permaneça ainda preso a um arcabouço antigo que dá a devida sustentabilidade ao sistema. Para não enveredar demasiado por essa área, lembremos que a expansão horizontal da economia proposta pelo pessoal da Unicamp, continua negada pela afirmação do medo da inflação disseminado pelos herdeiros do pensamento de Samuelson. Isto é, a frase do Delfim continua valendo: é preciso crescer o bolo para depois reparti-lo, o que também significa que a pirâmide social brasileira, apesar de ter melhorado consideravelmente no governo Lula, continua isósceles em vez de escalena.
Claro que numa política de estado, tudo o que ele faz é também cultural, tanto no sentido de Civilização (Kultur), quanto no de formação (bildung), para usar as definições de Étienne Balibar, e atinge claramente suas instituições culturais. O conselho federal de cultura foi criado para abrigar um dos nossos maiores poetas, que estava passando dificuldade de sobrevivência, e está com nova versão. A Funarte, apesar de ter sido criada durante a ditadura militar, em 1975, desempenhou um papel importante no desenvolvimento e integração de algumas linguagens. As instituições vão se adaptando aos tempos para poder sobreviver, e não raro tornam-se lugares de vícios culturais ou cabides de emprego. Todavia, é bom lembrar que alguns personagens da área passaram para a história como formuladores, como Gustavo Capanema e Aloísio Magalhães (este, duplamente), e outros ainda poderão entrar nesse pequeno círculo.
Roberto Schwarz, em 1986, começou uma conferência assim: “Brasileiros e latino-americanos fazemos constantemente a experiência do caráter postiço, inautêntico, imitado da vida cultural que levamos. Essa experiência tem sido um dado formador de nossa reflexão crítica desde os tempos da Independência . Ela pode ser e foi interpretada de muitas maneiras (...), o que faz supor que corresponda a um problema durável e de fundo.”
E terminou assim: “... o que importa, a saber, a dimensão organizada e cumulativa do processo, a força potenciadora da tradição, mesmo ruim, as relações de poder em jogo, internacionais inclusive. Sem prejuízo de seus aspectos inaceitáveis – para quem? – , a vida cultural tem dinamismos próprios, de que a eventual originalidade, bem como a falta dela, são elementos entre outros. (...).”
Recentemente, George Kornis, numa palestra no MAM, falou sobre o desconhecimento da América Latina e de seus artistas entre nós. Agora que estamos buscando conhecer experiências que possam formar nossas instituições, todos, eu inclusive, buscamos exemplos no assim chamado primeiro mundo. Bom, proponho uma olhada na nossa história brasileira e latina. O México é um país pródigo no respeito à arte contemporânea, com museus e centros culturais voltados para as mais diversas experiências estéticas. O Lezama Lima diz que o Aleijadinho é um dos dois mais importantes artistas latino-americanos, o outro é um arquiteto inca; o cânone da literatura ocidental, escrito por Harold Bloom, ressente-se da obra de Machado de Assis ser escrita em português (aliás, diz-se que o Fernando Pessoa seria o mais importante poeta do século 20 se escrevesse em inglês). É preciso voltarmos os olhos para nós mesmos, para perder essa mania de falsa educação e esse complexo de inferioridade (lembro que Caetano Veloso, que escreveu sobre peitinhos e putinhas, disse estar envergonhado da linguagem chula do presidente). Em conversa recente com Zalinda Cartaxo, ela afirmou que a arte contemporânea brasileira não fica a dever nada à arte produzida na Europa, onde ela passou um ano estudando. O Balibar, inclusive, afirma que a formação contemporânea européia hoje é produzida principalmente por imigrantes.
Há um livro, um cartapácio de cerca de 700 páginas, chamado Conceptual Art in Latin America, escrito pelo Luis Camnitzer, onde ele lista todos os artistas latino-americanos de arte conceitual – menos ele, por pudor. O livro foi editado pela Universidade do Texas. Aos amigos da academia, uma questão: as livrarias estão cheias de obras de Arthur Danto, Hal Foster, Rosalind Krauss, André Rouillé, Vilém Flusser, etc. Se alguém precisar estudar a obra do nosso mais importante crítico de arte, o Mário Pedrosa, vai ter que se contentar com apenas um ou dois volumes da coleção organizada pela Otília Arantes. Talvez, para piorar as coisas, tenha que se contentar com as 190 páginas de outro volume organizado por ela, com o Itinerário Crítico, numa edição Cosac&Naify encadernada (nada mais anti-Mário) com uma sobrecapa que reproduz parte (infelizmente) de uma obra da Lygia Pape.
Para terminar. Em entrevista recente, Roberto Machado disse que Deleuze não é um filósofo preocupado com a origem. Ele é um filósofo do meio, porque é ali, segundo ele, que as coisas acontecem, os processos se dão, as diferenças aparecem como multiplicidades. Multiplicidade é um conceito que representa todos nós.
Algum tempo antes de se suicidar, Nicos Poulantzas escreveu um ensaio sobre a questão do partido, discussão candente nos anos 60/70, onde dizia que, no instante mesmo em que é criada, a forma partido torna-se passado, pois só atende às reivindicações estabelecidas até o momento de sua fundação. Desdobremos isso até sua teoria sobre o Estado que, segundo Luiz Eduardo Motta, “ainda se faz presente quando se percebe que muitas de suas questões abordadas ainda permanecem (mesmo que tragam consigo novos problemas como o fenômeno da judicialização da política e das relações sociais, que fortaleceu as instituições estatais do direito e as representações funcionais jurídicas perante a crise das representações políticas do poder Legislativo e do Executivo), surgindo como uma nova forma de autoritarismo estatal, da fragmentação das decisões e das execuções do poder de Estado com a emergência das agências reguladoras e do chamado "terceiro setor", da formação de blocos regionais políticos e econômicos, do fortalecimento do poder local e a questão da "glocalização", da construção de novas formas de política de controle com o emprego das tecnologias de informação e da complexificação da sociedade civil e dos novos movimentos sociais.” A parte que fala de agências reguladoras e judicialização, lembra alguma coisa?
O Estado contemporâneo, especialmente se constituído por transformações não antagônicas, (como o Estado brasileiro antes x após 1930, onde a economia mudou de forma sem mudar de mãos), carrega o peso de apenas adaptar suas instituições, sem realmente transformá-las. Isso faz com que a maioria dos seus órgãos administrativos permaneça ainda preso a um arcabouço antigo que dá a devida sustentabilidade ao sistema. Para não enveredar demasiado por essa área, lembremos que a expansão horizontal da economia proposta pelo pessoal da Unicamp, continua negada pela afirmação do medo da inflação disseminado pelos herdeiros do pensamento de Samuelson. Isto é, a frase do Delfim continua valendo: é preciso crescer o bolo para depois reparti-lo, o que também significa que a pirâmide social brasileira, apesar de ter melhorado consideravelmente no governo Lula, continua isósceles em vez de escalena.
Claro que numa política de estado, tudo o que ele faz é também cultural, tanto no sentido de Civilização (Kultur), quanto no de formação (bildung), para usar as definições de Étienne Balibar, e atinge claramente suas instituições culturais. O conselho federal de cultura foi criado para abrigar um dos nossos maiores poetas, que estava passando dificuldade de sobrevivência, e está com nova versão. A Funarte, apesar de ter sido criada durante a ditadura militar, em 1975, desempenhou um papel importante no desenvolvimento e integração de algumas linguagens. As instituições vão se adaptando aos tempos para poder sobreviver, e não raro tornam-se lugares de vícios culturais ou cabides de emprego. Todavia, é bom lembrar que alguns personagens da área passaram para a história como formuladores, como Gustavo Capanema e Aloísio Magalhães (este, duplamente), e outros ainda poderão entrar nesse pequeno círculo.
Roberto Schwarz, em 1986, começou uma conferência assim: “Brasileiros e latino-americanos fazemos constantemente a experiência do caráter postiço, inautêntico, imitado da vida cultural que levamos. Essa experiência tem sido um dado formador de nossa reflexão crítica desde os tempos da Independência . Ela pode ser e foi interpretada de muitas maneiras (...), o que faz supor que corresponda a um problema durável e de fundo.”
E terminou assim: “... o que importa, a saber, a dimensão organizada e cumulativa do processo, a força potenciadora da tradição, mesmo ruim, as relações de poder em jogo, internacionais inclusive. Sem prejuízo de seus aspectos inaceitáveis – para quem? – , a vida cultural tem dinamismos próprios, de que a eventual originalidade, bem como a falta dela, são elementos entre outros. (...).”
Recentemente, George Kornis, numa palestra no MAM, falou sobre o desconhecimento da América Latina e de seus artistas entre nós. Agora que estamos buscando conhecer experiências que possam formar nossas instituições, todos, eu inclusive, buscamos exemplos no assim chamado primeiro mundo. Bom, proponho uma olhada na nossa história brasileira e latina. O México é um país pródigo no respeito à arte contemporânea, com museus e centros culturais voltados para as mais diversas experiências estéticas. O Lezama Lima diz que o Aleijadinho é um dos dois mais importantes artistas latino-americanos, o outro é um arquiteto inca; o cânone da literatura ocidental, escrito por Harold Bloom, ressente-se da obra de Machado de Assis ser escrita em português (aliás, diz-se que o Fernando Pessoa seria o mais importante poeta do século 20 se escrevesse em inglês). É preciso voltarmos os olhos para nós mesmos, para perder essa mania de falsa educação e esse complexo de inferioridade (lembro que Caetano Veloso, que escreveu sobre peitinhos e putinhas, disse estar envergonhado da linguagem chula do presidente). Em conversa recente com Zalinda Cartaxo, ela afirmou que a arte contemporânea brasileira não fica a dever nada à arte produzida na Europa, onde ela passou um ano estudando. O Balibar, inclusive, afirma que a formação contemporânea européia hoje é produzida principalmente por imigrantes.
Há um livro, um cartapácio de cerca de 700 páginas, chamado Conceptual Art in Latin America, escrito pelo Luis Camnitzer, onde ele lista todos os artistas latino-americanos de arte conceitual – menos ele, por pudor. O livro foi editado pela Universidade do Texas. Aos amigos da academia, uma questão: as livrarias estão cheias de obras de Arthur Danto, Hal Foster, Rosalind Krauss, André Rouillé, Vilém Flusser, etc. Se alguém precisar estudar a obra do nosso mais importante crítico de arte, o Mário Pedrosa, vai ter que se contentar com apenas um ou dois volumes da coleção organizada pela Otília Arantes. Talvez, para piorar as coisas, tenha que se contentar com as 190 páginas de outro volume organizado por ela, com o Itinerário Crítico, numa edição Cosac&Naify encadernada (nada mais anti-Mário) com uma sobrecapa que reproduz parte (infelizmente) de uma obra da Lygia Pape.
Para terminar. Em entrevista recente, Roberto Machado disse que Deleuze não é um filósofo preocupado com a origem. Ele é um filósofo do meio, porque é ali, segundo ele, que as coisas acontecem, os processos se dão, as diferenças aparecem como multiplicidades. Multiplicidade é um conceito que representa todos nós.
domingo, janeiro 24, 2010
dia maravilhoso maravilhoso maravilhoso sai da minha rotina que se tornou essa semana na casa da Rita andar até o banheiro andar até a sala banho de chuveirinho algumas poucas roupas ver emails emails pensamento pensamento brrrrrrrrrrrrr comer. ler algo...descansando descansando
e comemos bebemos vinho rosé andei restaurante travessa na casa deles andei até o cinema o que foi um exercicio e tanto
vou ficar com um muque! e a perna esquerda grossa! talvez a outra também
folheei o livrinho da Sophie e foi tão bom essa sensação do mundo, sair dos meus pensamentos de sempre e o fime do Resnais com os dialogos fora dos atores como ontem no Manhattan
o tempo levemente extendido
estar na casa deles que é linda vendo as obras os moveis eu
com eles outras coisas me ver de outro jeito andar de muletas perceber que as pessoas te olham como uma invalida e isso é engraçado porque se eu fosse...e ver que posso voltar a ir para a vida
estava meio presa dentro da idéia de não
e percebi ah como demoro que não preciso ser tão externa externa externa e que posso viver algumas coisas so para mim e que não preciso dividir com todos sempre tudo tudo embora ao mesmo tempo dê uma vontade de falar olha esta acontecendo isso e isso e isso mas relativizei mudou a importância o foco
uma redescoberta
e comemos bebemos vinho rosé andei restaurante travessa na casa deles andei até o cinema o que foi um exercicio e tanto
vou ficar com um muque! e a perna esquerda grossa! talvez a outra também
folheei o livrinho da Sophie e foi tão bom essa sensação do mundo, sair dos meus pensamentos de sempre e o fime do Resnais com os dialogos fora dos atores como ontem no Manhattan
o tempo levemente extendido
estar na casa deles que é linda vendo as obras os moveis eu
com eles outras coisas me ver de outro jeito andar de muletas perceber que as pessoas te olham como uma invalida e isso é engraçado porque se eu fosse...e ver que posso voltar a ir para a vida
estava meio presa dentro da idéia de não
e percebi ah como demoro que não preciso ser tão externa externa externa e que posso viver algumas coisas so para mim e que não preciso dividir com todos sempre tudo tudo embora ao mesmo tempo dê uma vontade de falar olha esta acontecendo isso e isso e isso mas relativizei mudou a importância o foco
uma redescoberta
quarta-feira, janeiro 20, 2010
o que não escrevi: como me senti aliviada quando o médico disse que eu iria engessar o pé
ao invés de operar e ficar tres semanas esperando a operação naquela maca absurda
e humana
e o pequeno drama que protagonizei, chorando, quando levei um choque apos ouvir do médico, em palavras profissionais e rapidas
fraturou o calcâneo, vai ter que colocar um pino, cirurgia, internação ja
e a vida que estava levando até aquela hora se desmoronou na minha cabeça
agora até gosto de estar aqui, de "férias", numa casa com estrutura,
estava cansada da minha ardua casa, estava querendo me mudar mesmo!
e daquela vida ter dado uma pausa
amanhã vou alugar uma muleta
ao invés de operar e ficar tres semanas esperando a operação naquela maca absurda
e humana
e o pequeno drama que protagonizei, chorando, quando levei um choque apos ouvir do médico, em palavras profissionais e rapidas
fraturou o calcâneo, vai ter que colocar um pino, cirurgia, internação ja
e a vida que estava levando até aquela hora se desmoronou na minha cabeça
agora até gosto de estar aqui, de "férias", numa casa com estrutura,
estava cansada da minha ardua casa, estava querendo me mudar mesmo!
e daquela vida ter dado uma pausa
amanhã vou alugar uma muleta
terça-feira, janeiro 19, 2010
essa foto é da Bel na sala onde fizeram a tala e depois o gesso
na noite em que passamos pelo Miguel Couto
ja escrevi um pouquinho mas ainda estava meio triste pensando na morte da bezerra como fico sempre
e a menina que quando acordei na enfermaria lotada, além do cara recem operado todo ensanguentado do meu lado e que estava nu, estava lá também sentada numa cadeira de rodas
com um ar triste ausente ela não estava lá ou sofria muito
muito, longe
estava antes na tomografia, e tinha vomitado
depois a vi, em alguma parte, perdida ou esperando
e de manhã ela vomitou de novo, sentada na enfermaria, com mais quinze outras pessoas que também esperavam
a mulher que chorou de manhã e que me deu um copo de água
a mulher que falava de Jesus
a menina que casou com o indio aos treze anos e que se comunicava telepaticamente com ele sua alma gêmea e que escreveu um livro de poesias aos quatorze e tinha um rosto doce e louco e me perguntou se eu não lembrava dela e que adorou o livro do Coetzee que estava comigo e que disse que eu era bonita e lembrava sua mãe
a mulher que estava numa maca sem colchão e que qdo recebi alta pulou para a minha
o unico banheiro para trinta pessoas
a enfermeira mal humorada que me deu um copo de café com leite e muito açucar e eu devolvi gentilmente, e ela reclamou que eu deveria ter avisado a nutricionista que ainda não havia aparecido
a nutricionista que apareceu e não me perguntou nada
o médico lindo que parecia o Rodrigo Santoro e me deu alta repentinamente e estava de camisa pólo e perguntei à ele se ele já estava indo e ele ficou surpreso
o cara bonitão que fraturou o nariz e que foi assaltado e empurrou minha cadeira até o raio x
os maqueiros que sumiam
muitos e muitos médicos que apareceram de manhã, numa espécie de procissão
na noite em que passamos pelo Miguel Couto
ja escrevi um pouquinho mas ainda estava meio triste pensando na morte da bezerra como fico sempre
e a menina que quando acordei na enfermaria lotada, além do cara recem operado todo ensanguentado do meu lado e que estava nu, estava lá também sentada numa cadeira de rodas
com um ar triste ausente ela não estava lá ou sofria muito
muito, longe
estava antes na tomografia, e tinha vomitado
depois a vi, em alguma parte, perdida ou esperando
e de manhã ela vomitou de novo, sentada na enfermaria, com mais quinze outras pessoas que também esperavam
a mulher que chorou de manhã e que me deu um copo de água
a mulher que falava de Jesus
a menina que casou com o indio aos treze anos e que se comunicava telepaticamente com ele sua alma gêmea e que escreveu um livro de poesias aos quatorze e tinha um rosto doce e louco e me perguntou se eu não lembrava dela e que adorou o livro do Coetzee que estava comigo e que disse que eu era bonita e lembrava sua mãe
a mulher que estava numa maca sem colchão e que qdo recebi alta pulou para a minha
o unico banheiro para trinta pessoas
a enfermeira mal humorada que me deu um copo de café com leite e muito açucar e eu devolvi gentilmente, e ela reclamou que eu deveria ter avisado a nutricionista que ainda não havia aparecido
a nutricionista que apareceu e não me perguntou nada
o médico lindo que parecia o Rodrigo Santoro e me deu alta repentinamente e estava de camisa pólo e perguntei à ele se ele já estava indo e ele ficou surpreso
o cara bonitão que fraturou o nariz e que foi assaltado e empurrou minha cadeira até o raio x
os maqueiros que sumiam
muitos e muitos médicos que apareceram de manhã, numa espécie de procissão
segunda-feira, janeiro 18, 2010
tinha escrito na ilha achei no meu caderninho
tentando
a galinha esta dormindo na escada
preciso de uma reeducação sentimental
conversas formais
mas esse marzão todo e céu enorme e terra enorme,
e fantasias estúpidas
o que importa é a animação, somente
Fernando diz que precisamos agradecer
agradecer estar aqui parada com o pé engessado
meio triste
tudo bem
tentando
a galinha esta dormindo na escada
preciso de uma reeducação sentimental
conversas formais
mas esse marzão todo e céu enorme e terra enorme,
e fantasias estúpidas
o que importa é a animação, somente
Fernando diz que precisamos agradecer
agradecer estar aqui parada com o pé engessado
meio triste
tudo bem
dormi um pouco, acordei eram quatro e pouco da manhã, resolvi pegar o lençol que cobria a cama e me cobrir, tinha um montinho de areia tentei guardar a areia, a areia da praia onde tudo aconteceu
o bom é que tudo fica sem sentido: os desejos, quereres, pensamentos, cobranças a unica coisa é esperar os acontecimentos
toca um despertador no meio dessa enfermaria permanentemente acesa; meu pé dói
estava tudo tão encaixado e eu desencaixei foi isso desequilibrei espontaneamente e na praia eu não estava ali?
só em superfície a casca
e foi tudo tão rápido
o bom é que tudo fica sem sentido: os desejos, quereres, pensamentos, cobranças a unica coisa é esperar os acontecimentos
toca um despertador no meio dessa enfermaria permanentemente acesa; meu pé dói
estava tudo tão encaixado e eu desencaixei foi isso desequilibrei espontaneamente e na praia eu não estava ali?
só em superfície a casca
e foi tudo tão rápido
sexta-feira, janeiro 15, 2010
hoje foi bom e ruim
agora chove muito e tenho medo de ficar sem luz, de novo
e nao poder ler nem escrever nem mandar coisas pela internet
medo de acordar e a sala estar alagada
uma sensação de desconforto
o bom foi o apartamento lindinho e correr no final de tarde, esperando que caisse uma chuvinha
ruim passar a tarde e a noite toda sem luz
esperando sem saber
e so agora, de madrugada...
agora chove muito e tenho medo de ficar sem luz, de novo
e nao poder ler nem escrever nem mandar coisas pela internet
medo de acordar e a sala estar alagada
uma sensação de desconforto
o bom foi o apartamento lindinho e correr no final de tarde, esperando que caisse uma chuvinha
ruim passar a tarde e a noite toda sem luz
esperando sem saber
e so agora, de madrugada...
quarta-feira, janeiro 13, 2010
segunda-feira, janeiro 11, 2010
sábado, janeiro 09, 2010
adorando as imagens dessa letra e dessa musica e da interpretação da Shirley Horn
you're nearer than my head is to my pillow
nearer than the wind is to the willow
dearer than the rain is to the earth below
precious as the sun to the things that grow
you're nearer than the ivy to the wall is
nearer than the winter to the fall is
leave me but when you're away, you'll know
you're nearer for i love you so
you're nearer than my head is to my pillow
nearer than the wind is to the willow
dearer than the rain is to the earth below
precious as the sun to the things that grow
you're nearer than the ivy to the wall is
nearer than the winter to the fall is
leave me but when you're away, you'll know
you're nearer for i love you so
livros que quero
(e tempo para lê-los)
herta muller
o juventude que comecei à reler e nao tenho tido tempo, um pouquinho ontem no metrô indo para a praia, ele fala de Pound e Elliot e penso se deveria conhece-los melhor
José Castello fala do livro do Martin Page e adorei a estoria
mas a forma como a estoria é contada é que importa
lembrei de Perto do Coração Selvagem, um dos meus preferidos, o começo tléc, tléc
and and and, not not
Doris Lessing
passar os dias cercada de livros e tempos
e gatos que são isso também porque são misteriosos e dormem muito
(e tempo para lê-los)
herta muller
o juventude que comecei à reler e nao tenho tido tempo, um pouquinho ontem no metrô indo para a praia, ele fala de Pound e Elliot e penso se deveria conhece-los melhor
José Castello fala do livro do Martin Page e adorei a estoria
mas a forma como a estoria é contada é que importa
lembrei de Perto do Coração Selvagem, um dos meus preferidos, o começo tléc, tléc
and and and, not not
Doris Lessing
passar os dias cercada de livros e tempos
e gatos que são isso também porque são misteriosos e dormem muito
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