A arte de perder
A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subsequente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)
não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério.
(Elizabeth Bishop; trad. Paulo Henriques Britto)
sábado, outubro 22, 2011
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3 comentários:
Andre, entrei na travessa do ouvidor hoje rapidinho e vi todos os poemas pendurados!
li logo esse da elisabeth que eu AMO! foi idéia sua fazer essa instalação? ficou tudo lindo!
ah, eu continuo escrevendo no outro blog:
www.umcopodeblogspot.com
mas resolvi fazer esse de sonhos, porque eles, eu escrevo todo dia! :)
beijos
ops, comi o Andre(a). rs
ah, que legal!!! a idéia de espalhar poemas pela Travessa foi minha, do Carlinhos, que é o gerente não sei se vc conhece e do Leo Marona, poeta.Mas eu que escrevi/pintei todos e pendurei - e esse da Bishop foi idéia minha, pendurei ontemLos outros praticamente foram selecionados pelo leo que saca mais de poesia do que eu.
Que BOM que vc gostou!!!
ah esse outro blog eu não conhecia, so o falatorio que acho que esta meio parado, né?
Bjssss e apareça na outra loja, rs.
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