quarta-feira, outubro 12, 2011
fazendo experiencias para a idéia de pendurar as poesias pela livraria, lembrei do Caetano cantando essa, do Maiakovski, n'O Percevejo. Depois a Gal cantou, ficou meio cliche, mas gosto mesmo assim. Não consegui achar quem fez essa tradução; achei uma outra versão, traduzida pelo Haroldo de Campos, mas essa é a da minha memoria.
PERSONALIDADE
Talvez quem sabe, um dia
por uma alameda do zoológico
ela também chegará
ela que também amava os animais
entrará sorridente assim como está
na foto sobre a mesa
ela é tão bonita
ela é tão bonita que na certa eles a ressuscitarão
o século trinta vencerá
o coração destroçado já
pelas mesquinharias
agora vamos alcançar tudo o que não podemos amar na vida
com o estrelar das noites inumeráveis
ressuscita-me
ainda que mais não seja
porque sou poeta
e ansiava o futuro
ressuscita-me
lutando contra as misérias do quotidiano
ressuscita-me por isso
ressuscita-me
quero acabar de viver o que me cabe
minha vida para que não mais existam amores servis
ressuscita-me
para que a partir de hoje a partir de hoje
a família se transforme e o pai seja pelo menos o universo
e a mãe seja no mínimo a terra
Vladimir Maiakovski
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