segunda-feira, outubro 17, 2011

Pego o computador e a pasta dos poemas esta aberta, na do Bukowski que postei antes. Estava começando à refazer algumas das que ficaram meio ruinzinhas, mas Carlota resolveu sentar em cima, para ajudar, como sempre, e desisti. Tenho vontade de fazer varias, sempre que leio é gostoso, algumas, não todas; o problema é que não para de chover e o lugar ideal pra isso seria na mesa amarela do quintal, depois coloco pra secar no varal. Essa é uma delas.

“Estilo”

Estilo é a resposta para tudo.
Novo jeito de encarar um dia estúpido ou perigoso.
Fazer algo estúpido com estilo é preferível a fazer algo perigoso sem estilo.
Fazer algo perigoso com estilo, é o que chamo de arte.
Touradas podem ser uma arte.
Boxe pode ser uma arte.
Amar pode ser uma arte.
Abrir uma lata de sardinha pode ser uma arte.
Não muitos têm estilo.
Não muitos podem manter o estilo.
Eu vi cachorros com estilo mais do que homens.
Apesar de não muitos cachorros terem estilo.
Gatos têm em abundância.

Quando Hemingway estourou seus miolos na parede com uma espingarda, isso era estilo.
Por um tempo pessoas te dão estilo.
Joana D’Arc tinha estilo.
João Batista tinha estilo.
Jesus.
Sócrates.
César.
Garcia Lorca.
Eu conheci homens na cadeia com estilo.
Eu conheci mais homens na cadeia com estilo do que fora da cadeia.
Estilo é a diferença, um jeito de se fazer, um jeito de ser feito.
Seis pássaros em silêncio numa poça d’água, ou você, saindo
do banheiro nua sem me ver.

(Bukowski; trad. Leonardo Marona)

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