Bachelard, a intuição do instante
...é este tempo vertical que o poeta descobre quando recusa o tempo horizontal, isto é, o devir dos outros, o devir da vida, o devir do mundo. Eis, pois, as três ordens de experiências sucessivas que devem desatar o ser amarrado no tempo horizontal:
1. habituar-se a não referir seu tempo próprio ao tempo dos outros: quebrar os quadros sociais da duração;
2. habituar-se a não referir seu tempo próprio ao tempo das coisas: quebrar os quadros fenomenais da duração;
3. habituar-se - duro exercício - a não referir seu tempo próprio ao tempo da vida (não saber mais se o coração bate, se a alegria impulsiona): quebrar os quadros vitais da duração.
Somente então atingimos a referência auto-sincrônica, um centro de nós mesmos sem vida periférica. De repente, toda a horizontalidade plana se esvai. O tempo não corre mais. Ele brota.
(L´intuition de l´instant, 1973, p.103-106)
terça-feira, setembro 29, 2009
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Um comentário:
Belíssima sacada.
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