sexta-feira, setembro 12, 2008

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Toco a sua boca com um dedo toco o contorno da tua boca vem desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão como se pela primeira vez a tua boca se entreabrisse e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e se desenha no rosto uma boca eleita entre todas, com soberana liberdade eleita por mim para desenhã-la com minha mão em teu rosto e que por um acaso, que não procuro compreender, coincide exatamente com a tua boca que tem debaixo daquela que a minha mão te desnha.
Tu me olhas, de perto tu me olhas, cada vez mais de perto e então, brincamos de cíclope, olhamo-nos cada vez mais de perto, e nossos olhos se tornam maiores, sobrepoem-se e os cíclopes se olham, respirando indistintos, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se nos teus cabelos, acariciar lentamente a profundidade do teu cabelo enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes de movimentos vivos, de fragância obscura. E, se nos mordemos, a dor é doce e, se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de folêgo, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu te sinto tremular contra mim, como uma lua na água.
o Jogo da Amarelinha, com uma semana de atraso, mas vale 'a pena sempre vale
e essas noites doces e inócuas e efemeras e eu não sei muito o que fazer leveza mas tambem e os acentos não me obedecem nada me obedece e como estará o gatinho em casa

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