terça-feira, julho 03, 2012


Três crianças conduzidas à escola. 
Outro deux-chevaux verde-maçã. 
Outra revoada de pombos na praça. 
Um ônibus 96 passa e pára no ponto de Saint-Sulpice; Geneviève Serreau desce e envereda pela Rue des Canettes. Eu a chamo, batendo no vidro da janela do café; ela se aproxima para me cumprimentar. 
Passa um ônibus 70. 
Pára de tocar o sino da igreja. 
Uma menina come metade de um bolo. 
Um homem de cachimbo e valise preta. 
Passa um ônibus 70. 
Passa um ônibus 63. São duas e cinco da tarde.
A experiência "termina":
Quatro crianças. 
Um cão. 
Uma nesga de raio de sol. 
O ônibus 96. São duas horas.

Em 1975, o escritor vanguardista Georges Perec decidiu registrar o que acontecia numa só praça parisiense em menos de 24 horas distribuídas ao longo de três dias consecutivos de outubro. Na sua "Tentative d'épuisement d'un lieu parisien  - Tentativa de exaustão de um local parisiense",  citado em Paris - Biografia de uma Cidade, de Colin Jones) . 
Estava sentada ao lado da mini seção Paris, folheando essa "grande" historia da cidade e me diverti com essa lista do Perec, que alias parece um especialista nisso. 

Procurando mais alguma informação sobre esse livro do Perec entrei num blog, que não falava nada sobre ele mas falava de outros, não sei se é um blog português, talvez, gostei da descriçao desse livro , onde ele faz uma comparação com o Perec. 
Os NichosSeverin Dayek, 1971 – Editora Unir - Camarões (1922-2011)
Um livreiro observa seus livros se transformarem pela ação dos cupins. Uma a uma obras de Dostoiévski, Gogol, Hemingway, Karel Tchapek, Nicolás Guillén se convertem em um emaranhado de pequenos túneis que, para o narrador, se assemelham a animais, rostos de antigos conhecidos, uma cena bucólica esquecida na infância. Os nichos é uma metáfora da morte e da mudança. A pequena novela do escritor camaronês foi publicada durante as sua estadia na França e logo despertou o interesse de gente como Georges Perec e Nathalie Serraute pelo parentesco com o nouveau roman, embora em Dayek a descrição esteja mais no mundo que existe na cabeça do narrador e, embora mais uma vez, o eu desse narrador se negue como tal. Em um paralelo, o processo descritivo no movimento francês afirma a impessoalidade. Já a obra do camaronês nega a impessoalidade e o seu avesso ao mesmo tempo.  Se para o leitor francês o texto já era um caleidoscópio enganoso, em português, aqui na tradução de Odara Mendes, há mais uma transformação, mais uma ação que corrompe e transforma, mata e dá vida. Um livro de Dayek é sempre uma surpresa. Mas o autor foi um homem sem biografia: morto no ano passado, quase não foi publicado. Trechos:
“Eu sou os meus livros. Eu sou todas estas palavras dos outros, o meu corpo não me pertence. Eu não tenho palavras minhas. Vejo o meu corpo ali sendo devorado.” 
“Os pequenos túneis são como veias que se apossam do papel e o transformam num objeto mais próximo do ser humano, algo mais orgânico, algo que se assemelha à própria pele, a pele recheada de pequenos escorpiões.” 
“A morte sabe o nome de todas as coisas.” 
livrosquevoceprecisaler.wordpress.com

quinta-feira, junho 28, 2012

hoje chegou o segundo livro da trilogia do john dos Passos o primeiro gostei muito personagens pré beatnics buscando vivendo indo de um lugar pra outro tentando ganhar algum dinheiro mas sem um compromisso maior (as vezes).  Os Informantes da mil voltas vai te envolvendo numa trama fica até um suspense mas pula de uma estoria pra outra de um personagem a outro e nunca chega a nenhum lugar e cansei um pouco apesar de bem escrito então comecei o Julian Barnes estou no comecinho mas gostei, simples. ontem primeiro uma moça em pé no ônibus com uma mochila que quase batia na minha cara meio chato, depois vagou um lugar na janela me esgueirei pra la e ... veio uma moça enorme e se sentou ao meu lado, fiquei meio sufocada a viagem inteira, enfim como diz o Pedro odeio andar de ônibus. ou são os paralelepipedos chacoalhando o ônibus treme todo um tempão toda a descida da Joaquim murtinho + a Silvio Romero não consigo achar nada para escutar  tinha que fazer outras coisas fora de casa também...  não sei mais escrever, antes fluia eu dava uma mexida aqui e ali, corrigia, mas agora não

sábado, junho 23, 2012


mesa na sala maravilhosa porque fica de frente pra essa janela e essa vista bem melhor do que no quarto, num cantinho, de frente pra parede. nao comprei lâmpadas. estava achando que nao dava pra postar com esse velho mac ja que o meu nao liga enganada que bom estava com saudades de escrever frases vinham e sumiam e eu achando que nao dava. so nao acho o til, além do acento agudo que ja nao tinha no outro mesmo. sempre depois de ver e ler coisas legais me sinto maravilhada como se tivesse participado também vai ver participo. comi quase duzentas gramas de mix de frutas secas etc. vontade  de ler também o Julian Barnes e o Teju Cole e continuar o Juan Gabriel Vasquez  bom estar proximo deles todos

quarta-feira, junho 13, 2012

chego em casa exausta livraria punk  sempre durmo de tarde ontem então que foi dia dos namorados dormi assim que cheguei hoje demorei mais um pouquinho... depois da um vazio Fernando diz que tenho que abraçar o meu vazio ok estou tentando mas é isso mesmo? vazio sono fome e depois não durmo e depois não consigo acordar. mudei a sala toda pelo menos. segunda foi um dia sui generis nunca achei alias que ia escrever sui generis mas encontrei a Laura no metrô indo pra ipanema Sacramento foi na Travessa contando mil estorias e sai com ele e não sei porque não ficamos mais tempo juntos como o André tinha me ligado retornei e fomos ao cinema mas foi estranho o filme e tudo e fui andando depois até o Zona sul do flamengo pra comprar pão francês que às vezes é bom demais quebra a rotina pão integral pão integral  e encontrei a Claudia Gr.! que acabou me trazendo em casa e hoje foi a Ana L. na rua da Carioca. fico rabiscando rabiscando.

sexta-feira, junho 08, 2012

Roman Kramsztyk, portrait of Moise Kisling




indo de um lado para outro acabei parando no  Moise Kisling... e me apaixonei por ele! por ele, pelo Modigliani, por varios de seus quadros, às vezes um detalhe do quadro, e portraits que fizeram dele, um "tipo raro".... meio dândi, talvez. procurar algum livro sobre ele.
chego em casa e vontade de fazer muitas coisas varias ao mesmo tempo não as coisas e sim as vontades de fazer e tudo esta esperando também, entre outras que não "estão" porque não existem ainda  o armario por arrumar em cima e também os sapatos dentro meio enclausurados coitados meio abandonados porque uso sempre os mesmos 2 ou 3 e os outros tem que esperar quando e na verdade preciso de outro armario, uma arara suspensa talvez e a maquina que esta em cima da cama e algumas roupas e o chapéu que vou dar pra Fernanda (...) e Carlota e o livro da Dulce Maria Cardoso que trouxe os rolinhos forrar ? e a estrutura de cupula de abajur os pseudobordados gravei outro cd do Brad Modern Music tocando com outro pianista Kevin Hays e a capa é linda (também) o que percebi é que tenho que sumir com essa minha mania de querer que as coisas sejam do meu jeito porque não serão ponto inelutavel  (e o contrario disso) e humor focar em otras coisas os outros que importam? agora esta muito lindo parecem ondas

quinta-feira, junho 07, 2012

Mamma Andersson


chove tanto e esta azul de fim de tarde la fora. janelas fechadas, sempre gostei, lembra algo da infância, janelas da Bulhões, acho. e rola um ventinho também, porque as arvores se mexem um pouco. lembrando do sonho o apartamento que eu queria e eu tentava comer algo com curry que ficava entalado na minha garganta e depois vi  a Carlota deitada em cima do meu pescoço!, acho que era por isso. outro dia eram ondas gigantes levando tudo e acabando com a areia da praia, tenho a impressão de que todo mundo ja sonhou com isso eu pelo menos ja, outras vezes. não esqueci, por enquanto.



caminho





domingo, junho 03, 2012

Acabei ficando com o Tchekhov pra mim, porque a gente so ia comprar mesmo no dia de receber e o Chico não foi nesse dia e sumiu, enfim, a estoria é maior mas não tem importância
 que eu adorei li numa tarde praticamente e fiquei feliz de ter lido
como se eu tivesse conhecido uma pessoa nova
achei os personagens e a estoria tão verdadeiros, palavra meio ruim talvez mas não sei qual outra palavra poderia ser 
humano sei la
alias tenho gostado do que tenho lido 
os dublinenses li varios contos paro às vezes leio unzinho, hoje por exemplo no metrô ( livro de bolso, otimo para ônibus e afins) 
um ar, cenas irlandesas, no final muitas pessoas vivendo pequenas coisas
e que se entrelaça com o John dos Passos, também retratos daquela época só que nos Estados Unidos, e um dos personagens principais descendente de irlandeses
e Marcel Duchamp ou o castelo da pureza que esta parado esperando num cantinho depois que me maravilhei com todo o começo - e que me serviu pra escrever pra exposição enfim, tinha um certo enjôo do Duchamp porque ele virou um rei venerado e obrigatorio no meio artistico e nesse livrinho vi um outro lado dele muito mais interessante
irônico brincador etc 
e a Llansol que folheio, às vezes amo e às vezes acho muito distante
o Artaud parei uma biografia cansativa cheia de detalhes, embora tenha me feito até comprar um livro com textos dele e amado e ficado com dó dele ter sido tão incompreendido, época errada

nunca mais comer salmão, pesando até agora

hoje pensei : adoro os dias, o ar parece mais leve, a claridade, um silêncio maior, as possibilidades que estão em aberto, muito mais do que a noite, que parece idêntica e parada e um pouco presa

sábado, junho 02, 2012

cansaço total do clima fast-book pessoas grossas e estressadas uma atras da outra desorganização. hoje não fui, dor de cabeça também. chateada com a arrogância... incomunicabilidade entre as pessoas. ainda tentei ficar no baldaço, burrice total. cheguei em casa e dois sanduiches maravilhosos de queijo ja bastaram pra me trazer de volta à vida. li ontem -e hoje terminei - Minha Vida, do Tchekhov amei! simples, humano, toda a questão da violenta sociedade russa dessa época, e que so poderia ser violenta mesmo, ja que a divisão social era absurda, mujiques pobres, servos, e uma nobreza que não fazia nada. corrupção generalizada, fome. lembra questões que Tolstoi ira se preocupar, acho que ele é de uma geração posterior, não sei. e se fazer o que se quer da vida, independente das pressões sociais/ familiares. escritores russos sempre ligados com as questões da época. do Tchekhov conhecia alguns contos, o filme do Louis Malle Tio Vânia em Nova York que amei, a peça As Três Irmãs que vi no CCBB anos atras, da Bia Lessa acho.
dando uma limpada nos dowloads achei alguns quadros da Mamma Andersson, artista sueca de 1962.