quarta-feira, janeiro 04, 2012
segunda-feira, janeiro 02, 2012
segunda-feira, dezembro 26, 2011
adoro esse coro feminino do Tous les matins du monde, de repente se esta em outro lugar, Troisieme Leçon de Tenebres à 2 voix, François Couperin, XVII seculo, Sainte Colombe, as fotos poucas que tirei ficaram ruins... hoje sem sentido nenhum na T., agora fiquei viajando numa vitrine quem sabe, sdkvbn vdsqueria tanto escrever, com estorias na cabeça e agora nada,
sábado, dezembro 24, 2011
sol ou o que percebo é o calor gigantesco, deixa de ser calor e passa a ser um ar tão abafado e denso que te envolve como uma bolha e voce esta dentro dessa bolha eu estou dentro e andar na rua, uma experiencia surrealista, parecia tudo tão diferente e cheio, flutuando. cigarras cantam e eu 1. sem conseguir nem sair para ver pessoas por exaustão fisica e falta de interesse também e 2. não gostando de ficar em casa também, isso tudo igual à insatisfação preciso preciso arrumar outras vidas para escapar de viver so essa, ontem o Kafka do Crumb e identificação, apesar de antes ter me irritado com ele egocentrico nas cartas para Felice e medroso medroso, mas sim pelo "é e não é" uma coisa, e a culpa por tudo que não é e supostamente deveria ser; e irritação também. ao mesmo tempo comi um figo e adorei, chego em casa as coisas chamam, as roupas na cama e na cadeira, o chão para varrer, poeiras, poeiras nas coisas fora do lugar, e livros também me chamam vontade de deitar na rede e ler, ou pensar, e não dar a menor bola pro outros que estão chamando ... enfim, escrever também estava pulsando enquanto andava no sol escaldante; agora um banho de mangueira, desci um pouco à terra. O Pamuk aqui do meu lado, a pintura da capa é bonita, de Vilhelm Hammershoi, parece um detalhe, vou procurar saber quem é e a diarista quando veio foi otimo tudo tão arrumadinho e não precisaria desperdiçar meu precioso tempo, mas estranho que sumiram as minhas moedas do I-Ching que ficavam numa caixinha, anos e anos... vontade de mandar algumas pessoas catarem coquinho o exame deu negativo então é so uma dor muscular? e os sonos? uma certa depressão, deve ser.
domingo, dezembro 18, 2011
fico deitada na cama olhando pra Panda que dorme, olhos fechados, velhinha velhinha, a respiração parece ofegante, e que quase não sai mais do lugar, de noite à vejo entrando no quarto para comer ... nos domingos gosto de ficar com ela. ontem me deu um certo alivio quando, depois de beber umas cervejas e voltar pra casa, senti voltar a dor do lado direito, nas costas; realmente estou com algum problema que acho que é nos rins, e talvez isso explique tudo? o sono todas as tarde, acordar de madrugada, a falta de energia, o desanimo. ou eu esteja querendo que explique tudo, rs. mas senti como tudo esta ligado, o corpo e a cabeça e as sensações e pensamentos, tudo uma coisa so. e a cabeça confusa; ontem a cerveja ajudou a desconfusionar; na verdade minhas irritações livrescas são tão pessoais (e no fundo não servem para nada) ...e quero parar de dar importancia à elas, a unica coisa que é mais dificil é a falta de grana. o chato é que, pelo jeito, não posso mais usar desse artificio que relativiza tudo, que é beber. espero conseguir falar com o Francisco na segunda para ver se ele viu o resultado do exame e também marcar ou não o transporte do piano. sera que vai rolar Ilha Grande e como? dfgjdfjgdkfb
quinta-feira, dezembro 15, 2011
De onde vem esta ternura?
Não são os teus primeiros cabelos
Que afago, e ja conheci labios
Mais sombrios do que os teus labios.
Brilharam estrelas, depois ficaram palidas
(de onde vem esta ternura?)
brilharam olhos, tão perto dos meus olhos,
depois, quase se apagaram.
Melhores cantos que estes
ouvi eu no coração da noite
(de onde vem esta ternura?)
gravados no peito do cantor.
De onde vem esta ternura?
E que vem fazer com ela, o tu,
o astucioso, o estrangeiro de passagem?
E as tuas pestanas, as mais longas que ja vi?
(Marina Tsetaieva, trad Antonio Mega Ferreira)
Não são os teus primeiros cabelos
Que afago, e ja conheci labios
Mais sombrios do que os teus labios.
Brilharam estrelas, depois ficaram palidas
(de onde vem esta ternura?)
brilharam olhos, tão perto dos meus olhos,
depois, quase se apagaram.
Melhores cantos que estes
ouvi eu no coração da noite
(de onde vem esta ternura?)
gravados no peito do cantor.
De onde vem esta ternura?
E que vem fazer com ela, o tu,
o astucioso, o estrangeiro de passagem?
E as tuas pestanas, as mais longas que ja vi?
(Marina Tsetaieva, trad Antonio Mega Ferreira)
E Cantou como canta a Tempestade
Musica
Para Dmitri Dmitrievitch Shostakovich
O vestigio de um milagre arde dentro dela,
e so o seu olhar, multiplo e brilhante,
me dirige a palavra, fala-me de perto,
quando outros receiam aproximar-se.
Quando o ultimo dos amigos despediu de mim o olhar,
ela veio deitar-se no tumulo ao meu lado
e cantou como canta a tempestade,
como se todas as flores começassem a falar.
Anna Akhmatova, 1958.
Para Dmitri Dmitrievitch Shostakovich
O vestigio de um milagre arde dentro dela,
e so o seu olhar, multiplo e brilhante,
me dirige a palavra, fala-me de perto,
quando outros receiam aproximar-se.
Quando o ultimo dos amigos despediu de mim o olhar,
ela veio deitar-se no tumulo ao meu lado
e cantou como canta a tempestade,
como se todas as flores começassem a falar.
Anna Akhmatova, 1958.
o mais estranho é que depois dos trovões assustadores, choveu uns dez minutinhos, ou um pouco mais, e depois parou.
hoje chuva de novo, meus sapatos encharcados, acho que me faço de vitima, ando sem animação nenhuma. desanimação.
ainda por cima final do ano, com essa energia toda no ar.
sei la mil coisas.
hoje chuva de novo, meus sapatos encharcados, acho que me faço de vitima, ando sem animação nenhuma. desanimação.
ainda por cima final do ano, com essa energia toda no ar.
sei la mil coisas.
quarta-feira, dezembro 14, 2011
chove muito muito e caem raios assustadores ou os trovões que são assustadores
essa casa me parece meio fragil quando chove, a porta da cozinha não fecha direito, os panos ficaram la fora e não da, entra um pouco de agua por debaixo da porta de vidro da sala
espero que não acabe a luz
Panda ficou assustada
chego em casa e como ameixas, hoje, ontem, outro dia, parece até um ritual
o dia esta cinza claro, um grande céu cinza, as nuvens ja se desfizeram em agua
e hoje me enrolei com o exame, sempre me enrolo, apesar de ter feito tudo
e um grande tédio e vontade fisica de não fazer nada
e vontade de fazer e estar com disposição
mas não tenho
essa casa me parece meio fragil quando chove, a porta da cozinha não fecha direito, os panos ficaram la fora e não da, entra um pouco de agua por debaixo da porta de vidro da sala
espero que não acabe a luz
Panda ficou assustada
chego em casa e como ameixas, hoje, ontem, outro dia, parece até um ritual
o dia esta cinza claro, um grande céu cinza, as nuvens ja se desfizeram em agua
e hoje me enrolei com o exame, sempre me enrolo, apesar de ter feito tudo
e um grande tédio e vontade fisica de não fazer nada
e vontade de fazer e estar com disposição
mas não tenho
domingo, dezembro 11, 2011
Vontade de ler A Lebre com olhos de Ambar
Borges que quase não li, outro dia uma cliente falou de um conto no Livro de Areia
Istambul, do Pamuk
um livrinho que vi com poemas da Marina Tsetaeva e da Anna Akhmatova que não lembro o nome
biografia da Tsetaeva que o Pedretti falou, do Todorov
A Beleza salvara o Mundo, do Todorov
Ascensão e queda do Comunismo
Alain de Botton
Rimbaud
...
Borges que quase não li, outro dia uma cliente falou de um conto no Livro de Areia
Istambul, do Pamuk
um livrinho que vi com poemas da Marina Tsetaeva e da Anna Akhmatova que não lembro o nome
biografia da Tsetaeva que o Pedretti falou, do Todorov
A Beleza salvara o Mundo, do Todorov
Ascensão e queda do Comunismo
Alain de Botton
Rimbaud
...
sábado, dezembro 10, 2011
Como sempre, me aproximo de alguns livros e não de outros, não sei exatamente porque, alguns me atraem piscando no meio da bancada, dou uma olhadela como um gato cheirando outro gato, meio desconfiada, um pouco curiosa; e então, num desses namoros, resolvi levar para casa o primeiro livro da trilogia Os Sonambulos, do Hermann Broch; é engraçado!, absurdo, os delirios que so acontecem na cabeça dele, as duvidas, um entre ... muito bom até agora . Engraçado como essa época - fim do século/começo do século 20, surgiram esses escritores austriacos, alemães como Kafka, Walser, Thomas Mann, Schnitzler, Musil, com uma escrita tão pessoal (não sei se existem escritas não pessoais, enfim...),tão significantes de uma época de mudanças...obvio tudo isso, enfim. Na verdade, desses que falo, o Thomas Mann nunca rolou, O Musil ainda não li, enfim de novo.
sexta-feira, dezembro 09, 2011
Lidos/não lidos
Tarantula, por causa do filme do Almodovar, thriller estranho, um pouquinho diferente do filme, legalzinho
Os Irmãos Tanner, maravilhoso, adorei o Walser, meio naif, completamente anarquista, verdadeiro, pessoal
Bartleby, Melville, maravilhoso, tem à ver com o Walser, o personagem que faz o que quer e diz não mas o Walser é aberto pra vida e o Bartleby não
Jacob von Gunten, idem
Anticancer, gostei muito, pesquisas alternativas de tratamento, as estorias são legais, de mudança e superação, e também o relato do conservadorismo e protecionismo médico
O Fim do Sofrimento, gostei, é legal a mistura da historia da vida dele com o interesse pelo desaparecimento do budismo na India e a pesquisa que ele faz sobre isso, a historia do Buda, é muito bonito
Calma no Caos, foi o primeiro livro budista que li, aplicação pratica do budismo na vida diaria dele, muito bom, emprestei, tenho que pegar de volta
O Instante Continuo e Jeff em Veneza, morte em Varanasi, do Geoff Dyer, adorei, o primeiro pela estorias fotograficas, o segundo é um humor ingles, agil saboroso
Doutor Pasavento, Vila Matas (nt) e Historia abreviada da Literatura Portatil (não terminei), no começo amei, depois não sai mais daquilo, do autor que quer desparecer, repete, repete, e e então cansei, e o Historia Abreviada também fica aquela mesma coisa...
A Love Supreme, legalzinho, sobre a gravação do disco maximo do Coltrane
folheada no Atlas do Romance Europeu
Diario da Queda, gostei, escrita pessoal, um acerto de contas com o pai, tenho que achar a critica, hehehe
Dois Rios, bom, duas estorias parecidas, gostei do recurso das pausas quando os personagens "dançam", pausas são sempre boas
A Chave de Casa, bonzinho
A invenção de Morel, Adolfo Bioy Casares, otimo
O Mal ronda a Terra, Tony Judt, deixei de ler porque peguei algum outro livro e agora fica dificil voltar, toda uma analise historica que ele vai construindo sobre o desaparecimento do estado do Bem estar Social, muito bom, vontade de ler outros livros dele
Comecinho do Richard Rorty, Contingencia, ironia e sociedade, dificil
Comer Carne, Jonathan Safran Foer, importantissimo e corajoso pelas descrições terriveis da industria da carne, legal
pedaços do Cidades Invisiveis, não consigo ler o Calvino, acho bom mas não me "pega",
comecei Os Irmãos Karamazov mas parei, adorei Crime e Castigo e O Adolescente, mas esse é mais cansativo, os personagens discutem o tempo todo, enfim tenho que voltar
Aprender a Viver, Luc Ferry,que infelizmente parei e quero retomar, estava gostando
Do que eu falo quando falo de corrida, Apos o anoitecer e Kafka à Beira-mar, Murakami, tem um mistério que é legal mas enjoa um pouco, legal
Historia do Cabelo, yes!, frases longas cheias de pensamentos, correlações subjetivas, gostei muito do Alan Pauls
heisenberg, sim, as descrições das discussões e passeios e a "saga" da fisica quantica, Bohr, Schrodinger, etc
Sabedoria Incomum, o percurso do Fritjof Capra na década de 50/60/70, contracultura e as pessoas que ele conheceu, legal
Borges Oral, alguns gostei mais outros menos
Ezra pound, gostei bastante de conhecer a historia da vida dele, junto com analises de pedaços de poemas
eliot, sim!
amorpoesiasabedoria, legal
memoria de elefante, otimo
a liberdade oculta da mente, Tartang Thulku, budismo,otimo
poesias Eliot, Cummings, Pound, William Carlos Williams, Ana C, ...
o espirito zen
biografia da Anna Akhmatova
...
Tarantula, por causa do filme do Almodovar, thriller estranho, um pouquinho diferente do filme, legalzinho
Os Irmãos Tanner, maravilhoso, adorei o Walser, meio naif, completamente anarquista, verdadeiro, pessoal
Bartleby, Melville, maravilhoso, tem à ver com o Walser, o personagem que faz o que quer e diz não mas o Walser é aberto pra vida e o Bartleby não
Jacob von Gunten, idem
Anticancer, gostei muito, pesquisas alternativas de tratamento, as estorias são legais, de mudança e superação, e também o relato do conservadorismo e protecionismo médico
O Fim do Sofrimento, gostei, é legal a mistura da historia da vida dele com o interesse pelo desaparecimento do budismo na India e a pesquisa que ele faz sobre isso, a historia do Buda, é muito bonito
Calma no Caos, foi o primeiro livro budista que li, aplicação pratica do budismo na vida diaria dele, muito bom, emprestei, tenho que pegar de volta
O Instante Continuo e Jeff em Veneza, morte em Varanasi, do Geoff Dyer, adorei, o primeiro pela estorias fotograficas, o segundo é um humor ingles, agil saboroso
Doutor Pasavento, Vila Matas (nt) e Historia abreviada da Literatura Portatil (não terminei), no começo amei, depois não sai mais daquilo, do autor que quer desparecer, repete, repete, e e então cansei, e o Historia Abreviada também fica aquela mesma coisa...
A Love Supreme, legalzinho, sobre a gravação do disco maximo do Coltrane
folheada no Atlas do Romance Europeu
Diario da Queda, gostei, escrita pessoal, um acerto de contas com o pai, tenho que achar a critica, hehehe
Dois Rios, bom, duas estorias parecidas, gostei do recurso das pausas quando os personagens "dançam", pausas são sempre boas
A Chave de Casa, bonzinho
A invenção de Morel, Adolfo Bioy Casares, otimo
O Mal ronda a Terra, Tony Judt, deixei de ler porque peguei algum outro livro e agora fica dificil voltar, toda uma analise historica que ele vai construindo sobre o desaparecimento do estado do Bem estar Social, muito bom, vontade de ler outros livros dele
Comecinho do Richard Rorty, Contingencia, ironia e sociedade, dificil
Comer Carne, Jonathan Safran Foer, importantissimo e corajoso pelas descrições terriveis da industria da carne, legal
pedaços do Cidades Invisiveis, não consigo ler o Calvino, acho bom mas não me "pega",
comecei Os Irmãos Karamazov mas parei, adorei Crime e Castigo e O Adolescente, mas esse é mais cansativo, os personagens discutem o tempo todo, enfim tenho que voltar
Aprender a Viver, Luc Ferry,que infelizmente parei e quero retomar, estava gostando
Do que eu falo quando falo de corrida, Apos o anoitecer e Kafka à Beira-mar, Murakami, tem um mistério que é legal mas enjoa um pouco, legal
Historia do Cabelo, yes!, frases longas cheias de pensamentos, correlações subjetivas, gostei muito do Alan Pauls
heisenberg, sim, as descrições das discussões e passeios e a "saga" da fisica quantica, Bohr, Schrodinger, etc
Sabedoria Incomum, o percurso do Fritjof Capra na década de 50/60/70, contracultura e as pessoas que ele conheceu, legal
Borges Oral, alguns gostei mais outros menos
Ezra pound, gostei bastante de conhecer a historia da vida dele, junto com analises de pedaços de poemas
eliot, sim!
amorpoesiasabedoria, legal
memoria de elefante, otimo
a liberdade oculta da mente, Tartang Thulku, budismo,otimo
poesias Eliot, Cummings, Pound, William Carlos Williams, Ana C, ...
o espirito zen
biografia da Anna Akhmatova
...
quinta-feira, dezembro 08, 2011
“O sentimento da arquitetura é, provavelmente, um dos primeiros que os homens experimentaram. As moradias primitivas encravadas nas montanhas, reunidas no meio de pântanos, indubitavelmente originaram nos nossos antigos avós um sentimento confuso feito de mil outros e do qual desencadeou, no decorrer dos séculos, aquilo que nós chamamos sentimento da arquitetura.”
Giorgio de Chirico
quarta-feira, dezembro 07, 2011
ja que não consigo dormir escuto as variações goldberg; elas foram, parece, feitas para uma pessoa que não conseguia dormir, quem sabe...sabado esquizofrenico, minhocas e minhocas, dor de cabeça constante; a casa estava vazia e minha, o colchão na sala, fiz as bolinhas ...e mais alguma coisa que não lembro. quiabo e abobora e mini arrumações pela casa; mantra. domingo não ia acordar nunca provavelmente, mas como o telefone tocou, aceitei que não tinha escolha. dificuldade imensa de acordar e cair na real, fico num limbo qualquer, vivendo ali e somente, como hj; acordei as 9 da manhã, depois que ouvi ruidos do Pedro pela casa. Panda agora dorme na cama, por causa do colchão durinho; sera que ela reconhece? miranda também tem adorado e eu adoro ve-las juntas. finalmente o shuffle sumiu. irritação gigantesca na segunda. hj Georgia disse que as coisas eram mal feitas e eu concordo mas não me importo (tanto), porque foi o que foi. embora eu quisesse tudo lindo, obvio.na hora fiquei chateada, porque ela foi meio desajeitada. relações entre pessoas não tem dado certo. o problema é esse de ficar muito fazendo as coisas sozinha; desacostumei dos outros, e acho meio chatas as pessoas. bem, sempre achei, um pouco...mas agora acho mais? vontade de ficar na cama com muitos livros, para beliscar um pouco de cada, rejeitar um outro, mas férias so...mas tenho gostado, gostado de tudo, das coisas tortas que não acontecem.
terça-feira, dezembro 06, 2011
"...Mas do ponto de vista da mais alta realização, tudo aquilo com que nos envolvemos ja esta dentro da iluminação. Tudo ja é perfeito, não existe uma unica coisa que seja imperfeita, "coisa" alguma precisa ser limpa ou desenvolvida. Cada forma, cada qualidade especifica ja é completa sendo aquilo que é, apenas da maneira que é.
Dessa perspectiva, não existe não-iluminação, nem iluminação, não existe samsara nem nirvana. A perfeição intrinseca da existencia esta além de todas as interpretações relativas ou tentativas para descrever suas qualidades. Mesmo antes de começar a praticar e meditar, todas as aparencias e formas são manifestações do ser perfeito. Assim sendo, não ha nada a ganhar, nada a perder, nada a realizar e nenhum lugar para ir.
Então, por que ja não estamos iluminados? Como podemos estar dentro de uma existencia perfeita quando nosso mundo e nossas vidas parecem tão longe da utopia?
As respostas para essas perguntas estão na nossa tendencia de dar a tudo uma identidade, um rotulo, definir e categorizar nossa experiencia. Por meio desse processo, perdemos o contato com a realidade uma vez que assim que começamos a descrever e interpretar, ficamos do lado de fora, olhando para ela. Ao nos colocarmos à parte da realidade, criamos a separação cuja ponte tentamos transpor com a meditação.
Até mesmo pensamos sobre a realização como sendo a meta de uma relação sujeito-objeto sem percebermos que essa "realização" é meramente outro conceito, um produto de nosso condicionamento que obscurece o potencial de profundidade e de clareza da mente. Na verdade nã ha nada a descobrir, nem no sujeito nem no objeto - nem espaço, nem tempo, nem matéria; não existe, nem mesmo, uma mente.
Quem pode, então, realizar a iluminação? Ninguém. Não existe um "eu", não existe quem vivencie a experiencia e não existe a experiencia. Tudo existe perfeitamente como completa abertura. Todas as manifestações são o vazio eo vazio é todas as manifestações. Contudo nos, como individuos, não podemos apreender esta abertura perfeita. Não podemos ve-la, toca-la, cheira-la interpreta-la ou experimenta-la: não existe um "eu" para apreender, ver, cheirar ou experimentar, negar ou afirmar a fisicalidade da substancia material, ou até mesmo para fazer a comparação entre existencia e não-existencia.
A abertura absoluta, ou shunyata, não tem ponto de apoio, não tem posição. Sem caracteristicas ou essencia, não pode ser experimentada pelos sentidos ou pela mente. Ainda assim, nada esta fora de shunyata. A realidade inclui todas as posições, cada aspecto da existencia e da não existencia. Em shunyata existe espaço para todas as possibilidades e tudo se encaixa com perfeição.
Voce começa a entender o vazio quando elimina as preconcepções. Se voce acredita que shunyata é uma tremenda extensão, descarte essa idéia. Se voce acredita na mente, ou que tudo é criação da mente, ou que existe algum fundamento ou substancia, jogue fora tal conceito. Desmascare tudo e deixe sua mente ficar totalmente silenciosa, em paz, vazia e clara : deixe-a tornar-se a experiencia de shunyata. Dentro desse espaço claro e vazio entre os pensamentos, antes que outro conceito se forme, não existe sujeito nem objeto e nem experiencia. Aqui se encontra a natureza da iluminação...
(tirado do capitulo final de "A Liberdade Oculta da Mente", Tarthang Tulku, Dharma Publishing)
Dessa perspectiva, não existe não-iluminação, nem iluminação, não existe samsara nem nirvana. A perfeição intrinseca da existencia esta além de todas as interpretações relativas ou tentativas para descrever suas qualidades. Mesmo antes de começar a praticar e meditar, todas as aparencias e formas são manifestações do ser perfeito. Assim sendo, não ha nada a ganhar, nada a perder, nada a realizar e nenhum lugar para ir.
Então, por que ja não estamos iluminados? Como podemos estar dentro de uma existencia perfeita quando nosso mundo e nossas vidas parecem tão longe da utopia?
As respostas para essas perguntas estão na nossa tendencia de dar a tudo uma identidade, um rotulo, definir e categorizar nossa experiencia. Por meio desse processo, perdemos o contato com a realidade uma vez que assim que começamos a descrever e interpretar, ficamos do lado de fora, olhando para ela. Ao nos colocarmos à parte da realidade, criamos a separação cuja ponte tentamos transpor com a meditação.
Até mesmo pensamos sobre a realização como sendo a meta de uma relação sujeito-objeto sem percebermos que essa "realização" é meramente outro conceito, um produto de nosso condicionamento que obscurece o potencial de profundidade e de clareza da mente. Na verdade nã ha nada a descobrir, nem no sujeito nem no objeto - nem espaço, nem tempo, nem matéria; não existe, nem mesmo, uma mente.
Quem pode, então, realizar a iluminação? Ninguém. Não existe um "eu", não existe quem vivencie a experiencia e não existe a experiencia. Tudo existe perfeitamente como completa abertura. Todas as manifestações são o vazio eo vazio é todas as manifestações. Contudo nos, como individuos, não podemos apreender esta abertura perfeita. Não podemos ve-la, toca-la, cheira-la interpreta-la ou experimenta-la: não existe um "eu" para apreender, ver, cheirar ou experimentar, negar ou afirmar a fisicalidade da substancia material, ou até mesmo para fazer a comparação entre existencia e não-existencia.
A abertura absoluta, ou shunyata, não tem ponto de apoio, não tem posição. Sem caracteristicas ou essencia, não pode ser experimentada pelos sentidos ou pela mente. Ainda assim, nada esta fora de shunyata. A realidade inclui todas as posições, cada aspecto da existencia e da não existencia. Em shunyata existe espaço para todas as possibilidades e tudo se encaixa com perfeição.
Voce começa a entender o vazio quando elimina as preconcepções. Se voce acredita que shunyata é uma tremenda extensão, descarte essa idéia. Se voce acredita na mente, ou que tudo é criação da mente, ou que existe algum fundamento ou substancia, jogue fora tal conceito. Desmascare tudo e deixe sua mente ficar totalmente silenciosa, em paz, vazia e clara : deixe-a tornar-se a experiencia de shunyata. Dentro desse espaço claro e vazio entre os pensamentos, antes que outro conceito se forme, não existe sujeito nem objeto e nem experiencia. Aqui se encontra a natureza da iluminação...
(tirado do capitulo final de "A Liberdade Oculta da Mente", Tarthang Tulku, Dharma Publishing)
quinta-feira, dezembro 01, 2011
irritada irritada pelo menos percebo, tentar não me identificar com isso, é muito dificil estou tentando...hoje pelo menos quando cheguei em casa Panda estava em pé e andou um pouco! e a casa foi arrumada pela diarista e esta tudo tão limpinho pela primeira vez acho, e isso foi bom. ruim : as pelinhas que estão saindo ao lado das unhas e que doi, figado disseram acho que efeito do antibiotico (o segundo efeito); minha irritação; hoje me vi no espelho no banheiro da Travessa e me achei muito cansada, feia; os erros emocionais; cheguei em casa e me irritei porque nem colocar o colchão no quarto o Pedro colocou; e essa mudança pelo telefone e etc; esqueci a Bischop; zona e as faltas na Travessa me irritam muito. eu me irritar me irrita, hahaha. acho que sou uma chata. sei la, mil coisas.
quarta-feira, novembro 30, 2011
sexta-feira, novembro 25, 2011
revi ontem, o roteiro é tão bom que achei que era baseado em algum livro mas é do proprio Guillermo del Toro, as atrizes que ja tinha visto em outros filmes, Maribel Verdu acho que no Goya e Ariadna Gil no Belle Epoque, escutar espanhol que adoro, o clima gotico, denso, a musica que não lembrava e que é bonita, as esperanças que são fadas...tudo, talvez um pouco violento demais, mas dentro do clima do filme. Quando a menina, Ofelia, é separada da mãe, me deu uma rapida tristeza, devo ter sido abandonada também quando criança mas não lembro exatamente de nada; quando vi Cria Cuervos, do Saura, era adolescente, e chorei muito e muito no cinema e tinha que rever - sera que tenho coragem? - para tentar entender, também uma menininha, e uma mãe - Geraldine Chaplin - que era triste ou doente, e que lembrava a minha mãe.
quarta-feira, novembro 23, 2011
segunda-feira, novembro 21, 2011
hoje me sentindo toda errada. as unhas horriveis, a bolsa que não combina com o vestido, o livro que esta sem proteção, a carteira de identidade que não tenho, indo pra barra num onibus que não para de encher. e o corte no rosto...como se fosse alguma coisa, alguma coisa não sei de que ordem, alguma coisa mistica talvez? de tempos em tempos, algum acidente, agora seria assim. o pé ha quase dois anos... como uma pausa forçada, uma limpeza qualquer. estranho, de qualquer forma.
domingo, novembro 20, 2011
quarta-feira, novembro 16, 2011
odeio a palavra então e vi que escrevi duas vezes não ser tão impulsiva na hora de responder aos e-mails sem culpa sem culpa digo pra mim mesma e ia costurar mas não consigo colocar a linha na agulha hahaha que eu erradamente comprei, também aquela caçula é um lugar horroroso o atendimento é estranho porque sera? armarinhos deveriam ser gostosos mas ...amanhã poderia tentar isso de novo mas adorando ficar em casa sozinha na verdade, agora estou adorando não ter ido trabalhar porque estava precisando desse tempo de ficar em casa sozinha, Pedro viajou, é tão raro ficar em casa assim, pensando e resolvendo coisas e escutando musica
não tenho 2 dias seguidos de folga, o tempo livre é mais picotado, e separei um tecido pra uma saia e quero trazer a estante e arrumar o atelie mofado sera que escrevo o crown funding, rsrs? vou tomar um banho e então haha escrevi
não tenho 2 dias seguidos de folga, o tempo livre é mais picotado, e separei um tecido pra uma saia e quero trazer a estante e arrumar o atelie mofado sera que escrevo o crown funding, rsrs? vou tomar um banho e então haha escrevi
fico tão concentrada que so sei ser eu, ali, naquele momento;
senão, tédio; com os outros assustada e desajeitada, não sei.
os outros: expectativas, idéias, correspondencia, imagem, atração, medo, etc etc
esqueci da telinha pra Rebeca, a segunda vez
esse mes me dei um livro de arte de presente, um livro pra Claudia, um corte de cabelo, um oculos de camelo, café com pão de queijo no guimarães e nem foi tão bom assim
e por esse "isso" tão pequeno, zerada zerada
senão, tédio; com os outros assustada e desajeitada, não sei.
os outros: expectativas, idéias, correspondencia, imagem, atração, medo, etc etc
esqueci da telinha pra Rebeca, a segunda vez
esse mes me dei um livro de arte de presente, um livro pra Claudia, um corte de cabelo, um oculos de camelo, café com pão de queijo no guimarães e nem foi tão bom assim
e por esse "isso" tão pequeno, zerada zerada
domingo, novembro 13, 2011
como se eu desenhasse, seria "estorinha" escrita, so que do jeito que ele fez ficou simples e bacana. começo a arrumar a estante e demoro horas, separo alguns livros que não quero, livros para ler de novo ou dar uma olhada, livros livros alguns com selo da Dazibao outros que nem sei como apareceram la, do Ale talvez alguns poucos que eram do papai acho, entro no quarto e as roupas estão esperando para serem guardadas, e as coisas todas, fecho a janela gosto por que me sinto num ninhozinho, lembra as janelas da Bulhões exatamente porque essa sensação não sei vontade de passar mais dias aqui resolvendo coisas como agora talvez depois sentisse tédio ou. dias dedicados à mim mesmo que seja arrumando a estante e olhando coisas parece que vão se encaixando blocos de madeira grandes blocos algum gato mia Pedro não voltou ainda e tantas coisas tantas coisas à fazer
sábado, novembro 12, 2011
sexta-feira, novembro 11, 2011
tudo começou com os gambas invadindo a casa. ou com o céu azul profundo e escuro la longe e as luzes piscando, recém acesas. Ou Panda e Carlota na rede, o laptop quase por cima. ou percebendo que estava com vergonha de tudo sim; ou depois percebendo que tudo bem, eu estava vivendo uma maluquice qualquer e pronto, não, não estava mais com vergonha, ou o fato de assumir fez ela desaparecer. ou lendo Bartleby e rindo e adorando e pensando se teria alguma semelhança com o Walser mas o Walser é vivo e o Bartleby não. dificuldade de ser sem me cobrar como assim? mamounia oh...
terça-feira, novembro 08, 2011
segunda-feira, novembro 07, 2011
domingo, novembro 06, 2011
+ Eliot
Burnt Norton
(trecho inicial da parte V)
As palavras se movem, a música se move
Apenas no tempo; mas só o que vive
Pode morrer. As palavras, após a fala, alcançam
o silêncio. Apenas pelo modelo, pela forma,
As palavras ou a música podem alcançar
O repouso, como um vaso chinês que ainda se move
Perpetuamente em seu repouso.
Não o repouso do violino, enquanto a nota perdura,
Não apenas isto, mas a coexistência,
Ou seja, que o fim precede o princípio,
E que o fim e o princípio sempre estiveram lá
Antes do princípio e depois do fim.
E tudo é sempre agora. As palavras se distendem,
estalam e muita vez se quebram, sob a carga,
Sob a tensão, tropeçam, escorregam, perecem,
Apodrecem com a imprecisão, não querem manter-se
[ no lugar,
Não querem ficar quietas. Vozes estridentes,
Irritadas, zombeteiras, ou apenas tagarelas,
Sem cessar as acuam. A Palavra no deserto
É mais atacada pelas vozes da tentação,
A sombra soluçante da funérea dança,
O clamoroso lamento da quimera inconsolada.
Words move, music moves
Only in time; but that which is only living
Can only die. Words, after speech, reach
Into the silence. Only by the form, the pattern,
Can words or music reach
The stillness, as a Chinese jar still
Moves perpetually in its stillness.
Not the stillness of the violin, while the note lasts,
Not that only, but the co-existence,
Or say that the end precedes the beginning,
And the end and the beginning were always there
Before the beginning and after the end.
And all is always now. Words strain,
Crack and sometimes break, under the burden,
Under the tension, slip, slide, perish,
Decay with imprecision, will not stay in place,
Will not stay still. Shrieking voices
Scolding, mocking, or merely chattering,
Always assail them. The Word in the desert
Is most attacked by voices of temptation,
The crying shadow in the funeral dance,
The loud lament of the disconsolate chimera.
(trecho inicial da parte V)
As palavras se movem, a música se move
Apenas no tempo; mas só o que vive
Pode morrer. As palavras, após a fala, alcançam
o silêncio. Apenas pelo modelo, pela forma,
As palavras ou a música podem alcançar
O repouso, como um vaso chinês que ainda se move
Perpetuamente em seu repouso.
Não o repouso do violino, enquanto a nota perdura,
Não apenas isto, mas a coexistência,
Ou seja, que o fim precede o princípio,
E que o fim e o princípio sempre estiveram lá
Antes do princípio e depois do fim.
E tudo é sempre agora. As palavras se distendem,
estalam e muita vez se quebram, sob a carga,
Sob a tensão, tropeçam, escorregam, perecem,
Apodrecem com a imprecisão, não querem manter-se
[ no lugar,
Não querem ficar quietas. Vozes estridentes,
Irritadas, zombeteiras, ou apenas tagarelas,
Sem cessar as acuam. A Palavra no deserto
É mais atacada pelas vozes da tentação,
A sombra soluçante da funérea dança,
O clamoroso lamento da quimera inconsolada.
Words move, music moves
Only in time; but that which is only living
Can only die. Words, after speech, reach
Into the silence. Only by the form, the pattern,
Can words or music reach
The stillness, as a Chinese jar still
Moves perpetually in its stillness.
Not the stillness of the violin, while the note lasts,
Not that only, but the co-existence,
Or say that the end precedes the beginning,
And the end and the beginning were always there
Before the beginning and after the end.
And all is always now. Words strain,
Crack and sometimes break, under the burden,
Under the tension, slip, slide, perish,
Decay with imprecision, will not stay in place,
Will not stay still. Shrieking voices
Scolding, mocking, or merely chattering,
Always assail them. The Word in the desert
Is most attacked by voices of temptation,
The crying shadow in the funeral dance,
The loud lament of the disconsolate chimera.
resolvi que não quero mais ficar down, ou histérica talvez seja a melhor palavra; confusa. posso optar não ficar assim? perguntando e afirmando, apesar disso ser de um controle que não estou acostumada, treino, sera que consigo? tudo depende também da visão, do foco que se coloca, onde; depois de ir rapidamente no Z. e depois no Rosas fiquei cheia de idéias, foi como um sair do fundo, respirar, impulsionou; poesias nas roupas, o livrinho, os fios com borlas e otras cositas, o filme, clips ...acordei tarde demais, foi bom dormir sem nenhuma preocupação, amanhã colocar um apagador na frente.
sábado, novembro 05, 2011
sexta-feira, novembro 04, 2011
"Sigamos então, tu e eu,
Enquanto o poente no céu se estende
Como um paciente anestesiado sobre a mesa;
Sigamos por certas ruas quase ermas,
Através dos sussurrantes refugios
De noites indormidas em hotéis baratos,
Ao lado de botequins onde a serragem
Às conchas das ostras se entrelaça:
Ruas que se alongam como um tedioso argumento
Cujo insidioso intento
é atrair-te a uma angustiante questão...
Oh, não perguntes :"Qual?"
Sigamos a cumprir nossa visita
No saguão as mulheres vem e vão
A falar de Michelangelo
A fulva neblina que roça na vidraça suas espaduas,
A fumaça amarela que na vidraça seu focinho esfrega
E cuja lingua resvala nas esquinas do crepusculo,
Deixou cair sobre seu dorso a fuligem das chaminés,
Deslizou furtiva no terraço, um repentino salto alçou,
E ao perceber que era uma tenra noite de outubro,
Enrodilhou-se ao redor da casa e adormeceu.
E na verdade tempo havera
Para que ao longo das ruas flua a parda fumaça,
Roçando suas espaduas na vidraça;
Tempo havera, tempo havera
Para moldar um rosto com que enfrentar
Os rostos que encontrares;
Tempo para matar e criar,
E tempo para todos os trabalhos e os dias em que mãos
Sobre teu prato erguem, mas depois deixam cair uma questão;
Tempo para ti e para mim,
E tempo ainda para uma centena de indecisões,
E uma centena de visões e revisões,
Antes do cha com torradas.
No saguão as mulheres vem e vão
A falar de Michelangelo.
E na verdade tempo havera
Para dar rédeas à imaginação. "Ousarei" e..."Ousarei?"
Tempo para voltar e descer os degraus
Com uma calva entreaberta em meus cabelos
(Dirão eles: "Como andam ralos seus cabelos!")
-Meu fraque, meu colarinho a empinar-me com firmeza o queixo
Minha soberba e modesta gravata, mas que um singelo alfinete apruma
(Dirão eles "Mas como estão finos seus braços e pernas!")
-Ousarei
Perturbar o universo?
Em um minuto apenas ha tempo
Para decisões e revisões que um minuto revoga.
..."
(Começo d'A canção de amor de J. Alfred Prufrock, T.S.Eliot, trad. Ivan junqueira)
Enquanto o poente no céu se estende
Como um paciente anestesiado sobre a mesa;
Sigamos por certas ruas quase ermas,
Através dos sussurrantes refugios
De noites indormidas em hotéis baratos,
Ao lado de botequins onde a serragem
Às conchas das ostras se entrelaça:
Ruas que se alongam como um tedioso argumento
Cujo insidioso intento
é atrair-te a uma angustiante questão...
Oh, não perguntes :"Qual?"
Sigamos a cumprir nossa visita
No saguão as mulheres vem e vão
A falar de Michelangelo
A fulva neblina que roça na vidraça suas espaduas,
A fumaça amarela que na vidraça seu focinho esfrega
E cuja lingua resvala nas esquinas do crepusculo,
Deixou cair sobre seu dorso a fuligem das chaminés,
Deslizou furtiva no terraço, um repentino salto alçou,
E ao perceber que era uma tenra noite de outubro,
Enrodilhou-se ao redor da casa e adormeceu.
E na verdade tempo havera
Para que ao longo das ruas flua a parda fumaça,
Roçando suas espaduas na vidraça;
Tempo havera, tempo havera
Para moldar um rosto com que enfrentar
Os rostos que encontrares;
Tempo para matar e criar,
E tempo para todos os trabalhos e os dias em que mãos
Sobre teu prato erguem, mas depois deixam cair uma questão;
Tempo para ti e para mim,
E tempo ainda para uma centena de indecisões,
E uma centena de visões e revisões,
Antes do cha com torradas.
No saguão as mulheres vem e vão
A falar de Michelangelo.
E na verdade tempo havera
Para dar rédeas à imaginação. "Ousarei" e..."Ousarei?"
Tempo para voltar e descer os degraus
Com uma calva entreaberta em meus cabelos
(Dirão eles: "Como andam ralos seus cabelos!")
-Meu fraque, meu colarinho a empinar-me com firmeza o queixo
Minha soberba e modesta gravata, mas que um singelo alfinete apruma
(Dirão eles "Mas como estão finos seus braços e pernas!")
-Ousarei
Perturbar o universo?
Em um minuto apenas ha tempo
Para decisões e revisões que um minuto revoga.
..."
(Começo d'A canção de amor de J. Alfred Prufrock, T.S.Eliot, trad. Ivan junqueira)
"Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memoria e desejo, aviva
Agonicas raizes com a chuva da primavera,
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos porticos
E ao sol caminhamos pelas aléias do Hofgarten
Tomamos café, e por uma hora conversamos.
Bin gar keine Russin, stamm'aus Litauen, echt deustsch.
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
Meu primo, ele convidou-me a passear de treno.
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.
Nas montanhas, la, onde livre te sentes.
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno.
..."
(O enterro dos mortos, começo da primeira parte de The Waste Land, T. S. Eliot, 1922; trad. Ivan Junqueira)
Lilases da terra morta, mistura
Memoria e desejo, aviva
Agonicas raizes com a chuva da primavera,
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos porticos
E ao sol caminhamos pelas aléias do Hofgarten
Tomamos café, e por uma hora conversamos.
Bin gar keine Russin, stamm'aus Litauen, echt deustsch.
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
Meu primo, ele convidou-me a passear de treno.
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.
Nas montanhas, la, onde livre te sentes.
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno.
..."
(O enterro dos mortos, começo da primeira parte de The Waste Land, T. S. Eliot, 1922; trad. Ivan Junqueira)
quarta-feira, novembro 02, 2011
desanimada querendo participar de algo que deve estar acontecendo em outro lugar. sei que isso é ansiedade ldkfsldkfjsdl e que provavelmente não tem nada acontecendo em outro lugar qualquer. ou tem. aqui arrumar arrumar poeira. eu e Pedro nos esbarrando. um pouco cansada disso, queria uma mudança qualquer. os gatos, Miranda vem e vai embora com medo, à noite fica um pouco e idem, tenho que fazer contas que estão esperando ha tempos, organizar como se isso fosse o passaporte para algo. talvez seja.
nada.
nada.
"Não tenho um unico fato que pudesse dizer aos outros que tenho sido capaz de dar ordem à minha vida. Não vera em mim nada que sugira um rumo determinado. Estou ainda diante da porta da vida, bato uma e outra vez, sem fazer muito barulho, e escuto atentamente para ver se chega alguém que queira correr o ferrolho. Um ferrolho assim é uma coisa pesada, e não ha quem queira aproximar-se quando imagina que quem esta la fora e bate à porta é um mendigo. Não sou mais do que alguém que escuta e espera, nisso porém sou eximio, pois aprendi a sonhar enquanto espero. São duas coisas que andam de mãos dadas, e que fazem bem, e praticando-as mantemos a nossa honra. Se terei falhado a minha vocação, é coisa que ja não pergunto, isso pergunta-se um rapaz, não um homem. Não teria chegado mais longe com nenhum outro oficio. Isso que me interessa! Estou consciente das minhas virtudes e das minhas fraquezas e evito fanfarrear acerca de umas e de outras.Ofereço os meus conhecimentos, a minha força, as minhas idéias, o meu trabalho e o meu amor a quem quer que eles possam servir. Se alguém faz um sinal com o dedo e me chama, outros talvez começassem a coxear, mas eu aproximo-me de um salto, esta a ver, assim como o vento assobia, e piso e passo por cima de todas as recordações para poder correr mais livremente ainda. E o mundo inteiro voa comigo, a vida inteira! E é bonito que assim seja. So assim! Nada no mundo é meu, mas eu também não quero ter mais nada. Ja não sei o que é desejar. Quando era movido pelo que desejava, começava a ver as pessoas com indiferença, como um estorvo, e por vezes afastava-me delas com repulsa, mas agora amo-as porque preciso delas e porque posso me oferecer caso elas precisem de mim. é para isso que ca estou!..."
(Os Irmãos Tanner, Robert Walser, trad. Isabel Castro Silva, Relogio D'Agua)
(Os Irmãos Tanner, Robert Walser, trad. Isabel Castro Silva, Relogio D'Agua)
segunda-feira, outubro 31, 2011
Outra de William Carlos Williams
O DIREITO DE PASSAGEM
Transitando com a idéia posta
em nada deste mundo
a não ser o direito de passagem
eu desfruto a estrada por
efeito de lei
vi
um homem de idade
que sorriu e desviou o olhar
para o norte, além de uma casa
uma mulher de azul
que estava rindo e se
inclinando para a frente
a fim de olhar o rosto meio
voltado do homem
e um menino de uns oito anos que
olhava para o meio da
barriga do homem
para uma corrente de relógio
A suprema importância
deste inominado espetáculo
fez com que eu acelerasse
ao passar por eles sem palavra
Por que me importaria o rumo?
e lá fui rodando sobre as
quatro rodas do meu carro
pela estrada molhada até
que vi uma moça com uma perna
sobre o parapeito de um balcão.
(trad. José Carlos Paes)
Transitando com a idéia posta
em nada deste mundo
a não ser o direito de passagem
eu desfruto a estrada por
efeito de lei
vi
um homem de idade
que sorriu e desviou o olhar
para o norte, além de uma casa
uma mulher de azul
que estava rindo e se
inclinando para a frente
a fim de olhar o rosto meio
voltado do homem
e um menino de uns oito anos que
olhava para o meio da
barriga do homem
para uma corrente de relógio
A suprema importância
deste inominado espetáculo
fez com que eu acelerasse
ao passar por eles sem palavra
Por que me importaria o rumo?
e lá fui rodando sobre as
quatro rodas do meu carro
pela estrada molhada até
que vi uma moça com uma perna
sobre o parapeito de um balcão.
(trad. José Carlos Paes)
William Carlos Williams
A DURAÇÃO
Uma folha amarfanhada
de papel pardo mais
ou menos do tamanho
e volume aparente
de um homem ia
devagar rua abaixo
arrastada aos trancos
e barrancos pelo
vento quando
veio um carro e Ihe
passou por cima
deixando-a aplastada
no chão. Mas diferente
de um homem ela se ergueu
de novo e lá se foi
com o vento aos trancos
e barrancos para ser
o mesmo que era antes.
(tradução: José Paulo Paes)
"A verdade é que as notícias de jornal oferecem o justo incentivo para a poesia épica, a poesia dos acontecimentos. [...] O poema épico teria de ser o nosso 'jornal'. Os Cantos de Ezra Pound são um equivalente algébrico disso, mas um equivalente tão perversamente individual que não alcança ser compreendido universalmente como seria mister. [...] Terá de ser um estilo épico conciso, de pontaria certeira. Estilo de metralhadora ".
Poeta fundamental numa tradição de gigantes, a poesia norte-americana, em que cada autor parece estar observando o mundo pela primeira vez e inventando a linguagem poética (...). Dentro desta tradição, William Carlos Williams se destaca por sua capacidade de transformar todo assunto ou objeto em matéria poética. Daí sua atenção toda peculiar ao fugaz e ao diminuto, ao aparentemente desimportante, enfim.
A poesia surge do mais inesperado solo... "Ele continua a arrebentar rochas e rachar poemas". (T.S. Eliot numa carta de fevereiro de 1959, aludindo a um de seu poemas mais conhecidos, "Uma espécie de canção".
(comentário de José Paulo Paes publicado
no livro "Poemas". Companhia das Letras, 1987)
Uma folha amarfanhada
de papel pardo mais
ou menos do tamanho
e volume aparente
de um homem ia
devagar rua abaixo
arrastada aos trancos
e barrancos pelo
vento quando
veio um carro e Ihe
passou por cima
deixando-a aplastada
no chão. Mas diferente
de um homem ela se ergueu
de novo e lá se foi
com o vento aos trancos
e barrancos para ser
o mesmo que era antes.
(tradução: José Paulo Paes)
"A verdade é que as notícias de jornal oferecem o justo incentivo para a poesia épica, a poesia dos acontecimentos. [...] O poema épico teria de ser o nosso 'jornal'. Os Cantos de Ezra Pound são um equivalente algébrico disso, mas um equivalente tão perversamente individual que não alcança ser compreendido universalmente como seria mister. [...] Terá de ser um estilo épico conciso, de pontaria certeira. Estilo de metralhadora ".
Poeta fundamental numa tradição de gigantes, a poesia norte-americana, em que cada autor parece estar observando o mundo pela primeira vez e inventando a linguagem poética (...). Dentro desta tradição, William Carlos Williams se destaca por sua capacidade de transformar todo assunto ou objeto em matéria poética. Daí sua atenção toda peculiar ao fugaz e ao diminuto, ao aparentemente desimportante, enfim.
A poesia surge do mais inesperado solo... "Ele continua a arrebentar rochas e rachar poemas". (T.S. Eliot numa carta de fevereiro de 1959, aludindo a um de seu poemas mais conhecidos, "Uma espécie de canção".
(comentário de José Paulo Paes publicado
no livro "Poemas". Companhia das Letras, 1987)
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