li leio por esses dias: Ezra Pound, da Jorge Zahar, por Peter Ackroid, daquela coleção amarelinha, Vidas Literarias; tinha comprado num sebo ha um tempão atras, e agora casou com as poesias que estão "voando". Gostei; começo do século, onde todos estavam fazendo, questionando os limites artisticos, querendo mudar; morou primeiro em Veneza, depois Londres, Paris, e por fim Rapallo, na Italia; era intenso, falante, cheio de energia e personalidade, um "poeta-inventor"(classificação criada por ele), critico, teorico, estudou os poetas provençais, a poesia chinesa, entre outras mil coisas; "derrubou as tradições da poesia de lingua inglesa com um projeto modernista"; conheceu William Carlos Williams, Hemingway, Cocteau, Yeats, sempre ligado e querendo "produzir" seus amigos (Eliot, cummings, etc), escrevendo, editando revistas, polemizando; dei uma folheada no Lustra, que saiu agora em portugues, e também numa edição d'Os Cantos, não achei outros livros dele em portugues, apesar da sua obra grande, procurar mais. Teve um projeto meio megalomaniaco, na minha humilde opinião, que alias outros também tiveram nessa época porém com mais sucesso (Joyce com Ulisses, Eliot com The Waste Land) de escrever uma obra que abarcasse toda a historia da humanidade, seus mitos, cultura, etc, e que foram Os Cantos (The Cantos), que ele escreveu durante anos e anos de sua vida e foi publicando aos poucos; tem pedaços bonitos mas é quase impossivel de ler, porque é uma viagem muito pessoal. Ficou treze anos preso, treze anos!, um exagero, por causa de suas transmissões radiofonicas italianas à favor dos fascistas; no começo numa espécie de jaula vazada em Pisa, um horror, depois num hospital, onde escreveu Os Pisan Cantos; foi transferido para os Estados Unidos, onde ficou num hospital. Depois disso ficou, obviamente, muito abalado e etc etc. Ai, não sei escrever resumos.
amorpoesiasabedoria, do Edgar Morin, primeiro livro que leio dele, très sympa et très petit, li em uma hora. Vou copiar o começo, que fala da contradição que vivemos entre ser sapiens e ser demens, que foi o que me pegou; contradições sempre me interessam.
Estou lendo ainda: Eliot, Poesias, Nova Fronteira, trad. Ivan Junqueira, que leio e no outro dia leio de novo e vou pegando um gosto; e Os Infinitos, John Banville, ainda no começo mas interessante. E deveria estar fazendo um projeto de exposição, mas não consigo, e nem sei porque escrevo isso tudo. Feriado tenho que tentar, juro.
segunda-feira, outubro 31, 2011
sábado, outubro 29, 2011
Existem momentos da minha vida que não lembro muito...como uma amnésia alcoolica, que tenho também ( agora percebo o desastre que estão minhas unhas, tudo um desastre um pouco). Encontrei no mercado um amigo da época de cinema, e entre pegar tomates, cebolas, espinafres, e ai, o que vc esta fazendo, falamos um pouco de fotografia; não consigo lembrar exatamente nada: quando nos conhecemos, o que vivemos, se vivemos, como. Uma amizade rapida que não deixou rastros, que não foi em direção alguma, apesar da simpatia - ia escrever mutua, mas ... (escrevo e risco palavras, depois as reescrevo de novo, as mesmas palavras). Às vezes acho que minha vida inteira foi assim, encontros sem marcas, ou estou exagerando? Ontem à noite lembrava de uma conversa de alguém que havia pintado a casa e que queria pintar uma parede, um canto qualquer de preto, como um grande quadro negro onde poderia escrever com giz as coisas importantes ou desimportantes - filmes que a gente quer ver e esquece, convites de exposições que chegam antes demais e que so lembramos depois, às vezes no dia seguinte. Agora escrevendo lembro que foi a Ana, mas de noite parecia uma imagem de sonho, esse quadro retangulo negro onde podemos fixar nossa memoria, flutuando sozinho. Querendoprecisando reeditar meu mural, by the way, meu grande quadro negro branco de memorias, mas sempre falta algo algo algo.
segunda-feira, outubro 24, 2011
não ia à praia desde fevereiro com minha irmã, uma vez em que fomos cedinho e rapido e foi uma delicia, depois tomamos banho no posto peguei o metro e fui pra Travessa, hoje sai mais cedo, percurso ao contrario, andei até o final do leblon, na areia fofa, beira do mar; no meio da volta minhas pernas e pés doiam, desacostumada, acabei no final indo pra areia dura. tatuagens, mulheres de peitos siliconados e derrieres enormes, navios ao longe, mar mexido e gelado acabei não mergulhando por absoluta falta de coragem, nenens, muitos playboys e patricinhas no trecho entre cesar park e posto 9, argentinos, franceses, pessoas muito gordas, cachorrinhos e lembrava da Panda doente em casa, sol de frente delicioso, minha sombra na minha frente na volta, eu andando andando andando tentando não pensar muito e escutar o mar somente mas conseguindo so um pouquinho, maresia, as pessoas se olham, meninas, chapéus grandes e oculos escuros, dois surfistas se preparam para entrar na agua com aquela roupa preta colada no corpo, muitas pessoas se fotografando, esta tão descritivo tudo, eu e meu corpo sem saber qual é, olhava pra outras mulheres, outros corpos para ver se pareciam com o meu, nem sentei não sei porque, parei no posto pra fazer pipi, depois um certo vexame no mercado onde peguei algumas coisinhas apetitosas e meu cartão foi recusado, tirei algumas coisas e a mesma coisa, fui até o banco e descobri que so tinha 11 reais, rs, voltei e comprei so pão manteiga e atum pra Panda, devolvi o iogurte de marca diferente, a massa de pizza que pensei em fazer com a ricota que tem aqui, tomate cebola hortela pro tabule banana tomate pellatti queijo grana padano que estava com um bom preço, na volta fila imensa,o pão quentinho tinha acabado, não foi a primeira vez, pensando no meu perfeccionismo também, relaxar mais, quando comecei à me culpar foi bom porque percebi e não deixei.
sábado, outubro 22, 2011
A arte de perder
A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subsequente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)
não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério.
(Elizabeth Bishop; trad. Paulo Henriques Britto)
A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subsequente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)
não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério.
(Elizabeth Bishop; trad. Paulo Henriques Britto)
amando anticancer estorias de vida e de superação e de reconciliação, objetivo e franco além de todas as pesquisas os tratamentos naturais alimentos e exercicios e ioga e . me emocionei e chorei um pouquinho...talvez eu esteja em busca de algum tratamento, não para cancer porque a principio não tenho que eu saiba mas para minhas instabilidades; antes de ontem não conseguia dormir me culpando do que escrevi, ontem euforica com mil idéias, hoje perfeccionista na livraria e impaciente com tudo e todos, demais. cheguei em casa exausta, dormia e acordava o tempo todo um dormir meio enevoado um acordar que não acorda. so la pelas 6 acordei, acho, e finalmente fui lavar a louça, fazer o brocolis que ainda estava vivo. esses dias hoje e ontem acordar tem sido assim, acordo e fico num outro lugar que não é nem desperto nem dormindo, meio dormindo, e chegando atrasada atrasada.
quinta-feira, outubro 20, 2011
demorei tanto pra chegar em casa, odeio ficar parada em transito sem sentido, rua da carioca é um inferno não entendo porque não fazem outro trajeto ja que esse esta completamente saturado o caminho de volta pra santa é sempre chato em casa panda doente gambas que invadem a casa dor de cabeça insatisfação vontade de sumir vou tentar dormir quem sabe tudo some mesmo
quarta-feira, outubro 19, 2011
terça-feira, outubro 18, 2011
segunda-feira, outubro 17, 2011
Pego o computador e a pasta dos poemas esta aberta, na do Bukowski que postei antes. Estava começando à refazer algumas das que ficaram meio ruinzinhas, mas Carlota resolveu sentar em cima, para ajudar, como sempre, e desisti. Tenho vontade de fazer varias, sempre que leio é gostoso, algumas, não todas; o problema é que não para de chover e o lugar ideal pra isso seria na mesa amarela do quintal, depois coloco pra secar no varal. Essa é uma delas.
“Estilo”
Estilo é a resposta para tudo.
Novo jeito de encarar um dia estúpido ou perigoso.
Fazer algo estúpido com estilo é preferível a fazer algo perigoso sem estilo.
Fazer algo perigoso com estilo, é o que chamo de arte.
Touradas podem ser uma arte.
Boxe pode ser uma arte.
Amar pode ser uma arte.
Abrir uma lata de sardinha pode ser uma arte.
Não muitos têm estilo.
Não muitos podem manter o estilo.
Eu vi cachorros com estilo mais do que homens.
Apesar de não muitos cachorros terem estilo.
Gatos têm em abundância.
Quando Hemingway estourou seus miolos na parede com uma espingarda, isso era estilo.
Por um tempo pessoas te dão estilo.
Joana D’Arc tinha estilo.
João Batista tinha estilo.
Jesus.
Sócrates.
César.
Garcia Lorca.
Eu conheci homens na cadeia com estilo.
Eu conheci mais homens na cadeia com estilo do que fora da cadeia.
Estilo é a diferença, um jeito de se fazer, um jeito de ser feito.
Seis pássaros em silêncio numa poça d’água, ou você, saindo
do banheiro nua sem me ver.
(Bukowski; trad. Leonardo Marona)
“Estilo”
Estilo é a resposta para tudo.
Novo jeito de encarar um dia estúpido ou perigoso.
Fazer algo estúpido com estilo é preferível a fazer algo perigoso sem estilo.
Fazer algo perigoso com estilo, é o que chamo de arte.
Touradas podem ser uma arte.
Boxe pode ser uma arte.
Amar pode ser uma arte.
Abrir uma lata de sardinha pode ser uma arte.
Não muitos têm estilo.
Não muitos podem manter o estilo.
Eu vi cachorros com estilo mais do que homens.
Apesar de não muitos cachorros terem estilo.
Gatos têm em abundância.
Quando Hemingway estourou seus miolos na parede com uma espingarda, isso era estilo.
Por um tempo pessoas te dão estilo.
Joana D’Arc tinha estilo.
João Batista tinha estilo.
Jesus.
Sócrates.
César.
Garcia Lorca.
Eu conheci homens na cadeia com estilo.
Eu conheci mais homens na cadeia com estilo do que fora da cadeia.
Estilo é a diferença, um jeito de se fazer, um jeito de ser feito.
Seis pássaros em silêncio numa poça d’água, ou você, saindo
do banheiro nua sem me ver.
(Bukowski; trad. Leonardo Marona)
"2 mortes"
você me disse muitos anos atrás
(bem antes de Stravinsky morrer
hoje)
que você queria aprender
tudo
sobre motores e monumentos
e guerras e mulheres
e cidades
e sobre a história do
Homem
e eu disse para você
é muito desgastante
não se incomode
o que conta não é o que
sabemos
mas sim o que nós não
sabemos.
você queria tão desesperadamente provar que podia
saber o que ainda não era
sabido.
e quando eu vi você no seu
caixão eu não tinha idéia
de que Stravinsky também
morreria hoje
e que eu me sentaria aqui
e escreveria sobre vocês dois
nesta noite.
(Bukowski; trad. Leonardo Marona)
você me disse muitos anos atrás
(bem antes de Stravinsky morrer
hoje)
que você queria aprender
tudo
sobre motores e monumentos
e guerras e mulheres
e cidades
e sobre a história do
Homem
e eu disse para você
é muito desgastante
não se incomode
o que conta não é o que
sabemos
mas sim o que nós não
sabemos.
você queria tão desesperadamente provar que podia
saber o que ainda não era
sabido.
e quando eu vi você no seu
caixão eu não tinha idéia
de que Stravinsky também
morreria hoje
e que eu me sentaria aqui
e escreveria sobre vocês dois
nesta noite.
(Bukowski; trad. Leonardo Marona)
domingo, outubro 16, 2011
vi de novo o filme sobre o grupo Baader Meinhof, que me fascinava tanto quando adolescente, e é fascinante mesmo, e sou um pouco eles e também não sou, teatrais mimados com senso de orgulho e de inviolabilidade e contra tudo e hippies e exagerados, apesar do Baader meio psicopata e dos assassinatos, obvio, tinha um recorte de jornal dessa época falando deles mas não acho mais prov da segunda fase do grupo outro tipo de "terrorrismo", ou essa palavra virou outra coisa. tem uma hora em que eles estão treinando em algum pais arabe, Jordania talvez, e as mulheres pegando sol nuas e os palestinos horrorizados e o Andreas Baader diz algo como "luta contra o imperialismo e revolução sexual são a mesma coisa" e lembra os protestos de Wall Street de hoje vagamente e antes vi Tokyo-ga, outra chave, filme do Wim Wenders sobre a Toquio anos 80 em busca de resquicios do Ozu, da simplicidade do Ozu que eu na verdade nunca assisti e é bonito e delicado e poético.
esqueci que é horario de verão e tenho que fazer milhões de coisas e acordei muito tarde então no relogio marcava 9 e tanto mas ja eram 10 e tanto, enfim não tenho tenho que fazer nada mas também tenho mas esta tão bom ficar na rede lendo e escrevendo e Panda esta no meu colo como sempre.
esqueci que é horario de verão e tenho que fazer milhões de coisas e acordei muito tarde então no relogio marcava 9 e tanto mas ja eram 10 e tanto, enfim não tenho tenho que fazer nada mas também tenho mas esta tão bom ficar na rede lendo e escrevendo e Panda esta no meu colo como sempre.
sábado, outubro 15, 2011
ontem os dois chopps que na hora foram otimos até porque inusitados mas depois me deu preguiça e queria deitar deitar e vim para casa exausta e dormi e depois acordei deprimida demais. não quero mais pensar nisso, acho que fico dando força para isso quando falo e penso nisso. isso isso isso. no finalzinho da noite melhorei...mas hoje piorei de novo, rs.
saco. mudar a fita, virar a chave, sei la, que peso chato e desnecessario.
saco. mudar a fita, virar a chave, sei la, que peso chato e desnecessario.
Assinar:
Postagens (Atom)