sábado, janeiro 02, 2016

13

         doce e diversa a cotovia
                    que canta no portão restante
e no entanto quantos
                                    animais ferozes
                                                        quantos malucos
      nos jardins civis
                                    Holderlin
                                                  na sua torre de pedra
ou na casa daquele carpinteiro gentil
                                                                  em Tubingen
                     ou então Rimbaud
                                                    com seu "pesadelo e lógica"
            sofisma de loucura
      Temos ainda os nossos mais recentes
                                                         que também fatalmente admitiram
que alguma conexão direta
                                               existe entre
                   a linguagem e a realidade
                                                                a palavra e o mundo
                             a qual se você
                                                    quer saber é um riso
                Eu também bebi e vi
                                                   a aranha
                                                                                ( Lawrence Ferlinghetti)

quarta-feira, dezembro 30, 2015

coloquei o bill evans no youtube está tocando há um tempão um álbum atrás do outro sem anúncios e leio o Bernard Malamud As Vidas de Dubin um homem que caminha muito e acabei de falar com o homem que caminha muito mas não comentei com ele. nicolau brinca alucinadamente com o pompom uma mariposa no banheiro deveria achar que está tudo bem talvez até esteja uma brisa pela janela...tomei uma sopa em que a batatadoce dominou e ainda sobrou muito, e um pedaço do pão esquisito que fiz. hoje minha caminhada foi descer para pegar um saco de lixo reciclável ao invés de pedir que me entregassem e foi muito melhor fui olhando todas as plantas e árvores e dois passarinhos que cruzaram inclusive um grande voando na minha direção e depois de conversar com seu arnoldo sobre os canos subi até aqui encontrei renata com um vestidão bonito e mais nada.

domingo, novembro 08, 2015


Carlota aparece reclama de tudo quer atenção o tempo todo fiz uma fornada de biscoitos e comi todos que vergonha sem nenhuma vergonha na hora. sempre como muitos biscoitos muitos muitos porque amo o crocante etc. `as vezes tenho a sensação de que não faço muita coisa fora cuidar dos desastres tipo ontem uma cachoeira no quarto ou gatos que precisam ser castrados ou fazer comida e lavar a louça trezentas vezes por dia, fora as roupas que tem que ser guardadas e que não suporto fazer e sempre penso que elas deviam se guardar sozinhas sem precisar de ajuda ou ir para a cesta de roupa suja enfim roupas inteligentes mas não são e vão ficando na poltrona velha... ou inventar alguma comida como hoje que resolvi voltar ao suflê que fazia tantos antes mas depois que o gambá jogou a batedeira no chão umas duas vezes as pás não encaixavam mais e Ursula me deu uma semana passada! e então voilá comprei leite tinha um milho no congelador...mas ficou sem gracinha e os legumes tb. `as vezes tenho preguiça de comer embora perca horas comprando e procurando. mas acabo fazendo pão e bolo e biscoitos e como bem apesar do tédio. enfim, futilidades cotidianas...























uma vez escrevi " o santos dumont é lindo" após ir pra São Paulo e tinha tirado muitas fotos que acho que não tenho mais, fotos da janela do banheiro de lá e que tinha uma vista espetacular, aquele pedacinho ali ainda guarda um ar meio jovem modernista. não sei porquê essa ditadura dos edifícios altos conseguiu se impor como"normal" se eles quebram justamente isso que é o mais lindo e gostoso e prazeiroso que é a vista, a sensação de espaço e de perspectiva que dá  quando você olha por uma janela e enxerga uma distância, vários planos se sucedendo, e não um bloco ou um paredão na sua frente, se impondo concretamente. sim, quem está no edifício alto tem o maior vistão, `as vezes. uma opção um pouco egoísta, sem nenhum pensamento urbanístico ou gentil com os outros. por isso, morar em casa ou naqueles edifícios pequenos que ainda resistem e que eu achava muito normal quando era adolescente. ah, mas resolve a questão da falta de espaço é uma resposta muito falsa porque a barra tinha tanto espaço `a ser construído mas optaram pelo adensamento embora houvesse muito espaço. enfim, sei lá. penso nos bairros da zona oeste - que eu quase não  conheço, aliás, mas sei que ainda se mora muito em casa com quintal e que pelo menos ainda não foram completamente assaltados pela idéia única de modernidade.

quarta-feira, julho 01, 2015

 o problema é que esqueço de respirar. nossa mas isso nem é atual, antes eu não respirava realmente acho que tentava existir o mínimo possível embora não soubesse disso.

quinta-feira, maio 07, 2015


na verdade tinha que ter saltado um ponto ou dois na frente mas não me toquei e saltei no ponto de sempre carioca e por isso dei com esse edifício bonitão que também estava na lista e o milton teixeira estava dando um depoimento! e queria escutar mas o barulho dos carros passando não deixava de qualquer forma nossa como consegui escrever assim qaulqeur ele é lindo e é um dos últimos que sobraram da avenida central  e elegante e me lembro que fomos almoçar um dia lá mas o guia não disse nada que me satisfizesse enfim arquitetura eclética e segui a almirante barroso sem saber que estava nela porque sempre me confundo e dei de cara com o edificio 54 valparaiso e eu tinha anotado 84 e as janelas são basculantes e metal no primeiro piso da previdência social e acabei não colocando isso e deveria acho agora e depois o catanhede que é o que me apaixonei com a grande coluna arredondada com ladrilhos vermelhos e de um lado brises e do outro panos de vidro com molduras geométricas e parapeito! coisa rara de se ver hoje em dia e janelas  recuadas "colunas robustas de pedra|" e como cada lado é de um jeito e ele fica ao lado do clube ginástico que é simpático e tem aquelas portas gordas quase góticas e ao lado daquele estranho com colunas pesadas trespassando o edifício todo e no meio as varandas e vai até a méxico e já tinha reparado nele mas parece que está fechado três edifícios interessantes e com personalidade  e a graça aranha é uma delícia nesse quesito edifícios interessantes e espaços…e o consulado lembra o aliança da bahia porque tem um desenho limpo e o mesmo tipo de pedra bege  e volumes diferentes mas achei meio sem espaço pra perceber ele como disse f. arquitetura pra ver de cima e o outro prédio do instituto nacional de qualquer coisa social é  simples e bonito vão livre janelas e brancos e pilotis e o niemeyer todo com brises numa fachada a empena branca acho que ele gosta de uma empena branca não sei se gosto o lado oposto não tem brise são janelas janelas só achei estranho a entrada com o amarelo no teto da marquise e a cor meio cobre das janelas que não identifiquei de onde vinha aliás esse quarteirão tem os prédios mais feios do mundo senac ou sesc sistema firjan de um lado e do outro não sei ah e ainda fui ao ministério do trabalho muito feio e desengonçado o outro pelo menos é monumentalmente fascista e enquanto eu andava e olhava naquela avenida larga e deserta na esquina 3 guardas em dois jipinhos e eram típicos bonitões! nem é exatamente o meu estilo mas é bom de se olhar e estavam olhando pra mim acho que eu estava engraçada com chapéu e como estava `a dois passos da igreja de santa luzia resolvi entrar incrível como pelas fotos achei que ela era grande e impactante com seus brancos e dourados barrocos mas achei a igreja meio acanhada e alguém canta aqui do lado e acho que reconheço o lucas que tem um rosto tão bonito e temos gatos entre nós dois e suo agora sempre disse ursula mas será que o enjôo de outro dia e dores de cabeça mal estar e suores também será tudo uma coisa só ou são distintas coisas e tinham 2 pedintes na entrada da igreja negros o moço parecia sem pernas mas eu não podia fazer muita coisa e depois 2 caras famintos me pediram dinheiro na rua e dei 1 moeda de 1 real dizendo que eu também estava desempregada bem nem é tão verdade mas a sensação de não ter dinheiro a mesma ou nunca são as mesmas que irritação em casaaaaaaaaaaaaa mas andanças são gostosas mas muitas e me canso ainda andei até o mundial muitos e muitos quilômetros e compras somando cada coisa e pensando que quero e tenho e vejo um ou algo assim ah e ontem horrivel o gato etc ah o edificio do banerj muito feiooo cheguei em casa e dormi duas horas V≥÷÷÷÷÷÷÷÷/÷ nicolau pisa no teclado de novo
ia fazer um mate minha barriga explodiu provavelmente tem `a ver com as dores de cabeça e os enjôos chatérrimos relação com as pessoas engraçado que eu e . nos demos bem no começo mas depois algo desandou e agora está assim meio meio achei o fio mas esqueci e fiquei aqui escrevendo esse maravilhoso mundo inexistente da sua cabeça falando minha mas apesar de tudo aqui é tão bommmm e de repente estressa. ou eu estou assim sensível por causa de todos esses ups and downs lálá lá bonitinha m. apesar da confusão toda tentando me defender ao invés de ficar me cobrando da minha vida da eu não sei e nada e hoje tem castelinho do flamengo e eu deveria sair mas desaprendi aliás nunca soube mas ou um pouco sim s minhas não esperanças -caramba alguém vende ovos de codorna desesperadamente os caras no telhado falam de mulher relacionamentos ouço pedacinhos enquanto fotografo depois me sinto invadindo o mundo deles embora eu esteja na minha casa os tucanos grasnam e estavam aqui perto mas só vi um vulto se mexendo muito rápidamente como eles sabem que são lindos eles se protegem e os gatos também são lindos mas não conseguem entender carros e luzes e velocidades contrárias deixa pra lá. e isso fotografar me fez bem acho que estava sentindo falta de qualquer trabalho mais criativo porque ou estava nessa certa paranóia ou indo olhar edifícios no centro super cansativo mas delicioso  como eram muitos e enfim escrevi alguns verbetes que até gostei e outros menos porque não conseguia ver muito o que falar ou não conseguia achar o tom, isso, o tom sempre palavras musicais mas também essa linguagem de arquitetura `as vezes é meio feia platibanda fenestramento embasamento  e dura. tudo uma viagem. e o caderno lindo que ganhei vermelhoo e amanhã acupuntura e poderia mexer na horta `a tarde as idéias que o jean deu e sábado acabei marcando castração e me oferecendo para trabalhar ao mesmo tempo muitas coisas! porque o mêdo? nicolau grudado um fofo e fred também um pouco gordo que pena e nem come a ração pra gato castrado estou contando isso porquê agora me enrolei e dinheiro dinheiro dinheiro isso voando é boring outra palavra na verdade. naturalmente…quis escrever naturalmente. fragilidade com qualquer coisa.  respirar quem sabe com a calma e escrevo cada letra pausadamente andy goldsworth ou tem um y? diz jean lembro não lembro se gostei realmente é um pouco isso que ele falou mesmo pedras o tempo envolvimento da natureza não parece `as vezes que teve um trabalho sim.

sábado, janeiro 24, 2015

frica dentro do armário e eu achando que ela tinha sumido arrumando cada roupa pendurada virando todas do lado certo e analisando se tem manchas se tem direito `a ficar no armário e organizando  em grupos vestidos dados pela ursula vestidos ruben vestidos aoquadrado de brechó e achei ótimo enfim uma ordem vestidos da fit, os que sobraram de uma leva de vestidos que amei. uma viagem lisérgica amo meus vestidos pensei e as saias e cada pedaço de mim que elas eles são. as camisas do pantera!e nem reparei se a frica já estava lá acho que não estaria né e tirei muitas roupas pensando o que fazer em cada uma blábláblá preciso de um manequim e uma mini arara e hoje no atelier achei meio depressivo algo talvez tudo fechado ou a mesa no meio tirar as roupas que estão lá mortas lembranças de um passado qualquer. pedir a mala. tudo diferente agora. roupas que não sei onde colocar duas portas do armário que não abrem marcio é tão novaiorquino e delicado que `as vezes não sei se ele me entende.  doce mas meio clichê deslumbrado. outro mundo. fisicamente delicado talvez levemente infantil. nossa trocar a cadeira fez uma diferença enorme como não pensei nisso antes e como pensei agora a certeza e que de certa forma benedito reafirmou de que temos que ir lentamente delicadamente apesar de toda a pressão que existe de que as coisas tem que ser resolvidas prá já. esse teclado está tão gostoso até não entendo ou eu me acostumei...? minha barriga inchada como sempre. amanhã andar/correr/ yogurte banana. e agora ela parecia tão feliz enrolada com a cabeça pra cima. e essa mesa ficou interessante também. ir pra cama apesar disso ( preciso trazer a maca hehehe)

sexta-feira, setembro 26, 2014

não sei porquê um caderninho preto com minha vida durante a obra está na mesinha ao lado da cama folheio e é engraçado ver como era essa outra estória que eu estava vivendo...panelli. rs. foi bom pra não rejeitar e ver essa estória com mais carinho humor amor ontem tirei fotos horríveis fora de foco desajeitadas perdi fotos por não falar com as pessoas abordagem errada talvez não tenha que ser isso esse tipo de fotos na rua mesmo olho pras coisas e elas me dizem coisas elas dizem tem que me aarumar ou tem que...take the a train. blue moom sldkflkdjlskdjflskdjflkjdjd minha barriga enorme como sempre.

quinta-feira, junho 12, 2014

ia de bicicleta até o atelier, fiquei me vendo parecia tudo ótimo -  pra perder o hábito de não ir de bicicleta pra lugar nenhum mas quando cheguei na portaria não sabia qual era a bicicleta do Pedro. nem o seu arnoldo sabia. bem, é azul acho mas tinham 3 bicicletas azuis. desisti, vinha vindo um ônibus, fiz sinal mas aí não achei o dinheiro que tinha ficado no bolso da calça de ontem - por isso não usar calças - então saltei do ônibus logo depois e liguei pro jean que tinha me ligado antes querendo ir no atelier pra ele me dar uma carona. na lapa um caos, engarrafamentos na mem de sá, pessoas eufóricas, helicópteros sobrevoando, barulho. me arrependi um pouco de ter saido de casa, estava tão tranquilo aqui. fiquei um pouco, trabalhei, mas tem sempre um momento em que sinto falta do dia do céu do sol e saio o atelier fica um pouco sufocante. tirar as roupas projetos de costura de lá. limpar, circular mais ar, menos cores. depois achei que estava tudo caindo no meu velho esquema, sei lá. fui. essa semana só trabalhei na quarta e na quinta, pouquinho. subi `a pé até o curvelo, aqui um saladão maravilhoso arroz purê de inhame demi podrée , suflê de chuchu com frica comendo a maior parte. fumei e acho que isso tira a energia um pouco. diminuir. colocar verdes densos na parte de cima azul cerúleo tb. fiz uma massa de pão que está crescendo. um bolo.

terça-feira, maio 27, 2014

espalhar tesouras e óculos pela casa
não olhar pras unhas f. implicou com minha digitação porque não uso todas as teclas esse menino quer pirar a minha cabeça relaxar relaxar deixar  ou talvez deixar a fantasia sem críticas pink floyd toca aquele disco antigo que é ainda com o Syd Barrett e naquela época eu não escutava não mas tive minha fase de paixão por ele e acabei devolvendo o livro e depois apareceu aquele em português meio ruim. enfim difícil ficar sem julgamentos mas acho que ele queria continuar pequeno num mundo menor esquema menor mas agora não lembro o nome dele madalena voltou mistérios do planeta e fico tentando detectar alguma pista do nossa eu pulo de pink floyd pra sandra sá
dia sabático sol entra pelas janelas eu com casaco porque `as vezes o tempo fecha abre e fecha e parece que o atelier entrou em nova onda ontem senti diferente
tomara que `as pessoas apareçam lá `as vezes
e antes tava tocando aquela musica do disco da vaca? tenho que escutar de novo

domingo, maio 25, 2014

`as vezes acho que o facebook é um esvaziador de cabeças e que eu tenho que sair desse mundo que não existe de fato. mas existe também. depois da festa dá um vazio. sempre dá um vazio. deveria ter mandado a mensagem? tudo truncado. meus gatos somem. mas acho que tem explicação não. parar com essa mania. e as coisas bagunças o ontem ficou lá no atelier e penso se vou ou não pra lá. sem saber.

quarta-feira, maio 07, 2014

Sapatos

Os sapatos estavam todos lá, juntos, em círculo, como numa reunião clandestina, conspirando. A bota grande marrom e o sapato preto de bico quadrado conversavam com as sandálias havaianas, a preta esquerda meio virada de lado, `a vontade, os dois pés da azul, um de frente pro outro, decidindo, em tom conspiratório, sobre um novo lugar para descansarem.
Obviamente eles não queriam voltar para as gavetas, porque lá era muito escuro e úmido, mas também não estavam gostando de ficarem jogados pelo quarto, raramente voltando aos seus lugares, que era nas prateleiras e embaixo da escrivaninha. Os mocassins pretos que, embora fossem novos, já estavam com a boca aberta como um jacaré, achavam que qualquer lugar seria bom; eles eram contra essa manifestação por uma casa fixa. Eles se sentiam super bem em ficarem soltos, jogados pelo chão do quarto ou em qualquer canto da casa, assim de qualquer jeito, meio virados, ou até mesmo de cabeça para baixo. Na verdade, era tão relaxante ficar de cabeça para baixo!!!... mas essa não era a opinião geral.
Já os sapatos velhos, coitados, estavam todos trancados nas gavetas há tempos, sem ver a luz do dia. Como deviam estar!... muito mofo, muita tristeza. E nem tinham como participar da reunião, embora estivessem escutando tudo, por trás da porta veneziana do armário.

- Bem, acho que além de lutarmos por um lugar mais definitivo e... iam falando em coro o par de sandálias de camurça marrom quando foram interrompidos por uma das botinhas de couro, que era toda elétrica :
- e sem poeira!, já estou deixando de ser marrom e ficando cinza de tanta poeira, disse ela, nervosa,
- e sem poeira, repetiram em uníssono o par de sandálias de camurça, mas conhecidos como "Os Camurcinhas"; continuando, acho que devemos pensar também nos nossos amigos, esquecidos lá nas gavetas... temos que pensar numa solução para eles também.
Ouvem-se sons de saltos batendo no chão. Eram os sapatos de dentro do armário, aplaudindo.
- Para mim o problema maior é que nunca nos colocam de volta nos nossos lugares, porque espaço até que tem, e até que é bem bonitinha essa escrivaninha, com seus pés palitos...e é ventilado, nem acho que tenha tanta poeira assim. Acho muito difícil acharmos um lugar melhor!, diz, enfático, o sapato de salto quadrado marrom `a botinha, conhecida como "Curtinha" por ser uma bota de cano curto.
- Bem, deveríamos então desistir de brigarmos por um novo lugar e mudar nossa reivindicação? É, realmente acho que você tem razão, é muito chato ficar largado no meio do quarto, de qualquer jeito!
- E `as vezes nem temos essa sorte! Já me deixaram largada no banheiro por uns cinco dias!, reclamou Preta Di, nome menorzinho que ela usava pra não terem que falar seu nome inteiro, que era "Sandália Havaiana Preta Pé Direito'.
Eram dois pares de sandálias havaianas, um par de pretas e um par de azuis. Havia acontecido uma estória de amor platónico entre elas; a azul pé esquerdo e a preta di haviam se apaixonado quando, um dia, por descuido, seu dono as calçou trocando os pares sem perceber; a azul adorou a cor da preta, achou uma gracinha; e a preta ficou encantada com aquele tom de azul, tão diferente! Mas o chato é que ninguém poderia saber, porque além de provocar ciúmes nas outras duas sandálias, seria um escândalo na sociedade sapateira um namoro entre sandálias de cores diferentes! Então era um amor quase secreto, escondido.
Já os Camurcinhas estavam sempre juntos, rindo, lá-lá-lá. Pareciam estar, no íntimo, sempre cantando musicas secretas que só os dois sabiam, que só os dois ouviam; eram sempre muito contentes, acho que porque eram um misto de sandália e sapato, um pouco diferente dos outros, talvez, embora não chegassem a ser exóticos; eles eram até muito elegantes. E eram novos, muito novos; ainda não tinham vivido muito a vida de sapato.
Enquanto isso, deixemos os sapatos confabulando, e vamos conhecer os vestidos, suas histórias, embalados em outro tempo, sempre relembrando e sonhando, mas sem fazer muita coisa hoje em dia. Tem a história do vestido de bolinha, a história do vestido decote "diretório", do compridão de seda cor de telha, e muitas e muitas outras...
( arrumando as gavetas, achei esse começo de estória que já tinha esquecido da existência!).