terça-feira, novembro 08, 2011
segunda-feira, novembro 07, 2011
domingo, novembro 06, 2011
+ Eliot
Burnt Norton
(trecho inicial da parte V)
As palavras se movem, a música se move
Apenas no tempo; mas só o que vive
Pode morrer. As palavras, após a fala, alcançam
o silêncio. Apenas pelo modelo, pela forma,
As palavras ou a música podem alcançar
O repouso, como um vaso chinês que ainda se move
Perpetuamente em seu repouso.
Não o repouso do violino, enquanto a nota perdura,
Não apenas isto, mas a coexistência,
Ou seja, que o fim precede o princípio,
E que o fim e o princípio sempre estiveram lá
Antes do princípio e depois do fim.
E tudo é sempre agora. As palavras se distendem,
estalam e muita vez se quebram, sob a carga,
Sob a tensão, tropeçam, escorregam, perecem,
Apodrecem com a imprecisão, não querem manter-se
[ no lugar,
Não querem ficar quietas. Vozes estridentes,
Irritadas, zombeteiras, ou apenas tagarelas,
Sem cessar as acuam. A Palavra no deserto
É mais atacada pelas vozes da tentação,
A sombra soluçante da funérea dança,
O clamoroso lamento da quimera inconsolada.
Words move, music moves
Only in time; but that which is only living
Can only die. Words, after speech, reach
Into the silence. Only by the form, the pattern,
Can words or music reach
The stillness, as a Chinese jar still
Moves perpetually in its stillness.
Not the stillness of the violin, while the note lasts,
Not that only, but the co-existence,
Or say that the end precedes the beginning,
And the end and the beginning were always there
Before the beginning and after the end.
And all is always now. Words strain,
Crack and sometimes break, under the burden,
Under the tension, slip, slide, perish,
Decay with imprecision, will not stay in place,
Will not stay still. Shrieking voices
Scolding, mocking, or merely chattering,
Always assail them. The Word in the desert
Is most attacked by voices of temptation,
The crying shadow in the funeral dance,
The loud lament of the disconsolate chimera.
(trecho inicial da parte V)
As palavras se movem, a música se move
Apenas no tempo; mas só o que vive
Pode morrer. As palavras, após a fala, alcançam
o silêncio. Apenas pelo modelo, pela forma,
As palavras ou a música podem alcançar
O repouso, como um vaso chinês que ainda se move
Perpetuamente em seu repouso.
Não o repouso do violino, enquanto a nota perdura,
Não apenas isto, mas a coexistência,
Ou seja, que o fim precede o princípio,
E que o fim e o princípio sempre estiveram lá
Antes do princípio e depois do fim.
E tudo é sempre agora. As palavras se distendem,
estalam e muita vez se quebram, sob a carga,
Sob a tensão, tropeçam, escorregam, perecem,
Apodrecem com a imprecisão, não querem manter-se
[ no lugar,
Não querem ficar quietas. Vozes estridentes,
Irritadas, zombeteiras, ou apenas tagarelas,
Sem cessar as acuam. A Palavra no deserto
É mais atacada pelas vozes da tentação,
A sombra soluçante da funérea dança,
O clamoroso lamento da quimera inconsolada.
Words move, music moves
Only in time; but that which is only living
Can only die. Words, after speech, reach
Into the silence. Only by the form, the pattern,
Can words or music reach
The stillness, as a Chinese jar still
Moves perpetually in its stillness.
Not the stillness of the violin, while the note lasts,
Not that only, but the co-existence,
Or say that the end precedes the beginning,
And the end and the beginning were always there
Before the beginning and after the end.
And all is always now. Words strain,
Crack and sometimes break, under the burden,
Under the tension, slip, slide, perish,
Decay with imprecision, will not stay in place,
Will not stay still. Shrieking voices
Scolding, mocking, or merely chattering,
Always assail them. The Word in the desert
Is most attacked by voices of temptation,
The crying shadow in the funeral dance,
The loud lament of the disconsolate chimera.
resolvi que não quero mais ficar down, ou histérica talvez seja a melhor palavra; confusa. posso optar não ficar assim? perguntando e afirmando, apesar disso ser de um controle que não estou acostumada, treino, sera que consigo? tudo depende também da visão, do foco que se coloca, onde; depois de ir rapidamente no Z. e depois no Rosas fiquei cheia de idéias, foi como um sair do fundo, respirar, impulsionou; poesias nas roupas, o livrinho, os fios com borlas e otras cositas, o filme, clips ...acordei tarde demais, foi bom dormir sem nenhuma preocupação, amanhã colocar um apagador na frente.
sábado, novembro 05, 2011
sexta-feira, novembro 04, 2011
"Sigamos então, tu e eu,
Enquanto o poente no céu se estende
Como um paciente anestesiado sobre a mesa;
Sigamos por certas ruas quase ermas,
Através dos sussurrantes refugios
De noites indormidas em hotéis baratos,
Ao lado de botequins onde a serragem
Às conchas das ostras se entrelaça:
Ruas que se alongam como um tedioso argumento
Cujo insidioso intento
é atrair-te a uma angustiante questão...
Oh, não perguntes :"Qual?"
Sigamos a cumprir nossa visita
No saguão as mulheres vem e vão
A falar de Michelangelo
A fulva neblina que roça na vidraça suas espaduas,
A fumaça amarela que na vidraça seu focinho esfrega
E cuja lingua resvala nas esquinas do crepusculo,
Deixou cair sobre seu dorso a fuligem das chaminés,
Deslizou furtiva no terraço, um repentino salto alçou,
E ao perceber que era uma tenra noite de outubro,
Enrodilhou-se ao redor da casa e adormeceu.
E na verdade tempo havera
Para que ao longo das ruas flua a parda fumaça,
Roçando suas espaduas na vidraça;
Tempo havera, tempo havera
Para moldar um rosto com que enfrentar
Os rostos que encontrares;
Tempo para matar e criar,
E tempo para todos os trabalhos e os dias em que mãos
Sobre teu prato erguem, mas depois deixam cair uma questão;
Tempo para ti e para mim,
E tempo ainda para uma centena de indecisões,
E uma centena de visões e revisões,
Antes do cha com torradas.
No saguão as mulheres vem e vão
A falar de Michelangelo.
E na verdade tempo havera
Para dar rédeas à imaginação. "Ousarei" e..."Ousarei?"
Tempo para voltar e descer os degraus
Com uma calva entreaberta em meus cabelos
(Dirão eles: "Como andam ralos seus cabelos!")
-Meu fraque, meu colarinho a empinar-me com firmeza o queixo
Minha soberba e modesta gravata, mas que um singelo alfinete apruma
(Dirão eles "Mas como estão finos seus braços e pernas!")
-Ousarei
Perturbar o universo?
Em um minuto apenas ha tempo
Para decisões e revisões que um minuto revoga.
..."
(Começo d'A canção de amor de J. Alfred Prufrock, T.S.Eliot, trad. Ivan junqueira)
Enquanto o poente no céu se estende
Como um paciente anestesiado sobre a mesa;
Sigamos por certas ruas quase ermas,
Através dos sussurrantes refugios
De noites indormidas em hotéis baratos,
Ao lado de botequins onde a serragem
Às conchas das ostras se entrelaça:
Ruas que se alongam como um tedioso argumento
Cujo insidioso intento
é atrair-te a uma angustiante questão...
Oh, não perguntes :"Qual?"
Sigamos a cumprir nossa visita
No saguão as mulheres vem e vão
A falar de Michelangelo
A fulva neblina que roça na vidraça suas espaduas,
A fumaça amarela que na vidraça seu focinho esfrega
E cuja lingua resvala nas esquinas do crepusculo,
Deixou cair sobre seu dorso a fuligem das chaminés,
Deslizou furtiva no terraço, um repentino salto alçou,
E ao perceber que era uma tenra noite de outubro,
Enrodilhou-se ao redor da casa e adormeceu.
E na verdade tempo havera
Para que ao longo das ruas flua a parda fumaça,
Roçando suas espaduas na vidraça;
Tempo havera, tempo havera
Para moldar um rosto com que enfrentar
Os rostos que encontrares;
Tempo para matar e criar,
E tempo para todos os trabalhos e os dias em que mãos
Sobre teu prato erguem, mas depois deixam cair uma questão;
Tempo para ti e para mim,
E tempo ainda para uma centena de indecisões,
E uma centena de visões e revisões,
Antes do cha com torradas.
No saguão as mulheres vem e vão
A falar de Michelangelo.
E na verdade tempo havera
Para dar rédeas à imaginação. "Ousarei" e..."Ousarei?"
Tempo para voltar e descer os degraus
Com uma calva entreaberta em meus cabelos
(Dirão eles: "Como andam ralos seus cabelos!")
-Meu fraque, meu colarinho a empinar-me com firmeza o queixo
Minha soberba e modesta gravata, mas que um singelo alfinete apruma
(Dirão eles "Mas como estão finos seus braços e pernas!")
-Ousarei
Perturbar o universo?
Em um minuto apenas ha tempo
Para decisões e revisões que um minuto revoga.
..."
(Começo d'A canção de amor de J. Alfred Prufrock, T.S.Eliot, trad. Ivan junqueira)
"Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memoria e desejo, aviva
Agonicas raizes com a chuva da primavera,
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos porticos
E ao sol caminhamos pelas aléias do Hofgarten
Tomamos café, e por uma hora conversamos.
Bin gar keine Russin, stamm'aus Litauen, echt deustsch.
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
Meu primo, ele convidou-me a passear de treno.
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.
Nas montanhas, la, onde livre te sentes.
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno.
..."
(O enterro dos mortos, começo da primeira parte de The Waste Land, T. S. Eliot, 1922; trad. Ivan Junqueira)
Lilases da terra morta, mistura
Memoria e desejo, aviva
Agonicas raizes com a chuva da primavera,
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos porticos
E ao sol caminhamos pelas aléias do Hofgarten
Tomamos café, e por uma hora conversamos.
Bin gar keine Russin, stamm'aus Litauen, echt deustsch.
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
Meu primo, ele convidou-me a passear de treno.
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.
Nas montanhas, la, onde livre te sentes.
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno.
..."
(O enterro dos mortos, começo da primeira parte de The Waste Land, T. S. Eliot, 1922; trad. Ivan Junqueira)
quarta-feira, novembro 02, 2011
desanimada querendo participar de algo que deve estar acontecendo em outro lugar. sei que isso é ansiedade ldkfsldkfjsdl e que provavelmente não tem nada acontecendo em outro lugar qualquer. ou tem. aqui arrumar arrumar poeira. eu e Pedro nos esbarrando. um pouco cansada disso, queria uma mudança qualquer. os gatos, Miranda vem e vai embora com medo, à noite fica um pouco e idem, tenho que fazer contas que estão esperando ha tempos, organizar como se isso fosse o passaporte para algo. talvez seja.
nada.
nada.
"Não tenho um unico fato que pudesse dizer aos outros que tenho sido capaz de dar ordem à minha vida. Não vera em mim nada que sugira um rumo determinado. Estou ainda diante da porta da vida, bato uma e outra vez, sem fazer muito barulho, e escuto atentamente para ver se chega alguém que queira correr o ferrolho. Um ferrolho assim é uma coisa pesada, e não ha quem queira aproximar-se quando imagina que quem esta la fora e bate à porta é um mendigo. Não sou mais do que alguém que escuta e espera, nisso porém sou eximio, pois aprendi a sonhar enquanto espero. São duas coisas que andam de mãos dadas, e que fazem bem, e praticando-as mantemos a nossa honra. Se terei falhado a minha vocação, é coisa que ja não pergunto, isso pergunta-se um rapaz, não um homem. Não teria chegado mais longe com nenhum outro oficio. Isso que me interessa! Estou consciente das minhas virtudes e das minhas fraquezas e evito fanfarrear acerca de umas e de outras.Ofereço os meus conhecimentos, a minha força, as minhas idéias, o meu trabalho e o meu amor a quem quer que eles possam servir. Se alguém faz um sinal com o dedo e me chama, outros talvez começassem a coxear, mas eu aproximo-me de um salto, esta a ver, assim como o vento assobia, e piso e passo por cima de todas as recordações para poder correr mais livremente ainda. E o mundo inteiro voa comigo, a vida inteira! E é bonito que assim seja. So assim! Nada no mundo é meu, mas eu também não quero ter mais nada. Ja não sei o que é desejar. Quando era movido pelo que desejava, começava a ver as pessoas com indiferença, como um estorvo, e por vezes afastava-me delas com repulsa, mas agora amo-as porque preciso delas e porque posso me oferecer caso elas precisem de mim. é para isso que ca estou!..."
(Os Irmãos Tanner, Robert Walser, trad. Isabel Castro Silva, Relogio D'Agua)
(Os Irmãos Tanner, Robert Walser, trad. Isabel Castro Silva, Relogio D'Agua)
Assinar:
Postagens (Atom)