domingo, abril 17, 2011

na verdade rola uma esquizofrenia de ficar lendo pedacinhos aqui e ali, outro dia dei uma lida no capitulo do livro do Coetze sobre o Robert Walser e li quase até o final mas tive que parar pois estava na hora de ir embora e também metade de Historia de uma Porta, do Camilo Castello Branco, esse li porque estava sentada num banco, cansada de subir e descer escadas o dia inteiro e estava à mão, era muito engraçado o portugues antigo em que ele é escrito e me diverti muito até ser interrompida por um cliente, o mesmo se deu com pedaços de um livro sobre a historia da Biblia, rs, esse meu lado Bouvard e Pecuchet enciclopedista que quer saber das coisas, e frustrado também por não ter tempo para saber profundamente de nada. Ao mesmo tempo acho que sou assim mesmo, multipla e fragmentada, associam isso à contemporaneidade mas acho que isso é mais renascentista, a contemporaneidade tem mais à ver com especialização do conhecimento, nos "clubes" corporativistas, e os renascentistas eram multiplos e faziam varias coisas, estou ficando convencida. Essa esquizofrenia tem à ver também com o trabalho na livraria, onde não se tem um espaço pra chamar de seu, um tempo, uma mesa, um banco que seja, simplesmente os espaços e tempos são dedicados à (des)organização da livraria e aos fregueses, simples assim, então essa sensação de carencia da vida, saudades de mim, e me sinto às vezes como tendo a horrivel vida das galinhas nas granjas industriais, fabricando para os outros, como uma maquina, um relogio tic tac produzindo produzindo. Como disse o Julio, 80 por cento do dia e da energia é sugado pela livraria, flummm, sugado para dentro de um buraco negro. Enfim, ficou meio dramatico, e não era, hehehe. Lembrei da Virginia Woolf e de "Um Quarto que seja Seu - A Room of one's own.
e queria poder ler também livros de iogues e budistas, outra visão mais calma e relaxada da vida, enfim, estou lendo no tempinho que da.
peguei alguns livros para ler, o Contingencia, Ironia e Sociedade do Richard Rorty (depois que tive duas conversas com um cliente interessante e falamos dele, e também de um filme do Valério Zurlini - de quem eu nunca tinha ouvido falar, e de Henry James, e eu não conseguia lembrar o nome do livro que tinha lido e que foi Retrato de uma Senhora e que eu achava que havia sempre desejos frustrados dos personagens porque as ações sempre os levavam para outros lugares, e eles, os desejos, nunca se cumpriam, e que isso me dava um certo nervoso); depois trouxe o Jacob von Gunter que tem uma certa ironia, com saborosas descrições dos seus amigos do Instituto Benjamenta e estou gostando muito, embora praticamente so leia no onibus; e Os Ultimos Dias, do Tolstoi, com seus ultimos textos, cartas e etc e que não folheei ainda. queria também o ultimo do Todorov, A Beleza Salvara o Mundo, e ler algum dia o Tony Judt, nem sei bem porque, simplesmente simpatizei com ele e deu vontade de ler quando dei uma olhadinha no Reflexõess sobre um Século Esquecido, e como não tenho tempo, leio pedaços, fragmentos, e todos os dias são fragmentos pedacinhos de idéias e de livros e então estava sonhando com esse fim de semana, dois dias inteiros so para mim e acordei lentamente, fiquei na rede um pouco antes de comer, depois levei jornal, café e creme crackers com queijo e livros para a rede, Panda pulou em cima do meu colo, por mim o dia poderia ter continuado assim, enfim tive que sair, amanhã nova tentativa, e também Cartas a D., do André Gorz.
"Eu diria que a literatura é, igualmente, uma forma de alegria. Se lemos algo com dificuldade, o autor fracassou. Por isso, acho que um escritor como Joyce fracassou, em sua essência, já que sua obra requer esforço para ser lida". Borges.

quinta-feira, abril 07, 2011

Ontem sonhei com animais gigantes, tinham uma cabeça meio bovina, corpos alongados de cavalos, flutuavam no mar e tinham olhos profundos, o mar era enorme e tinha o "depois do mar", mas depois haviam vidros quebrados nesse mar e alguém começou a fazer ginastica e eu puxei meu colchãozinho também, talvez por causa do Comer Carne, do Jonathan Safran Foer, como é horrivel a industria de carne, as granjas industriais, de porcos, de perus. Os animais são tratados como objetos despreziveis, tão anti humano e anti ético, parece um filme de terror, ja quase não comia frango, agora volto à ser vegetariana radical, ou talvez porque dormia com a Miranda e adoro quando ela vem pra casa, pro quarto, e de manhã quase sempre vem o Recoreco e suas lambidas carinhosas.

quarta-feira, abril 06, 2011


Estava indo ver o Cortazar/ Weekend à Francesa na Caixa, estava lotado, e essas nuvens negras e lindas nesse corredor de edificios...

!!!


Ed Ruscha, "One Night Stand," 1993.
Acrylic on canvas, 48 x 48 inches.

Arvores envoltas em teias de aranha, que depois das enchentes no Paquistão ali se instalaram.Lindo! E os mosquitos sumiram...

terça-feira, abril 05, 2011

Escutando Rickie Lee Jones, Pirates, quase um "em busca do tempo perdido" pois escutava quando mamãe morreu, eu tinha 21 anos e andava na rua de walkman no ouvido, fita cassete!, e era reconfortante e caloroso. Agora é tudo diferente disso e continuo gostando, como se esse pedaço enorme de tempo, esse lapso de tempo entre as épocas e entre os atos de escutar esse mesmo disco não houvesse existido.
Li uma critica tão bem escrita no jornal de sabado sobre o Livro do Michel Laub, Diario da Queda, e eu so consigo escrever que gostei.

sexta-feira, abril 01, 2011



Apareceram dois casulos, um num lugar maluco como esse quadro que esta na cozinha, outro na parede da varanda, que ja se transformou nesse bichinho...


O dia amanheceu assim ontem, e de madrugada...
O Jardim dos Finzi-Contini. Poético e triste. Na caixa do dvd dizia que eles abriram seus portões para abrigar os outros judeus, como se eles salvassem ou tentassem salvar os judeus, mas não é bem isso, eles eram judeus aristocratas que viviam dentro de seu jardim e de sua mansão, sem muito contato com o mundo la fora, tem uma estoria de amor, e tem a tragédia do fascismo na Italia. Quero ver os extras mas o controle sumiu. Tinha um lagarto morto embaixo da cama. A janela não fecha, as portas não fecham, chove. Isso parece um haikai involuntario. Parece que nada tem muita importancia, ou é a mesma para todos. Ola. Desculpe, acho que sou meio seca. Mas na verdade nem queria estar aqui, faço um esforço sobre-humano. Agora não tem mais hifen, esqueci. Tarefas, tarefas. Amanhã poderia ver...Outro dia descobri que não tenho problemas. Ou isso foi muita pretensão, talvez? Sério. Estava na casa do vizinho que é terapeuta holistico, e ele tentava descobrir de onde vinham minhas insatisfações, e tive esse insight. O unico problema é a sensação de impotencia provocada pela falta de dinheiro; e todas as sensações parentes disso. Falta de energia. Desanimo. Simples, ficou tudo mais. Fui para casa, não tinha muito sentido fcar la. Esperando uma magica, então vim para ca e foi bom. Nem lembro o que fiz. Não importa. Depois acordei às 5 e meia...e outro dia às 4 e fiquei dobrando e guardando roupas. E outra madrugada fui regar as plantas e fiquei na rede olhando a noite.

sábado, março 26, 2011

Minha boite-valise no Cedim - Projeto Cor de Rosa Choque



Porque não inventam roupas inteligentes, que voltam para os seus cabides no armario depois de usadas, ou vão direto para a maquina de lavar, esta tudo tão atrasado em termos tecnológicos! Como odeio guarda-las, elas ficam então amontoadas na cadeira, uma bagunça... Preguiça de ir ao Cedim...preguiça de tudo. Ir, voltar...Terminei de ler Diario da Queda, do Michel Laub, o começo é muito bom, li prazerosamente nos ônibus de ida e vinda, depois sempre acho que ja poderia ter acabado ou que passou do ponto, mas li até o fim, gostei, é quase como um diario, tipo de escrita que gosto, intima, confessional; o doutor Pasavento esta parado, assim como o livro sobre John Coltrane; amanhã pretendo retomar, espero, pretendo. Para ler é preciso não so um tempo "fisico"- que não existe, eu sei, um tempo cronologico, do relogio, como um tempo interno. Não da para ler automaticamente, “ah, sobrou um tempinho, vou tapar esse buraco lendo”... Ontem muita dor de cabeça, minha pressão baixou, so queria ficar sentada, enjoo. Além da falta de interesse total em estar ali. Acabei descendo as escadas lentamente até o banheiro, vomitei na pia e vim embora para casa, num taxi gelado que ia lentamente acho que por inexperiencia de andar nos trilhos, eu fechava os olhos e abria de vez em quando querendo já estar em casa, cheguei em casa e dormi até às seis da tarde...depois, vi pedaços de filmes e dois inteiros, Beijando Jéssica Stein, sobre uma moça que rejeita todos os pretendentes e acaba tentando uma relação lésbica, legalzinho, e 500 Dias com Summer - com o ator lindinho de um seriado de extra-terrestes que era barbaro, deitada no outro canto da cama pela primeira vez. P. falou desse filme 1 ou 2 vezes; da moça que não queria ser a namorada de ninguém, que segundo ele era eu. Vou tentar sair agora, ja são seis e vinte da tarde e tenho também que comprar pão. Dib esta realmente com Alzheimer e essa noticia me entristece, o pai do personagem do Diario da Queda também.

segunda-feira, março 21, 2011


Ontem fui na Camerino levar minha malinha para a coletiva no Cedim, fui até a Central, levando a maquina ingenuamente, achando que ia ser interessante. Logo depois da Central, "mulheres de vida facil" muito, mas muito decadentes; na Senador Pompeu montanhas e montanhas de lixo pela rua, casario muito mal tratado, abandono total, pessoas abandonadas, bares tocando musicas altissimo. Não consegui me entusiasmar. Falam tanto em revitalização daquela area, mas parece que isso so tem significado quando traduzido em novos prédios, novos qualquer coisa, o que provavelmente também significa dinheiro circulando. Coisas simples como latões de lixo, garis com vassouras, educação, ajuda na pintura e manutençao das casas...isso acho que não interessa. E existe também uma questão cultural, da idéia do que é publico, do que é privado. As pessoas acham que publico é onde se pode fazer de tudo - ouvir musica alta, jogar lixo, etc.
Hoje escutei Courage, do Milton, uma delicia. Fui reclamar com a Claro da Internet que funciona mal, tive que tirar o modem para ver o numero de série, ela voltou a funcionar. Que bom. Meu mau-humor vai e volta.

sábado, março 19, 2011


meu jardim selvagem, que não consigo fotografar direito; agora com algumas mudinhas que comprei, algumas florindo, e plantas que nasceram sozinhas e...ouvindo Julie London e adorando, chiquérrima, delicioso. sinto uma urgencia de resolver muitas muitas coisas.

Tento gravar Band on the run que esta aqui dentro mas não consigo, começou agora Philip Glass, estou gostando até porque foi inesperado, deve ser do filme do livro sobre a Virginia Woolf, estou esquecendo todos os nomes...Ah, dei de cara com o livro, As Horas. Pausa para escutar e não pensar, so a musica. Pedro tinha entre as coisas dele um cartão postal que papai mandou de Cabourg para mim e Fernando, coloquei nesse porta-retrato meio um pouquinho enferrujado que Bob me deu anos atras, tenho que cuidar dele também. Ontem uma crise de mau-humor e tudo o mais... estava completamente asfixiada ali, quase transbordando, a televisão enorme agravou ainda mais, agora com a saida de... quem sabe eu consiga me sentir melhor. Minhas poucas investigações de ontem, poucas: Harry Connick Jr, um disco de piano que vou procurar o nome porque esqueci e que acabou sendo comprado por um cliente que vai sempre la; John Coltrane at The Village Vanguard que é muito free-jazz, tenho que escutar em outra situação, talvez; no dvd, vi pedaços de Manhattan, Cantando na Chuva; outro dia abri um Bill Evans, Portrait... e gostei. Hoje tive a coragem de tirar as coisas de dentro do atelier e agora tenho que ver o que fazer com elas o que é uma dificuldade. e terminar a caixinha, ou melhor, fazer o que esta so esboçado.